Varredura contra proliferação de espécies exóticas já ultrapassou a metade da área de Vila Velha

Primeira fase da ação durou um ano e promoveu a limpeza de 1.825 hectares da Unidade de Conservação (UC), 57% da área total do complexo, que é de 3.200 hectares. Trabalho de queima controlada será retomada em 2024 com a colaboração de voluntários e do Corpo de Bombeiros.
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31/08/2023 - 15:40

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O Instituto Água e Terra (IAT) finalizou neste mês a primeira etapa do controle da proliferação de espécies exóticas, especialmente do pinus, no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Essa fase durou um ano e promoveu a varredura de 1.825 hectares da Unidade de Conservação (UC), que tem 3.200 hectares.

Com o apoio de voluntários e do Corpo de Bombeiros do Paraná, o órgão ambiental, por meio de queimadas controladas e do corte das espécies exóticas invasoras, conseguiu limpar mais da metade do parque – técnica que faz parte do plano de manejo de Vila Velha. Agora, nesse local que já está livre do pinus, o trabalho será apenas de manutenção.

Em razão do fim do período mais frio do ano, as queimadas são paralisadas e retomadas apenas no inverno de 2024. Já o corte legal das árvores continua normalmente, seguindo um cronograma pré-estabelecido. A próxima meta dos voluntários, com início imediato e finalização em agosto do ano que vem, prevê a varredura de mais 875 hectares, chegando a quase 85% da extensão total do complexo ambiental e turístico.

“Há muitos impactos ambientais negativos em razão da invasão biológica destas espécies”, afirma a gerente de Biodiversidade do IAT, Patrícia Calderari.

Ela explica que para uma planta ser considerada exótica e invasora, precisa se criar e se adaptar fora da sua área de distribuição natural e, sem a intervenção humana, ter a capacidade de sobreviver e proliferar, avançando sobre espécies locais e ameaçando habitats naturais. De acordo com o Programa do Estado do Paraná para Espécies Exóticas Invasoras, desenvolvido pelo IAT, essa invasão biológica é considerada a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo – a primeira em ilhas e Unidades de Conservação (UCs).

Outro ponto é que Política Nacional da Biodiversidade (2002) recomenda a erradicação e o controle de espécies exóticas invasoras que possam afetar o ecossistema. Esse mesmo documento propõe que o Poder Público deve determinar medidas para evitar a degradação ambiental quando existir evidência científica de risco sério e irreversível para a diversidade biológica. “Por isso a importância de se combater”, reforça Patrícia.

Segundo o promotor público Fábio Grade, um dos líderes do grupo de 30 voluntários que ajuda na conservação do parque, o corte e a queimada não são atividades separadas, mas que se complementam no apoio à reestruturação da vegetação nativa. “Independentemente de a gente ter cortado o pinus, vai ter a rebrota. Então a ideia é que a queimada diminua o movimento destas sementes que já estão no solo”, acrescenta.

FAUNA – A queimada controlada realizada na quarta-feira (23) foi a última ação deste ano, já que o procedimento só pode ser realizado durante o inverno, entre maio e agosto, onde a maioria das espécies que habitam o parque não está em período reprodutivo.

“Para evitar qualquer tipo de problema, fazemos o estudo preliminar da área em que ocorrerá a queima, o reconhecimento das espécies de fauna ali presentes e, se necessário, fazer o afugentamento dos animais para uma área segura”, explica a bióloga do escritório regional do IAT de Ponta Grossa, Bruna Kosofski.

“Como o parque é cortado por uma rodovia com grande fluxo de carros e caminhões (BR-277), é sempre solicitado o apoio da Polícia Rodoviária Federal para que imponha a redução da velocidade na pista durante a queima para evitar acidentes, tanto para o condutor quanto para a fauna que porventura utilize a rodovia como rota de fuga”, complementa.

Os principais animais encontrados no Parque Estadual de Vila Velha são o lobo-guará, onça-parda, veado-catingueiro, serpente cascavel, andorinhão-de-coleira-falha, gavião-carijó e a gralha-carijó.

PINUS – O pinus é uma espécie de pinheiro da América do Norte, inserido no Brasil há mais de um século para fins ornamentais. Porém, desde 1960, é cultivado em larga escala comercial como matéria-prima em indústrias de madeira, laminados, resina, celulose e papel, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do País.

A dificuldade do controle do pinus se dá pela anatomia das sementes. Elas são leves e possuem um formato que favorece a aerodinâmica para voarem até oito quilômetros de distância da chamada árvore-mãe. Essa dispersão, quando descontrolada, é prejudicial pois os galhos que caem da árvore, parecidos com um capim, sufocam e impedem a proliferação da vegetação nativa.

PARQUE – Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Estadual, o Parque Estadual Vila Velha tem 3,2 mil hectares e completou 70 anos em 2023. Ele foi criado pela Lei Estadual nº 1.292, de 12 de outubro de 1953, e pelo Decreto Estadual nº 5.767, de 05 de junho de 2002. Vila Velha é o primeiro parque concedido pelo Governo do Paraná à gestão da iniciativa privada.

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