Os hospitais universitários do Paraná desenvolvem, desde o começo da pandemia, projetos de auxílio e reabilitação para pacientes acometidos pelo novo coronavírus e que ficaram com alguma sequela. Localizados em Cascavel, no Oeste do Estado, em Londrina, na região Norte, e em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, os três complexos hospitalares atendem boa parte da população paranaense.
“A rede de hospitais universitários cumpre um importante papel nesse período de pandemia, não apenas no tratamento da Covid-19, mas também na recuperação das sequelas deixadas pela doença. Eles atuam de forma complementar no atendimento do Sistema Único de Saúde auxiliando milhares de pessoas”, afirmou o coordenador de Ciência e Tecnologia da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Marcos Pelegrina.
Além dos serviços já prestados pelos hospitais, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) possui um projeto em parceria com a Prefeitura de Guarapuava, e o Hospital Regional de Maringá está firmando um convênio com a Câmara de Vereadores para implantar um centro de reabilitação pós-Covid.
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DIFERENCIADA – Vinculados às universidades estaduais, os hospitais têm atuação diferenciada pois, além da área da saúde, têm natureza educacional, contribuindo com a formação de profissionais e participando, também, no desenvolvimento de pesquisas científicas.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais iniciaram, no mês de abril, as atividades do Ambulatório Multiprofissional de Reabilitação de Ponta Grossa. O projeto é especial ao unir práticas de reabilitação a um laboratório multiprofissional, valorizando a pesquisa, extensão e ensino.
O atendimento auxilia, inicialmente, na recuperação e acompanhamento de pacientes com exercícios de fortalecimento neuromuscular, alongamentos e trabalhos de equilíbrio, para depois avançar nas atividades que exigem mais da independência funcional, como caminhar em uma esteira ergométrica.
A coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Reabilitação, Juliana Schleder, destaca que essa iniciativa supre uma demanda da região. “A doença em si e os efeitos do longo período de internamento acarretam sequelas que podem acometer todos os órgãos e sistemas do organismo, como o cardiorrespiratório, neuromuscular, digestivo e fonatório, além do comprometimento psicossocial”, explicou.
A equipe multiprofissional inicia o trabalho de recuperação ainda no ambiente hospitalar. Durante o atendimento, os pacientes passam por avaliação e, caso haja enquadramento nos critérios, a equipe inicia o processo de reabilitação. O protocolo de atendimento tem duração de até 12 semanas, com realização de duas a três sessões semanais.
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PARCERIA – Em Guarapuava, 330 pacientes que tiveram a doença são acompanhados por um projeto desenvolvido em parceria entre a Prefeitura e a Clínica Escola de Fisioterapia (Cefisio) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Os equipamentos de espirometria e bioimpedância, além dos exercitadores respiratórios usados no projeto, foram adquiridos com apoio financeiro do Governo do Estado, através da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
As sessões de fisioterapia ocorrem duas vezes por semana e o protocolo completo de reabilitação dura oito semanas. Os profissionais avaliam as funções motoras, força respiratória, capacidade física, falta de ar e a fadiga, além de atividades do dia a dia. Ao todo, já foram realizados cerca de 5 mil atendimentos.
RECUPERAÇÃO – Depois de dois meses internado na Ala Covid-19 do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop), Gesse Viana da Costa retornou ao ambulatório para fazer os acompanhamentos de rotina. O primeiro teste realizado foi o sensorial, que tem como finalidade avaliar o olfato e o paladar dos pacientes.
Segundo a nutricionista Claudia Felicetti, essa é uma das principais queixas no período de recuperação. “Muitos relatam a falta de odor e paladar ainda durante o internamento. Então verificamos em que período se manifesta essa falta de olfato e paladar, como é a evolução, entre outros aspectos nutricionais”, explicou.
O teste do paladar é feito com líquidos de diferentes gostos, como amargos, doces, salgados e ácidos. Já com relação ao olfato, os testes são realizados com comidas e outros produtos.
No Ambulatório de Fisioterapia Respiratória do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (HU/UEL), os pacientes também passam por testes para identificar a limitação física e funcional. O programa é destinado a pessoas que passaram por um período de internação na unidade hospitalar. São aplicados, em domicílio, exercícios ambulatoriais com duração de oito semanas.
A coordenadora do projeto e professora do Departamento de Fisioterapia, Vanessa Suziane Probst, conta que após a conclusão do programa de exercícios serão repetidos todos os testes para identificar se, após o treinamento, eles conseguiram aumentar a recuperação e diminuir os sintomas existentes. “Esperamos proporcionar um benefício para o paciente, em termos de ganho físico funcional e também na diminuição dos sintomas”, afirmou.
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FAMÍLIAS – A Unicentro, por meio da Clínica Escola de Psicologia, também criou um canal de acolhimento psicológico gratuito às pessoas que perderam familiares em decorrência da Covid-19.
“Atendemos familiares de pacientes que estão internados ou que perderam pessoas próximas. Há uma condição de isolamento dessas pessoas, das famílias em particular, porque se tem uma pessoa com Covid-19 ou mais, a família, fica isolada por um período do tempo. Essa aproximação é oportuna e extremamente relevante, porque são pessoas que têm vivido uma condição de sofrimento”, descreveu a coordenadora da atividade, Rosanna Rita Silva.
Os agendamentos podem ser combinados por e-mail ou telefone. Os contatos são o endereço eletrônico projetoatarnos@gmail.com e o número do telefone da Clínica Escola de Psicologia, que é o (42) 3421-3224.