Produtores paranaenses assistidos pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater (IDR-Paraná) estão conseguindo reduzir o uso de inseticidas e fungicidas nas lavouras de soja com a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e Manejo Integrado de Doenças (MID). Estas duas práticas eliminam as aplicações preventivas de agrotóxicos e estabelecem parâmetros para que os produtos sejam usados apenas quando houver risco para as lavouras. Há dois anos esse trabalho ganhou um reforço tecnológico, um software que faz a gestão de informações e ajuda técnicos e produtores na tomada de decisão.
O projeto de MIP, desenvolvido pela Embrapa Soja e o IDR-Paraná, vem demonstrando que é possível reduzir em até 50% as aplicações de inseticidas nas lavouras. Já quem adota o MID consegue diminuir em 35% o uso de fungicidas, mantendo-se a produtividade das lavouras.
Para fazer esse manejo, os técnicos e produtores acompanham a ocorrência de pragas e doenças nas áreas de plantio, semanalmente. Até pouco tempo atrás os informações sobre a situação das lavouras eram anotados em cadernetas ou, quando muito, no computador do técnico. Mas em 2017 os extensionistas do IDR-Paraná entraram em contato com professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para que desenvolvessem um software que reunisse esses dados. A ferramenta começou a ser usada em 2019 e nesta safra chegou a 230 agricultores, assistidos por 130 extensionistas do IDR-Paraná.
O aplicativo agora começa a ser levado para outras culturas. Germano Kusdra, coordenador estadual do Programa Centro-Sul de Feijão e Milho do IDR-Paraná, disse que como já existe um protocolo para o MIP do feijão estuda-se o uso do aplicativo no manejo da cultura. "Já estamos em conversações com a UTFPR e fazendo as adaptações necessárias para que na próxima safra tenhamos um protótipo da ferramenta para que possamos usar no MIP do feijão”, afirmou.
Segundo ele, o software vai facilitar a coleta de dados e permitir a consolidação dessas informações para análise. Hoje em dia tudo é feito manualmente ou em planilhas eletrônicas. Ele vai ajudar o extensionista a identificar rapidamente a ocorrência de pragas nas áreas de feijão e o seu manejo. “Também vai dar informações para que possamos comparar o que está sendo feito nas áreas monitoradas e naquelas que não têm esse trabalho de monitoramento", disse Kusdra.
O professor Gabriel Costa Silva, que desenvolveu o projeto, acredita que com as adaptações que estão sendo feitas em breve o aplicativo poderá ser usado em qualquer cultura que adote o Manejo Integrado de Pragas ou de Doenças.
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SOFTWARE – Silva ressalta que a ferramenta amplia a eficiência e eficácia do processo de coleta e análise de dados. "A eficiência é gerada pela tabulação automática das informações que permite aos técnicos uma visualização consolidada dos dados nas propriedades. A eficácia é obtida por meio de inúmeras validações e análises automáticas que o software faz na inserção de dados. Isso evita que informações incorretas sejam lançadas", explicou.
Ele acrescentou que sem o software a consolidação dos dados chegava a levar seis meses: "Hoje ela acontece em tempo real".
Para Edivan José Possamai, coordenador estadual do Projeto Grãos do IDR-Paraná, o software amplia a visão dos extensionistas. "O aplicativo permite análise dos dados em formato de rede, analisando o comportamento de pragas e doenças em determinado município, região ou mesmo no Estado. Tudo em tempo real, possibilitando a tomada de decisão mais acertada", afirmou.
Segundo ele, o software é um ensaio para uma extensão rural mais moderna. "Estamos nos preparando para o mundo digital. O uso dessas tecnologias vai ser uma opção para um serviço de extensão rural mais digital num futuro próximo", afirmou.
A intenção é que o software seja aperfeiçoado nos próximos anos, atendendo às necessidades de produtores e técnicos. O professor Gabriel Costa Silva acredita que o aplicativo deva ganhar mais "inteligência", indicando aos técnicos o que fazer, dependendo do nível de pragas encontrado. Ele acrescentou também que por enquanto os técnicos precisam de um computador com conexão com a internet para usar o aplicativo, mas já está em estudo uma versão que vai funcionar via celular.
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PARCERIAS – O resultado positivo da ferramenta levou o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), parceiro do projeto, a adotá-la nos cursos de MIP-Soja. De acordo com Flaviane de Medeiros, responsável pelo curso MIP-Soja no Senar, o aplicativo facilita a gestão dos dados. "Antes, cada instrutor fazia sua planilha e demandava tempo para finalizar os dados e tirar as informações que precisávamos. O aplicativo facilitou a vida do instrutor porque ele consegue ver a evolução do ataque de pragas, ou a presença de seus inimigos naturais, em tempo real na propriedade ou na região", afirmou.