A fruticultura, ainda que tenha enfrentado intempéries climáticas durante os últimos meses, exerceu pouco impacto nos índices de inflação, particularmente no Paraná, que tem nessa uma das principais atividades agrícolas. Em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do setor foi de 4,28%. No Paraná, o índice foi de 2,74% negativos entre as principais frutas produzidas e consumidas.
Esse é um dos assuntos analisados no Boletim Semanal de Conjuntura Agropecuária referente ao período de 12 a 18 de novembro. O documento é preparado pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
A banana nanica/caturra, por exemplo, acumulou um índice nacional de 11,19% negativos em 12 meses. No Paraná, chegou a 32,21% negativos. Nacionalmente, a maçã também apresentou índice negativo, de 10,71%; no Paraná, foi de 13,65% negativos.
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A uva teve uma pequena alta, de 3,09%, quando considerados os números nacionais, enquanto no Paraná a elevação foi de 1,11%. O mesmo ocorreu com a laranja-pera, com inflação positiva de 18,25% nacionalmente e de 26,20% no Estado.
CONSUMIDOR - O boletim de conjuntura agropecuária também analisa os preços médios nominais recebidos mensalmente pelos produtores paranaenses de frutas. No caso da banana nanica/caturra, houve redução de 23,9% entre novembro de 2020 e outubro de 2021. A uva fina de mesa apresentou queda de 2%, enquanto na laranja-pera e na maçã a variação foi positiva em 19,7% e 28,9%, respectivamente.
As Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) são referência em preço de comercialização dos produtos de pomares no atacado. No período analisado, os valores foram negativos para banana nanica/caturra, maçã e uva fina, na ordem de 23,8%, 35,6% e 11,3%. Na laranja-pera, os preços se mostraram 16,6% a maior.
A mesma lógica foi verificada nos preços para o consumidor final. Banana nanica/caturra, maçã e uva fina apresentaram índices negativos de 33,7%, 41,7% e 19,4%. A laranja, por sua vez, acresceu em 30,3% os preços nas gôndolas. Essa elevação pode ser explicada também pela forte destinação agroindustrial para elaboração de sucos.
CAFÉ E FEIJÃO – O boletim faz um balanço da safra de café, cuja colheita encerrou-se em setembro, com previsão de 880 mil sacas beneficiadas de 60 quilos, e projeta a próxima, com potencial de produção severamente comprometido pela estiagem e geadas.
A redução de chuvas e o aumento de temperatura na primeira quinzena de novembro contribuíram para o avanço do plantio de feijão da primeira safra, que já ocupa 98% da área prevista. A análise de campo aponta 90% em boas condições, com o restante em situação mediana.
MANDIOCA E SOJA – O plantio e colheita da mandioca também são favorecidos pelas condições climáticas. Ambos os trabalhos estão se encaminhando para o final. Mesmo com a forte reação dos preços recebidos pelos produtores nas últimas semanas, a previsão é de redução em 10% na área para a safra 2021/22.
O plantio da soja também avançou e ocupa agora 95% da área prevista de 5,62 milhões de hectares. O desenvolvimento da cultura é bastante satisfatório, com 96% em boas condições e o restante, medianas. Com isso, mantém-se a estimativa de produção de 20,8 milhões de toneladas.
MILHO E TRIGO – A primeira safra de milho brasileira deve atingir 28,6 milhões de toneladas, alta de 15,7% se comparada com a anterior. O Paraná participa com 14,3% nesse total. A expectativa é que a produção estadual atinja 4,1 milhões de toneladas, 32% superior à safra 2020/21.
O boletim registra, ainda, que o Paraná importou, entre janeiro e outubro, 467 mil toneladas de trigo. O volume é 20% maior que o adquirido em todo 2020. É uma situação inversa à que se observa em âmbito nacional que, no mesmo período, importou 3% a menos, devido sobretudo à menor demanda dos parques moageiros baiano e cearense.
PECUÁRIA, AVICULTURA E OVOS – O documento preparado pelo Deral cita a primeira carga brasileira de produtos lácteos enviada para a China. O volume proveniente do Rio Grande do Sul foi pequeno, mas pode ajudar a abrir ainda mais as portas de um dos maiores mercados consumidores de lácteos. Os laticínios brasileiros começaram a ser habilitados em 2019 para o país asiático.
As exportações de carne de frango também foram registradas no boletim. Em outubro, o Brasil enviou 397,1 mil toneladas ao Exterior, superando em 24,2% o volume do mesmo período no ano passado. Para os ovos, os números foram ainda mais significativos. No mês passado, foram exportadas 819 toneladas, o que representa 150% a mais que outubro de 2020, quando foram embarcadas 328 toneladas.