A UEL participa das 10 governanças existentes no Planejamento do Ecossistema de Inovação de Londrina, iniciativa de várias entidades civis, coordenada pela regional norte do Sebrae, que mapeia as principais vocações econômicas da região. O objetivo é buscar o crescimento integrado a partir do potencial existente no município.
As chamadas governanças reúnem pesquisadores, empresários e profissionais para promover ações com foco no desenvolvimento e na inovação tecnológica.
Esses grupos foram constituídos a partir da metodologia desenvolvida pelo ecossistema de inovação, que identificou inicialmente 72 vetores de desenvolvimento regional.
Professores de várias áreas participam das governanças existentes, correspondentes a setores econômicos estratégicos como Agronegócio (AgroValley), Construção Civil (iCon), Saúde (Salus), Eletrometalmecânica (Inovemm), Tecnologia de Informação (APL TI), Química e Materiais, APL de Audiovisual, Turismo e o Grupo Nova Sergipe, que tem o objetivo de encontrar oportunidades para o comércio varejista.
O mais recente e que está em fase de construção é o de Ensino Superior, que vai reunir a UEL e outras 10 universidades e faculdades existentes na cidade.
Segundo o consultor da regional norte do Sebrae Londrina, Heverson Feliciano, as governanças foram criadas para atender as necessidades do ecossistema. Ele lembra que, antes desta iniciativa, já existia o Fórum Desenvolve Londrina, que completou 16 anos de atividades e conta desde o início com a participação da UEL.
“Se o ecossistema vem se fortalecendo é por causa de alguns ativos, entre eles a UEL que forma talentos, gera conhecimento e inovação”, afirmou.
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Em 2017 as entidades civis decidiram por um planejamento robusto do ecossistema. Naquele momento, a cidade já contava com algumas governanças constituídas, como o APL de TI e o Salus (saúde), ambos com participação de pesquisadores da UEL. Em 2018 foram organizadas as demais governanças, buscando maior amplitude e novas oportunidades.
Segundo Heverson, essa expansão contou com grande colaboração da UEL, a partir do potencial de pesquisas desenvolvidas nos vários centros de estudos e laboratórios. Caso do setor de Química e Materiais, que encontra eco em dezenas de empresas, um reflexo direto da formação de mão de obra especializada na área.
A partir de 2018, a UEL assume a liderança da governança de Química e Materiais, com a administração da universidade constituindo a coordenação do grupo. Na época, foram realizados palestras e eventos, aproximando o setor produtivo dos pesquisadores.
Atualmente, diz o consultor do Sebrae, são 10 áreas constituídas, todas com participação de pesquisadores, debatendo ações que fogem do contexto eminentemente empresarial.
“Existem algumas iniciativas que estão fora da atividade econômica propriamente dita, como geração de conhecimento, formação de novos talentos, mecanismo de apoio como incubadoras e aceleradoras. Isso as empresas não podem conseguir sozinhas”, destacou. Nesse aspecto existe participação ativa da universidade para apresentar soluções e encaminhamentos.
Sobre a necessidade de aproximar o setor produtivo e a universidade, Heverson admite que se trata de um grande desafio. Ele aponta que as governanças proporcionam a realização desse debate de forma natural. “Existe um representante dentro do organismo discutindo e propondo soluções, buscando alternativas, ajudando a organizar programas e Hakatons. O diálogo está acontecendo”, afirmou.
Ainda segundo ele, o foco maior das governanças é buscar soluções a médio prazo, com participação ativa de empresas e universidades. A instituição de ensino superior, se aproximando do mercado, transfere conhecimento através da inovação. Para Herverson, isto pode ocorrer com um aluno ou professor empreendendo ou parceria que vai desenvolver novo processo, alavancando o setor empresarial.
INOVAÇÃO – Para o reitor da UEL, Sérgio Carvalho, a implementação das governanças representa a execução de planejamento organizado para buscar o desenvolvimento regional. Segundo ele, não há como falar em inovação sem pesquisa nas várias áreas do conhecimento.
A UEL, ressalta o reitor, tem papel fundamental neste processo, com seus 50 anos de atividades, reunindo uma comunidade de quase 25 mil pessoas – estudantes, professores e agentes universitários –, detentora de orçamento específico para pesquisa de base e aplicada.
Sobre a produção de conhecimento e geração de inovação e patentes, o reitor explica que o papel da universidade pública preconiza parâmetros e a definição de funções. “Dependendo da forma que produzimos o conhecimento, ele se torna um bem público no sentido tecnológico e jurídico. É conhecimento produzido e que fica à disposição de qualquer ator social para transformar esse benefício”, explicou.
A produção de conhecimento implica em alto investimento financeiro, com riscos grandes no processo de desenvolvimento. “Então faz sentido uma universidade do porte da UEL, que tem investimento público, que guarde esta propriedade intelectual como bem público”, concluiu. A universidade precisa criar as patentes para controle público.
Carvalho acrescenta que, atualmente, não há possibilidade de transformar esse conhecimento em produto sem estabelecer uma parceria com o setor produtivo.
“É importante que exista uma ligação com o setor produtivo. Se deixarmos o conhecimento à disposição como bem público, a iniciativa privada poderia se apropriar desse conhecimento intelectual e a universidade não seria ressarcida pelos riscos. Por isso é importante esse círculo virtuoso para que o conhecimento possa chegar à sociedade”, definiu.
CONEXÃO – Para a diretora de Planejamento e Integração acadêmica da Pró-reitoria de Planejamento (Proplan) da UEL, Cristianne Cordeiro do Nascimento, a participação da universidade nos debates sobre inovação em Londrina representou a oportunidade de movimentar estudantes e professores, aproximando-os das demandas da sociedade.
Ela explica que esta participação tornou-se ainda mais ativa nos últimos anos, a partir da mudança clara de perfil do estudante. O aluno de ensino superior hoje é mais conectado, muito próximo às novas tecnologias, o que representa também maior interesse por inovação, desenvolvimento tecnológico e estabelecimento de parcerias.
“Isto é uma tendência importante até para que não fiquemos isolados. A filosofia da Lei de Inovação é buscar o compartilhamento. Isto implica em se organizar com outros setores e com outras universidades. Isto implica em se organizar com outros setores e com outras universidades. Entendo que a UEL passou a entender o setor produtivo, houve uma mudança de via. As empresas passaram também a nos procurar, apresentando problemas em busca de ideias e soluções. É um movimento que favorece os dois lados”, resumiu.