Dedicação, comprometimento e muito trabalho de todos os envolvidos. Essa foi a receita que deu certo no Colégio Estadual de Pato Branco e que resultou na melhora do rendimento dos alunos dos sextos e nonos anos. Preocupados com a baixa adesão às tarefas de casa e com o desempenho da primeira edição da Prova Paraná – que mostrou que o rendimento de algumas turmas estava abaixo do esperado – os professores e a equipe pedagógica da escola propuseram uma parceria com os pais dos estudantes.
Os responsáveis foram convocados para uma reunião e firmaram o compromisso de acompanhar a realização das tarefas de perto, garantindo que os alunos de fato completassem as atividades extraclasse.
““A minha preocupação enquanto pedagoga é com a aprendizagem. Por que não aproveitar essa avaliação para entender onde está a falha, onde está o problema que precisa ser resolvido? A ideia inicial era organizar as horas de estudo em casa. Aí, com o resultado da Prova Paraná, unimos o útil ao agradável””, conta e pedagoga Claudia Basso.
O PROJETO –- A partir dos conteúdos e das dificuldades identificadas, principalmente na disciplina de Matemática, a coordenação pedagógica da escola desenvolveu um projeto-piloto com as turmas de sextos e nonos anos. Durante dois meses, cada estudante levou para casa uma lista de questões que deveriam ser resolvidas e entregues em um prazo de quinze dias. O trabalho diário precisou da participação efetiva dos pais, fosse no monitoramento ou ajudando na realização das tarefas. Com a ajuda da família os estudantes passaram a ter noções mais práticas de responsabilidade.
O resultado das atividades propostas surpreendeu a todos. Em uma das turmas do nono ano, o índice de acertos, que na primeira edição da Prova Paraná foi 48%, subiu para 72% na segunda edição. A média geral das cinco turmas saltou de 49% de acertos para 66%.
A diretora do colégio, Luiza Kupchak, comemora o resultado e diz que a inciativa foi vista com bons olhos pelos outros alunos e professores da instituição que atende 1,6 mil estudantes. Hoje, eles pedem a ampliação do projeto para todos.
““Por enquanto fizemos isso apenas em Matemática. Só que o resultado foi tão bom, alguns alunos chegaram a gabaritar na segunda Prova Paraná, que estão pedindo para incluir conteúdos de Português, desde o Ensino Fundamental até o Médio. Ou seja, os estudantes também estão preocupados e dispostos””, avalia a diretora.
GOSTO PELOS ESTUDOS -– Waleska Koerich, 14 anos, é aluna de uma das turmas participantes do projeto e que apresentou melhor rendimento na segunda edição da Prova Paraná, aplicada em junho. A estudante do nono ano percebeu um avanço significativo não só nas notas da segunda avaliação, mas nos estudos de forma geral.
““Quando eu soube da proposta, gostei. Incentivou a estudar mais, a ter mais compromisso e me organizar. Eu achei o meu jeito de estudar e a minha prioridade deixou de ser a nota final, mas como eu vou chegar até ela””, explica.
Waleska recebeu total apoio dos pais na empreitada. O pai, Júlio Goinski, 50 anos, é formado em Matemática, trabalha durante o dia e estuda Engenharia Elétrica à noite, mas todos os dias senta com a filha para ajudar a solucionar os problemas que ela não consegue responder sozinha. Para isso, foi necessária uma mudança no horário de estudos e todos se adequaram. No fim da tarde, antes de Júlio ir para a sala de aula da universidade, ele e Waleska estudam juntos.
““Eu vi que muitas vezes ela sabe a resposta, mas não sabe como chegou até ali. A dificuldade era saber o caminho. Sentando com ela e tirando esse tempo para ajudar, a gente também aprende e todos saem ganhando””, conta Júlio, que aprovou a iniciativa da escola. ““Os pais ficam engajados, se envolvem e percebem como funciona o processo. Não ficam apenas cobrando dos filhos, da escola””, completa.
Agora, a adolescente utiliza o mesmo método de estudo para a terceira edição da Prova Paraná e segue confiante. ““É uma preparação para toda a minha vida. Não só agora, mas para o Ensino Médio, para a faculdade que vem depois e até para o mercado de trabalho””, afirma Waleska.
TRABALHO RECOMPENSADO -– Quando foi divulgado o resultado da primeira edição da Prova Paraná, a professora de Ciências e Matemática do oitavo e do nono ano, Cássia Maria da Silva, percebeu que os estudantes tinham um potencial maior do que foi apresentado e resolveu aceitar a proposta de criar atividades a partir das questões com menos acertos.
““Os alunos se envolveram bastante nas resoluções, tiravam dúvidas nas aulas e tiveram um melhora significativa. O resultado mostrou que a gente precisa continuar”, disse” Cássia. Ela observa também a importância da Prova Paraná como ferramenta de aprendizagem. ““A avaliação deu aos alunos a percepção de que é preciso aprender de verdade porque os conteúdos vão ser úteis em outros anos e para outras disciplinas””, afirma.
Marivânia Medina, também professora de matemática, lembra que no início dos anos letivos percebeu que os estudantes tinham dificuldades em alguns conteúdos de anos anteriores. Para ela, a Prova Paraná torna o diagnóstico mais preciso e mostra que novas ações pedagógicas precisavam ser promovidas.
““Geralmente, nós elaboramos provas com base naquilo que vimos em sala de aula. Quando a gente vê uma prova externa, que aborda outros pontos, conseguimos ter um avanço, ficamos muito satisfeitos. A Prova Paraná funciona enquanto ferramenta para diagnosticar o que precisa ser trabalhado e implementado. Eu acredito que o resultado na próxima vai ser muito bom””, finaliza Marivânia.