Professores da Universidade Estadual de Londrina estão finalizando um estudo piloto que abarca uma nova tecnologia social: uma central de coleta multisseletiva em condomínios residenciais para separação e acondicionamento diferenciado dos resíduos, em conjunto com um programa de educação e sensibilização ambiental.
Trata-se do projeto “Separar é do Bem”, desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Resíduos da UEL (NINTER), que consiste em um método de separação e acondicionamento diferenciado dos resíduos gerados nos grandes condomínios residenciais de Londrina. O objetivo é reorganizar o espaço físico com o propósito de educar e responsabilizar os indivíduos para o manejo e a separação adequada pós-consumo nas residências.
O local escolhido foi um edifício residencial de alto-padrão com 26 pavimentos e 104 apartamentos, localizado na Gleba Palhano. Segundo a coordenadora do NINTER, professora Lilian Aligleri, foram os próprios moradores que procuraram o núcleo para pedir assistência.
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Pela proposta, o próprio morador acondiciona os rejeitos, orgânicos e recicláveis separadamente, numa triagem diferenciada. Em princípio, os resíduos poderiam ser separados em 12 frações: orgânico; rejeito; papel, plástico, papelão, metais e isopor; vidro; material têxtil; óleo de cozinha; pilha e bateria; lâmpada; eletroeletrônico; medicamento vencido e sobras; perfurocortante; esponja de limpeza.
Outra iniciativa foi colocar lixeiras nas áreas comuns para incentivar a coleta segregada. Cabe lembrar que nem todos estes materiais possuem coleta embasada legalmente. É o caso do material têxtil, óleo de cozinha e esponja de limpeza. O projeto inovou ao aproveitar parcerias já existentes ou criar outras com entidades para cuidar de tais resíduos.
A implementação foi feita em três fases. Na primeira, o projeto fez uma pesagem diária dos resíduos por 15 dias, aplicou um questionário nos moradores e fez estudo arquitetônico. Na segunda, comprou equipamentos e materiais, fez as modificações e instalações necessárias, imprimiu e distribuiu informativos e enviou banners e vídeos para as redes sociais dos moradores. Na terceira fase, entre 45 e 60 dias, nova pesagem e novo questionário.
Alguns dados tiveram pouca alteração: a massa semanal de resíduos supera 1 tonelada, sendo dois terços encaminhados como orgânicos/rejeitos, e segunda-feira permaneceu como o dia da semana em que se recolhe mais massa de resíduos.
CULTURA – Mais do que realizar a coleta seletiva, o projeto pretende estimular a cultura de cuidados com o descarte de resíduos e um senso de coletividade motivador das ações, a partir da conscientização e sensibilização dos moradores. Tudo passa ainda pela orientação de síndicos e zeladores e pelo estabelecimento de um layout que facilita não só a coleta, mas a própria educação ambiental.
Para isso, foi montado um Plano de Comunicação. Os informativos foram pensados para levar informações importantes de educação ambiental tanto para os moradores quanto para os síndicos e zeladores, com linguagem adequada e garantia de que chegassem ao referido público. A estratégia de colocar os informativos – atualizados a cada 10 dias – nos elevadores, por exemplo, assegurou sua leitura.
A Central de Resíduos foi trabalhada como espaço agradável, com uma parte visual simbólica que lembra muito mais uma loja de shopping.
O projeto começa neste mês de junho a fase de avaliação. Por exemplo, verificar o quanto os moradores se sensibilizaram em relação à importância da coleta multisseletiva e assimilaram os conceitos de educação ambiental.
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IDEIA – A ideia de implementar um programa de coleta multisseletiva em condomínios residenciais vem, em grande parte, porque Londrina optou pela verticalização, sobretudo na última década e meia, quando parte da zona sul se transformou de uma área de chácaras para uma de edifícios residenciais de médio e alto padrão. De acordo com a Prefeitura, em 2019 o município possuía 2.246 edifícios residenciais e 338 condomínios horizontais.