A proximidade das Olimpíadas de Tóquio pode motivar a prática de algum exercício físico. No entanto, sempre é preciso ter acompanhamento profissional, mesmo para a corrida de rua, que aparentemente só dependeria de um par de tênis. Pesquisa recente da Universidade Estadual de Maringá (UEM) mostra como os educadores físicos são fundamentais para a prescrição de um treino adequado e individualizado, que possa melhorar os resultados com aumento da velocidade e diminuição do tempo no trajeto.
A professora da UEM e educadora física Fabiana Andrade Machado explica que o estudo aplicou testes chamados de incrementais em 25 homens, desde 2018, na pista de atletismo do campus sede da UEM, em Maringá-PR. Todos são corredores amadores, embora com históricos de bons desempenhos em competições regionais. Eles passaram por consultas prévias com médicos cardiologistas para confirmar que estavam aptos a realizar os esforços físicos solicitados pela pesquisa.
- Unioeste participa de projeto internacional sobre promoção dos ODS
- Universidades estaduais aparecem entre as melhores da América Latina
Foram determinadas as variáveis de velocidades pico e crítica e foi realizada uma prova de corrida de 5 km para verificar a correlação entre as variáveis e este desempenho. “Ou seja, para verificar o quanto estas variáveis podem estimar quem terá os melhores resultados na corrida de 5 km a partir das suas velocidades pico e crítica”, explica a pesquisadora. Assim, quanto mais veloz nessas duas primeiras variáveis, melhor o desempenho do corredor.
A velocidade pico, acrescenta, é a máxima velocidade atingida em um teste de corrida com aumento constante de velocidade, enquanto que a velocidade crítica é uma intensidade estimada matematicamente que representa a possibilidade do corredor se manter em exercício sem apresentar esgotamento físico.
De acordo com Fabiana, a velocidade crítica caracteriza uma intensidade de esforço capaz de ser mantida por um longo tempo sem o corredor entrar em exaustação, caracterizando o predomínio do metabolismo aeróbio”.
“A velocidade pico e a velocidade crítica podem ser utilizadas para predizer o desempenho em corrida de 5 km, demonstrando elevada capacidade de explicação para esta prova. Corredores recreacionais com valores mais elevados de velocidade pico e velocidade crítica também terão sucesso nas provas de 5 km. Caberá ao treinador escolher qual variável será utilizada para avaliar, prescrever e monitorar o treinamento individualizado”, expõe Machado.
- Pesquisadores atuam na transferência de tecnologia para suinocultura
- Professores da UEPG se destacam em produção científica de odontologia
Os corredores participantes do estudo da UEM realizaram três avaliações, seguindo protocolos definidos pelos pesquisadores. Determinação da velocidade pico: cada um iniciou a corrida em velocidade de 8 km/h, aumentou 1 km/h a cada três minutos e parou voluntariamente ao atingir a exaustação máxima; determinação da velocidade crítica: o participante correu três distâncias pré-definidas (2,6 km, depois 1,8 km e, por fim, 1 km), com descanso de 30 minutos entre a execução de cada distância; e performance: uma prova de corrida de 5 km, à qual já estava habituado, e sua frequência cardíaca foi monitorada.
ARTIGO CIENTÍFICO – Os resultados completos estão disponíveis em artigo científico internacional publicado em inglês, agora em julho, no periódico Frontiers in Physiology (Fronteiras em Fisiologia, em tradução livre). O título em português é “Velocidade pico ou crítica determinadas em campo: qual melhor prediz a performance de corrida de 5 km em corredores recreacionais?”.
Esta pesquisa integra um projeto desenvolvido desde 2009, coordenado por Fabiana Machado, que determina protocolos de avaliação, prescrição e monitoramento de treinamento aeróbio para diversas populações. A professora é líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Fisiologia do Exercício Aplicada a Humanos (Gefeah), certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
PESQUISADORES – Além de Fabiana, que é docente do Departamento de Educação Física (DEF) e dos programas de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas (PFS) e Associado em Educação Física (PEF) UEM/UEL, são autores do artigo científico Diogo Hilgemberg Figueiredo e Francisco de Assis Manoel, doutores egressos do PEF, e Diego Hilgemberg Figueiredo, doutorando do PEF.