O registro do cotidiano de uma catadora de materiais recicláveis de Curitiba rendeu a alunas do Colégio Estadual Lamenha Lins, também na Capital, um reconhecimento mais do que especial. Elas venceram o prêmio principal da 4ª Edição do Festival Nacional Cineastas 360º, promovido pelo Facebook em parceria com a Recode, organização social que promove o empoderamento digital.
O projeto envolve estudantes de escolas públicas de todas as regiões do País. A exigência é que o filme seja produzido com a tecnologia da filmagem em 360 graus e contemple os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os estudantes do Colégio Lamenha Lins que aceitaram participar foram orientados por professoras da instituição de ensino que passaram por treinamento específico no Rio de Janeiro. As organizadoras forneceram o material necessário para a produção.
““Após ministrarmos esse curso para os alunos eles ficaram livres para trabalhar. Nós supervisionamos, mas tudo ficou a cargo deles, desde a escolha da temática do documentário até a edição””, conta a professora Vera Haus, uma das orientadoras do projeto no colégio.
Quando soube da iniciativa, Maria Eduarda Lopes de Almeida, estudante da 1ª do Curso Técnico em Recursos Humanos integrado ao Ensino Médio, não teve dúvidas de que queria agarrar a oportunidade. Ela convenceu as amigas Ana Flavia Belinski Bonaccorsi e Geovana Marques Machado e juntas produziram o documentário “Nina - A Vida na Comunidade”.
COTIDIANO SUADO - O filme conta a história de Antonina Pavelak, mais conhecida como Nina, senhora de 68 anos que há décadas trabalha com a coleta de materiais recicláveis. Ela vive no Parolin, bairro de Curitiba onde Maria Eduarda também mora. A jovem diz que já conhecia a protagonista e também a rotina de quem trabalha com recicláveis, mas queria mostrar essa realidade a mais pessoas.
““Eu fiquei com medo de a Nina não aceitar participar, mas ela topou. Todos os dias ela sai do Parolin bem cedo, por volta das 6 horas, e vai até o Água Verde para pegar materiais no comércio onde ela é conhecida. Esse trajeto é feito duas vezes por dia. O material é separado e vendido por ela e pelo marido””, conta Maria.
A estudante diz que usar os equipamentos não foi difícil porque as professoras orientaram bem os alunos que decidiram participar. O mais complicado foi a edição, que ela e as amigas terminaram “em cima da hora, mas a tempo de enviar para a organização do festival. ““Eu nunca pensei que iria fazer um documentário, participar de uma produção assim, mas foi muito legal. Agora até penso em seguir carreira na área. Eu gosto de iniciativas que abordam questões sociais”.
RECONHECIMENTO - Depois de terem o trabalho escolhido para representar a Região Sul na 4ª Edição do Festival Nacional Cineastas 360º, as alunas viajaram a Brasília, no fim de novembro, para participar de um momento de troca de experiências com os estudantes das outras regiões. O anúncio do trabalho vencedor a nível nacional também aconteceu na capital federal.
““Não imaginamos que iríamos ganhar porque todos os trabalhos estavam muito bons. Pensávamos que só o fato de chegar à etapa nacional já era reconhecimento suficiente. Quando anunciaram o ‘Nina’ como vencedor, todo mundo chorou”, lembra Maria Eduardo.
“Mas o prêmio não é nosso, é da dona Nina. É a vida dela que está ali””, destaca Maria, complementando que ela e as amigas organizaram uma festinha especial para a protagonista do filme para contar sobre a premiação e também presenteá-la com um cartaz da produção.
O documentário pode ser conferido na página oficial do Cineastas 360° no Facebook (http://www.facebook.com/cineastas360/).