O Programa de Monitoramento de Manguezais da Portos do Paraná recolheu nesta sexta-feira (30) 115 quilos de lixo do manguezal, na Ilha do Teixeira, em Paranaguá. Além do benefício da limpeza desse importante ecossistema, a atividade integra as pessoas das comunidades de forma a despertar a consciência e o engajamento quanto à preservação.
São resíduos domésticos ou outros que, levados pela maré, acabam presos nas raízes dos mangues, como explica a bióloga e analista portuária Jaqueline Dittrich. “É de extrema importância fazer essa limpeza e aproveitar a ocasião para interagir com as pessoas que vivem nas comunidades e estão em contato direto com as áreas de manguezal”, disse a responsável pelas ações socioambientais da Diretoria de Meio Ambiente (DMA) da empresa pública.
O Programa de Monitoramento de Manguezais, segundo a também bióloga e analista portuária Juliana Lopes Vendrami, é desenvolvido em três frentes: fitossociologia (que analisa a densidade e dominância), geomorfologia (estudo da erosão e assoreamento) e a conscientização sobre a importância dos manguezais, na qual se insere a ação de limpeza.
“Os manguezais são ecossistemas costeiros, ou seja, ficam entre a terra e o mar. São importantes porque abrigam uma grande diversidade de organismos, como os répteis, aves, mamíferos, insetos e líquens (associação de fungos e algas). Além disso, funcionam como berçário, tanto para espécies locais quanto para migratórias”, afirma Juliana, que é uma das responsáveis pelo programa.
Além de abrigar peixes e caranguejos, os manguezais também ajudam a evitar a erosão dos sedimentos, mantendo a linha de costa. “Daí também a importância do monitoramento que fazemos e da conscientização para a conservação”, diz a bióloga.
Em Paranaguá, são monitorados os manguezais do Rocio, Oceania e Amparo. Em Antonina, Praia dos Polacos, Mangue de Areia e Barão do Teffé. Nesse ecossistema, são três espécies arbóreas típicas encontradas: o mangue-preto (Avicennia schaueruana), o mangue-branco (Laguncularia racemosa) e o mangue-vermelho (Rhizophora mangle).
O monitoramento da fitossociologia dos manguezais teve início em 2016; as análises da geomorfologia, em 2017, em caráter bimestral; e as ações de limpeza e conscientização da comunidade acontecem desde 2016.
AÇÃO – A Ilha do Teixeira está localizada próximo à Ilha das Pedras, entre Paranaguá e Antonina. Por ali vivem cerca de 50 famílias, cuja atividade principal é a pesca. A ação de limpeza no manguezal da comunidade levou toda a manhã, inclusive com um momento de conscientização com as crianças sobre a importância de manter o local limpo.
Para Antônio Pontes, habitante e presidente da Associação de Moradores da Ilha do Teixeira, a limpeza é essencial. “Faz parte não só na Baía de Paranaguá, mas em todas as ilhas deveria ter essa consciência de manter o território limpinho”, afirma.
Onde há plástico, onde há o lixo, como diz Antônio, não há como o peixe e outros animais se criarem. “Inclusive o lixo acaba espantando. Eu acredito que uma ou duas vezes por mês a gente fazer essa limpeza, um pouco em cada lugar, no final teremos um resultado muito bom”, incentiva.
Sofia Spack tem 8 anos. Ela, que foi uma das que participaram da ação de conscientização, deixa o recado: “Plástico, pasta de dente. Tem de tudo. Tem que recolher para cuidar da natureza, para que nenhum bichinho morra”.
Os resíduos recolhidos serão encaminhados para a reciclagem nas cooperativas parceiras da Portos do Paraná.