A Universidade Estadual de Londrina (UEL), por meio da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec), oficializou neste mês um termo de transferência de tecnologia, da academia para a iniciativa privada, visando a exploração econômica de duas inovações: o processo de produção de levana e a formulação de um biocosmético que possui a levana como princípio ativo.
As tecnologias foram desenvolvidas por pesquisadores do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia – Centro de Ciências Exatas (CCE), e do Departamento de Ciências Farmacêuticas – Centro de Ciências da Saúde (CCS), a partir de ativos biotecnológicos da levana microbiana, que tem propriedades antioxidantes, podendo ser utilizado em qualquer tipo de pele.
A UEL realizou o depósito dos pedidos de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Eles foram repassados à Biotec Ativos, startup instalada na Incubadora Tecnológica da Aintec.
A partir dessa transferência de tecnologia, a empresa criou uma linha de cosméticos, a Biolevan. Os produtos já estão sendo comercializados.
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CAMINHO LEGAL – Segundo o diretor da Aintec, professor Edson Miura, o licenciamento representa o caminho legal para a Universidade proteger o conhecimento e repassá-lo com segurança à empresa, que será a responsável pela comercialização.
O primeiro termo de transferência de tecnologia da UEL foi oficializado em junho de 2017, para a industrialização e comercialização de um kit de detecção de formol no leite, capaz de verificar com facilidade uma das práticas comuns de adulteração do produto, que traz sérios riscos à saúde pública.
Este segundo termo foi solicitado à Aintec em setembro do ano passado pelas autoras da pesquisa, as professoras Audrey Lonni (Ciências Farmacêuticas) e Maria Antonia Celligoi (Bioquímica e Biotecnologia). Ele explica que o licenciamento ocorre posteriormente ao registro da patente e significa que a universidade detém legalmente a tecnologia.
“O pesquisador cede o direito e a pesquisa para a universidade, que a licencia para uma startup, por exemplo. Depois disso essa startup pode comercializar essa tecnologia para uma outra empresa do mercado”, informa.
Ele alerta que os processos de licenciamento exigem o cumprimento de trâmites administrativos e legais. Um processo trabalhoso, mas que regulariza e protege o capital intelectual. Ele consiste em mensurar o valor da tecnologia, realizando um levantamento de custos para dimensionar o quantitativo que poderá ser solicitado em forma de royalties.
PRODUTO INOVADOR – As professoras Aldrey e Maria Antonia juntaram as expertises para chegar à tecnologia da levana microbiana como base para desenvolver uma linha dermocosmética. A tecnologia foi repassada à Biotec Ativos, startup instalada na Incubadora Tecnológica da Aintec da UEL e que tem à frente duas estudantes de pós-graduação: Gabrielly Terassi Bersaneti (pós-doutoranda em Biotecnologia) e Briani Bigotto (mestranda em Ciências Farmacêuticas).
O primeiro produto da linha é um hidratante e primer facial, chamado Biolevan Sérum. No início desse ano foram lançados a Biolevan Água Micelar e a Biolevan Loção Tônica. Todos os produtos são feitos a partir tecnologia da levana microbiana.
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De acordo com a definição das próprias criadoras, o Biolevan promove um efeito preenchedor na pele, ao mesmo tempo em que hidrata e controla a oleosidade. O grande apelo junto ao público feminino é a possibilidade de uma face com aspecto saudável, podendo fixar a maquiagem por tempo prolongado.
A professora Maria Antonia trabalha há cerca de 30 anos com o princípio ativo levana, que ela define como um exopolissacarídeo que apresenta inúmeras aplicações na área da de biotecnologia, e consequentemente alto potencial de utilização na indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia.
“É muito importante para o pesquisador percorrer este caminho e avançar para formalizar um produto. Uma experiência excelente”, define.
Para a professora Audrey, chegar ao licenciamento corresponde à conclusão de projeto desafiador, que exige conciliar longas jornadas de ensino, orientação de alunos, pesquisa e publicações acadêmicas, mantendo o foco no desenvolvimento de um produto.
“O sonho de qualquer pesquisador é ver o seu trabalho ser usado, chegar à sociedade. Na prática, estamos vendo os benefícios reais. Nessa pandemia, estamos oferecendo uma linha de produtos com custo benefício acessível para melhorar a autoestima das mulheres. É muito gratificante”, diz a professora.