O sistema de esgotamento sanitário mantido pela Sanepar no Paraná é o melhor do Brasil e tem importantes reflexos ambientais. Em maio de 2011, o Índice de Atendimento com Rede Coletora de Esgoto nas cidades onde a Sanepar atua era de 63%. Neste ano, o índice está em 77% da população. E 100% do esgoto coletado é tratado.
Os índices estão bem acima da média nacional de coleta de esgoto, que é de 54% (dados de 2019), e o de tratamento, de 62%, segundo dados do Sistema Nacional de Informçaões de Saneamento – SNIS.
Em 2020, as 255 estações de tratamento de esgoto da Companhia removeram 99.708 toneladas de carga poluidora que poderiam comprometer a qualidade da água dos rios. Esse volume, medido em Demanda Biológica de Oxigênio (DBO), foi 6,7% superior ao de 2019. E vem crescendo ano a ano.
Sem a coleta e sem o tratamento, o esgoto in natura poderia atingir rios, córregos, mares e até mesmo correr a céu aberto, causando danos ambientais e riscos à saúde da população.
O professor Miguel Mansur Aisse, do programa de Pós-Gradução em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que o parâmetro de DBO representa a capacidade do esgoto de “roubar” oxigênio dos rios.
“O tratamento de esgoto tem um grande impacto sobre a saúde e o meio ambiente. Ao remover toneladas de DBO no processo de tratamento, a Sanepar evita que esse esgoto roube o oxigênio dos rios. A vida dos peixes, que dependem do oxigênio, revela a saúde do corpo de água”, afirma.
O esgoto, segundo ele, além de ser um “ladrão” do oxigênio, também transporta substâncias orgânicas e inorgânicas que são retiradas no processo de tratamento. “Os rios recebem esgoto e fornecem água para abastecimento. Portanto, a distância entre o ponto de lançamento de esgoto e o de captação de água também é importante”, afirma o professor.
SUSTENTABILIDADE – No processo de tratamento, além de assegurar que o efluente tratado vá para os rios conforme os parâmetros legais, a Sanepar tem adotado medidas sustentáveis para os resíduos sólidos.
Parte do lodo das estações é destinada para a agricultura, alternativa considerada exemplo de prática ambientalmente correta pelo Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Desde 2007, a Sanepar já destinou para a agricultura cerca de 320 mil toneladas de lodo.
Parte do lodo de esgoto também é aproveitada na geração de energia elétrica. O modelo pioneiro foi implantado na Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu. Foi a primeira usina brasileira de geração distribuída de energia elétrica movida a biogás do tratamento de esgoto a ser cadastrada junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Na ETE Belém, na Região Metropolitana de Curitiba, o lodo é transformado em energia elétrica pela empresa CS Bionergia, que também usa materiais orgânicos de outros geradores. Em 2020 foram gerados R$ 2,5 milhões em créditos de energia pela CS Bioenergia que tem capacidade de produzir 2,8 MW, energia suficiente para atender aproximadamente 2.100 casas ou 8.400 pessoas.