O Museu de Arte Contemporânea do Paraná iniciou o restauro e reforma de sua sede, no centro de Curitiba: o prédio histórico de 1928, tombado pelo Patrimônio Cultural, terá restauro em toda a sua estrutura, construção de um novo anexo para abrigar biblioteca, adequações de acessibilidade, reserva técnica e um café. O último restauro no prédio havia sido feito em 1998.
O prazo para que a empresa vencedora da licitação conclua a obra é de 18 meses, e o recurso investido pelo Governo do Estado é de aproximadamente R$ 5 milhões.
Para o governador Carlos Massa Ratinho Júnior, o retorno do espaço para a população é muito significativo. "É um local bastante simbólico para os artistas visuais. Será um retorno à casa".
De acordo com a superintendente da Cultura da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, a reforma no prédio também será benéfica para todo o seu entorno. "O museu voltar nesse momento em que vai fazer 50 anos é uma força importante para a comunidade. É uma felicidade devolver o MAC aos artistas, sobretudo os paranaenses", diz.
NOVOS PROJETOS - Além de seguir com propostas já consolidadas, com exposições temporárias do acervo, que permitem que o público veja as histórias que podem ser contadas por meio da coleção do museu, e programação com artistas brasileiros e paranaenses, a diretora do museu, Ana Rocha, trará novos projetos para a nova sede.
Um deles é a ocupação da Sala Theodoro de Bonna com propostas de arte site specific (trabalhos criados especificamente para o espaço expositivo), em consonância com o acervo da instituição.
"Conectar o museu com diversos públicos é uma de nossas missões nessa gestão", diz Ana. Por isso, a proposta é realizar uma programação interdisciplinar com shows, apresentações de dança e teatro.
O projeto de reforma do prédio, feito pela Traço Cultural, prevê ainda um espaço de convivência com paisagismo na área externa, que também deve ser usado para a programação.
O Setor de Pesquisa e Documentação e a reserva técnica do museu ficarão no novo anexo do espaço, construído ao lado da sede tombada.
"Com isso a reserva técnica será ampliada para acondicionar de forma correta o acervo”, diz Ana Rocha. Segundo ela, a reforma da reserva é o maior ganho do museu, já que um dos objetivos do MAC é preservar o patrimônio artístico que está em seu acervo. “O correto armazenamento das obras é o que nos permite realizar exposições, e que permite ao museu cumprir seu papel pedagógico, educativo e cultural", frisa a diretora.
MODIFICAÇÕES - Desgaste natural pelo tempo e uso nas escadas, pisos e soleiras em mármore, infiltrações no telhado e cupins em alguns locais foram algumas das patologias detectadas no diagnóstico do prédio, que também terá refeita a parte hidráulica e elétrica.
As obras seguem todas as diretrizes da Coordenação de Patrimônio Cultural da Superintendência da Cultura. "No restauro se preserva o máximo possível o material usado na época. A diferença de um restauro para uma reforma é que, no restauro, do piso ao teto, tudo precisa estar protegido. E no final o resultado é espetacular. Você tem praticamente uma casa restaurada igual à época em que ela foi feita", explica o coordenador da Coordenação, Sergio Krieger.
Por conta disso, a cor do prédio também será modificada para um tom de verde, já que a atual, vermelha, não é a original. "Quando é feito um restauro, é realizada uma prospecção em relação à cor original. Um determinado local do prédio é raspado, com muito cuidado, para ver as camadas de tinta, até chegar na primeira. E aí fica definida qual a cor é a original", explica Krieger.
Segundo ele, outra mudança na reforma é a retirada da grade de ferro em frente ao museu - o projeto prevê vidros com o desenho da grade original cercando o prédio, modificação aprovada pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico.
De acordo com Krieger, refazer as formas da grade no modelo original teria um custo muito alto, pelo fato de fazer artesanelmente, trabalho não encontrado mais nos dias de hoje. E ainda tornaria a obra muito mais cara.
FUNCIONAMENTO - Desde o final de 2018, o MAC, com toda sua estrutura e equipe, está funcionando dentro das dependências do Museu Oscar Niemeyer. Todo o atendimento ao público, escolas e pesquisadores continua mantido ao longo da reforma, assim como as exposições, que estão sendo realizadas nas salas 8 e 9 do MON.
MAC 50 ANOS - Criado em 11 de março de 1970 por decreto oficial, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná é uma conquista da classe artística, que, nos anos 1960, reivindicou a criação de um museu que abrigasse experimentações e propostas de arte contemporânea - o espaço completa 50 anos em março de 2020.
Desde o início do seu funcionamento, foi responsável por ser um espaço de tendências e discussões sobre arte contemporânea. Atualmente, seu acervo é composto por 1.800 obras de artistas paranaenses e brasileiros, além de estrangeiros.
É referência em pesquisa e documentação no Estado para pesquisadores da área e realiza ações de arte e educação para a comunidade.