UEL integra equipe que produz enxaguante bucal contra o vírus da Covid-19

De acordo com os estudos, o antisséptico bucal elimina o vírus da Covid-19 em 96%, evitando a propagação para outras pessoas. Até o momento, 23 pacientes  participaram da pesquisa e o produto tem sido bem aceito por eles, sem nenhum efeito colateral relatado.
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26/11/2020 - 09:44
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A Universidade Estadual de Londrina (UEL) participou do estudo que desenvolveu uma fórmula para um enxaguante bucal que elimina 96% do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19. Também integraram a pesquisa a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), em Bauru (SP), o Instituto de Ciências Biológicas da USP e o Instituto Federal do Paraná.

Trata-se do Detox Pro. O estudo é coordenado pelo cirurgião-dentista Fabiano Vieira Vilhena, pesquisador da USP, que também coordena o Centro de Pesquisa e Inovação da empresa que desenvolveu o produto.

A professora Andrea Name Colado Simão, do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, do CCS, explica que a participação da UEL ocorre em três etapas. 

Na primeira, pesquisadores da universidade comprovaram a eficácia do antisséptico bucal no Laboratório de Pesquisa em Imunologia Clínica. Foram analisadas amostras de saliva de pacientes que participaram da pesquisa clínica, realizada em outros centros de pesquisa.

Andrea destaca que a experiência do laboratório foi fundamental na padronização da análise de detecção viral em amostras de saliva, assim como na agilidade dos resultados, possibilitando que o produto possa ser lançado ainda este ano. 

A segunda etapa refere-se à realização de um estudo clínico, iniciado em outubro, que vai avaliar a eficácia do antisséptico bucal na carga viral em pacientes com diagnóstico de Covid-19 atendidos pelo setor de Moléstias Infecciosas do Hospital Universitário (HU/UEL).

O antisséptico vai ser usado individualmente ou em associação com spray nasal. “As pesquisadoras propuseram uma nova abordagem para avaliação da eficácia do produto aqui no HU de Londrina e irão analisar o efeito do antisséptico bucal não apenas em amostras de saliva, mas também em amostras coletadas com swab de naso-orofaringe”, explica a professora.

De acordo com ela, até o momento, 23 pacientes  participaram do estudo e o produto tem sido bem aceito por eles, sem nenhum efeito colateral relatado.

A terceira etapa será avaliar como o antisséptico atua de forma preventiva em funcionários do HU, como enfermeiros, médicos e residentes. Essa fase está prevista para janeiro de 2021.

VANTAGENS – Andrea Colado Simão afirma que o antisséptico apresenta como uma das vantagens ser administrado de forma tópica – ou seja, local – podendo reduzir a carga viral de Sars-CoV-2 e também a microbiota nasofaríngea. “Isso melhora clinicamente o paciente infectado e reduz a contaminação do ambiente”, afirma.

BLOQUEIO – O pesquisador da USP Fabiano Vilhena, que coordena os estudos, afirmou que o antisséptico bucal elimina o vírus da Covid-19 em 96%, evitando a propagação para outras pessoas. Ele ressaltou que as pesquisas foram aprovadas em Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, que estabelecem regras para o levantamento ético dos dados.

Além disso, há registro no Clinical Trials da Organização Mundial de Saúde e Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. Ao todo, foram dez estudos, entre epidemiológicos, clínicos e estudos de caso controle.

Vilhena explicou que o vírus, ao entrar no organismo humano, percorre uma rota. Ele vai para a glândula salivar, língua, amígdala e vias respiratórias. “Inativar a transmissão da Covid-19 nas vias aéreas é uma das formas mais eficazes de não avançar a doença para as vias aéreas respiratórias inferiores”, destaca. “O antisséptico é capaz de bloquear o vírus na cavidade oral, impedindo que ganhe forças e avance para o restante do organismo”.

Pela UEL, a coordenação dos trabalhos é da professora Audrey Alesandra Stinghen Garcia Lonni, do Departamento de Ciências Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Também participam da pesquisa o professor Marcell Alysson Batisti Lozovoy, do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas; os professores Walton Luiz Del Tedesco Junior e Philipe Quagliato Bellinati, do Departamento de Clínica Médica; a médica infectologista Zuleica Naomi Tano; a mestranda Luiza Mara Venâncio, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas; a pós-doutoranda Nicole Perugini Stadtlober do Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Laboratorial; e os estudantes do curso de Medicina Guilherme Lerner Trigo e Pedro Luis Candido de Souza Cassela.

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