Após o período de paralisação por causa do aumento de casos da Covid-19, o curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) já soma mais de 3.500 atendimentos desde o retorno das atividades, no dia 4 de maio, junto com o início do ano letivo de 2021. O atendimento odontológico é um dos serviços mais importantes que a universidade presta à comunidade.
O retorno aconteceu após a publicação de um rígido protocolo de segurança, elaborado pela Comissão de Controle de Infecção Odontológica (Ccio) da universidade.
São em torno de 200 alunos que atuam nas seis clínicas odontológicas. Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira o dia todo, além de sábado pela manhã. O planejamento do calendário possibilitou a recomposição total da carga-horária dos alunos do quarto ano. De acordo com o professor Ulisses Coelho, do Departamento de Odontologia, foram estabelecidas normas para o retorno seguro das atividades práticas.
“Em uma sala em que normalmente tem 30 alunos, mais pacientes e professores, agora diminuímos pela metade”, conta. A proteção também vem com a vacina. Todos os professores, por serem dentistas, já haviam sido vacinados e os alunos que estão nas clínicas também receberam a primeira dose.
CUIDADOS – O protocolo de cuidados também se estende a pacientes. Além do uso de máscaras, álcool em gel e aferição de temperatura, eles respondem a um questionário para detectar possíveis situações de exposição ao vírus. O atendimento só ocorre se não for constatado qualquer risco de contaminação. Na entrada da clínica, o paciente deve sanitizar os sapatos, higienizar as mãos e fazer bochecho com clorexidina, além de vestir avental e touca.
Os pacientes são levados até a cadeira onde está a dupla de estudantes, a qual fica fixa em seu box para minimizar a circulação de pessoas. O atendimento é realizado com um único paciente a cada período. Após o término do procedimento, há a higienização do local e desparamentação dos estudantes em uma sala separada.
Os cuidados são semelhantes aos tomados em uma ala de UTI. Todos os estudantes e professores vestem pijama cirúrgico, touca, máscara N95, avental, luvas e faceshield. “Esse protocolo já se tornou rotina, porque todos estamos nos ajudando e colaborando. O retorno da Odonto demonstra que quando você toma os devidos cuidados o risco de contaminação é muito pequeno”, destaca o professor Ulisses Coelho.
O protocolo teve início no ano passado e possibilitou a formação dos alunos do último ano do curso. Após o período de paralisação, que ocorreu no início deste ano, o curso reorganizou o calendário para atender aos alunos dos outros anos. “Todos estamos nos desdobrando para executar o trabalho, é esforço ímpar da equipe”, comemora o professor.
“Tendo em vista que o curso de Odontologia é muito prático, esse retorno na pandemia foi um desafio grande, mas graças à organização da universidade, a gente conseguiu retornar para atender aos pacientes com segurança”, conta o aluno do 4º ano, Felipe Bittarello.
Para ele, que estava atendendo pacientes pediátricos, o obstáculo inicial era passar confiança aos pais. “Víamos que as mães, aos trazerem os filhos, tinham um certo receio, mas quando chegavam e viam que estamos seguindo os protocolos se sentiam seguras aqui”, complementa.
SALDO POSITIVO – Para a chefe do Departamento de Odontologia, Denise Stadler Wambier, o retorno às atividades presenciais tem um saldo positivo. “O curso de Odontologia tem um conteúdo prático muito grande e tudo que era possível fazer remotamente já fizemos. Agora retornamos para que eles pudessem ter essa experiência na clínica. Tínhamos essa preocupação de retornar o quanto antes para que os alunos não ficassem tanto tempo afastados das atividades”, ressalta.
Denise conta que, antes do retorno dos atendimentos, professores, alunos e servidores passaram por treinamento para atuação segura, de forma a minimizar os riscos de contaminação. “Conseguimos achar uma forma de retornar sem causar prejuízo aos estudantes e pacientes. A experiência está sendo positiva e não tivemos caso de contaminação entre alunos que tenha vindo daqui de dentro”, afirma.
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COMUNIDADE – O serviço que o curso de Odontologia presta para a comunidade externa também foi um dos grandes motivos para volta das atividades presenciais, de acordo com Ulissses. “A universidade tem uma importância social muito grande para a sociedade. Imagine a demanda reprimida de pacientes que estavam sem receber atendimento”, diz o professor.
Ele cita que, além da recuperação do ensino, importante na formação dos alunos, o curso conseguiu cumprir um papel social durante a pandemia. “Dor de dente não escolhe momento e na pandemia também tem dor de dente. Estamos buscando fazer nosso lado social e o retorno é importante para a própria população, que volta a ser assistida”, pondera.
ESFORÇO CONJUNTO – A universidade uniu esforços entre os setores para que as aulas práticas retornassem. O pró-reitor de assuntos administrativos, Ivo Mottin Demiate, cita que foram necessários consertos de equipamentos das clínicas antes que os alunos começassem a trabalhar. “Como tudo estava parado por mais de um ano, fizemos um aporte de recursos e um esforço institucional grande, com apoio de vários técnicos da Universidade para ajudar”, explica.
Outro grande desafio foi a compra de EPIs, segundo Ivo. “Além da compra de produtos de sanitização e higiene, a necessidade do uso de máscaras, protetores faciais, jalecos e pijamas foi bem desafiadora, porque o número de materiais que se usa por conta desse tipo de atividade é muito grande”, completa.
A Proad, com auxílio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional e Tecnológico (Fauepg) e curso de Especialização em Ortodontia da UEPG, viabilizou compra dos materiais necessários. “Hoje estamos muito felizes com o retorno das atividades. Confesso que, quando passo pela frente e olho estacionamento cheio, me dá uma alegria e uma esperança de ver que as coisas estão voltando. A Universidade começa a reavivar nesse ponto”, comemora Ivo.
O professor Miguel Sanches Neto, reitor da UEPG, também celebra o retorno das atividades de Odontologia. Segundo ele, o funcionamento das clínicas odontológicas tem sido um sucesso e é um marco no protocolo de biossegurança, dada a natureza dos atendimentos. O esforço serviu para testar a capacidade da universidade no retorno seguro das atividades práticas.
“Junto com o curso de Odontologia, fizemos um planejamento para o retorno seguro das atividades práticas. Para isso, a reitoria investiu em EPIs, na revisão de todas as clínicas e trabalhou, junto com a Prefeitura de Ponta Grossa, para a vacinação dos alunos de saúde que estão em assistência, entre eles os de odontologia”, arremata.