Projeto sobre violência
doméstica mobiliza cidade

A iniciativa foi contemplada pelo Instituto Avon com o Prêmio Viva, que homenageia pessoas que fazem a diferença em suas comunidades. Projeto da educadora Adriana Reis, em Califórnia, resultou em uma rede de informação e conscientização que ultrapassou os limites da escola.
Publicação
10/12/2019 - 09:20
Editoria

Confira o áudio desta notícia

Começou com uma passeata puxada por 300 estudantes e terminou com toda uma cidade mobilizada no enfrentamento à violência contra as mulheres. A responsável é Adriana Reis, professora do 6º ano do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Talita Bresolin, no município de Califórnia, no Norte do Paraná, que desenvolveu um projeto com o propósito de conscientizar a comunidade escolar e os moradores da cidade sobre violência doméstica.

O projeto, chamado “Empoderar, o papel da escola no enfrentamento à violência doméstica”, mostra como a escola tem papel fundamental enquanto espaço de diálogo e reflexão social, e como o aprendizado reverbera para além das salas de aula, impactando toda a comunidade.

A iniciativa de Adriana gerou um impacto tão positivo que foi reconhecida pelo Prêmio Viva, promovido pelo Instituto Avon para homenagear pessoas que fazem a diferença, em suas localidades, no combate à violência contra a mulher no Brasil.

“O projeto se baseia na ideia de formação cidadã, de formar os estudantes para se tornarem cidadãos responsáveis, conscientes, sensíveis aos temas que afetam negativamente nossa sociedade. Só assim é possível gerar mudança social”, explica Adriana.

A professora contou, ainda, que o impacto do projeto na pequena comunidade de Califórnia, que tem cerca de 8 mil habitantes, é emocionante. “A escola atende mil famílias. Então é parte da vida de grande parte da comunidade. Conseguimos criar uma rede de informação e conscientização que agora envolve toda a cidade”, diz.

DIÁLOGO COM COMUNIDADE – O trabalho feito por Adriana começou em fevereiro, no início do ano letivo. Para cada série, conforme a faixa etária dos estudantes, a professora desenvolveu atividades diferenciadas, sempre com o objetivo de conscientizar sobre a importância de se combater comportamentos violentos.

Em agosto, quando aconteceu a campanha nacional sobre violência contra a mulher, a escola recebeu a comunidade de Califórnia para palestras, oficinas, rodas de conversa e dinâmicas, criando assim uma rede de conscientização e informação que ultrapassou os limites da escola.

NA SALA DE AULA – O trabalho de Adriana começa em sala de aula. É no dia a dia da escola que ela promove o debate sobre questões relacionadas ao machismo e à violência doméstica, sempre com muita pesquisa e auxílio de recursos pedagógicos diferentes, como teatro, cordel, música ou produção de curta-metragens.

Para cada faixa etária de estudantes, a professora desenvolve uma atividade diferente, sempre com o objetivo de conscientizar sobre a importância de se combater comportamentos violentos. Com os alunos de 11 e 12 anos, a leitura de tirinhas de Maurício de Souza possibilita a abordagem de temas como autoestima, igualdade, ética e respeito às diferenças.

Já com os estudantes adolescentes, a poesia e a música são os recursos utilizados para incentivar a reflexão e o debate entre os jovens, que são estimulados a fazer uma leitura crítica sobre textos e letras de músicas que naturalizam relações abusivas. Para essa atividade, a própria Adriana escreveu um poema inspirado em Maria da Penha, cuja história motivou a criação da lei federal brasileira que coíbe e pune atos de violência doméstica contra a mulher.

GALERIA DE IMAGENS