UEL concede título de mestre a sua segunda estudante indígena

Damaris Kaninsãnh Felisbino defendeu sua dissertação no Colégio Estadual Indígena Benedito Rokag, em Tamarana. Ela mora na Terra Indígena Apucaraninha, território cuja linguagem característica serviu como objeto de pesquisa.
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12/10/2022 - 17:00
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A UEL concedeu o título de mestre em Estudos da Linguagem à segunda estudante indígena em mais de meio século de história. Damaris Kaninsãnh Felisbino defendeu sua dissertação no Colégio Estadual Indígena Benedito Rokag, em Tamarana. A defesa contou com a presença de professores da língua kaingang, estudantes e moradores da Terra Indígena Apucaraninha, território cuja linguagem característica serviu como objeto de pesquisa.

A banca examinadora foi formada pelo seu orientador, o docente do Departamento de Letras Marcelo Silveira, e pelo professor do Departamento de Serviço Social Wagner Roberto Amaral. Além dos professores da UEL, que são integrantes da Comissão Universidade para os Índios (Cuia), a banca contou com a presença da docente do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, da Universidade de Brasília (UNB), Ana Suelly Arruda Câmara Cabral.

O trabalho realizado pela estudante ajuda a fortalecer a língua e a cultura Kaingang, principalmente para a população da Terra Indígena Apucaraninha, onde ela vive e trabalha como professora. “Quem sempre escreveu e pensou a língua indígena foram os linguistas não indígenas. A Damaris representa essa ‘virada’, ou seja, uma indígena Kaingang pensando a língua do seu povo”, disse Ana.  

INCLUSÃO – A UEL foi uma das primeiras do País a pensar a inclusão de indígenas. A iniciativa que culminou na aprovação da Lei Estadual nº 13.134/2001 foi adotada em paralelo às movimentações políticas e educacionais realizadas na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e na Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat). 

Com o avanço trazido pelo marco legal, indígenas moradores do território paranaense passaram a contar com uma política de ingresso específica ao Ensino Superior, contando com vagas suplementares através de um “vestibular indígena”, como é popularmente chamada a porta de entrada da população indígena na graduação.

Entre 2002 e 2020, as Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do Paraná e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizaram 19 edições do “vestibular indígena”.

“O Paraná é o único que tem este desenho de ingresso e permanência na universidade de forma permanente. Isso é um fato importante, então você imagina na pós-graduação. É uma grande novidade para eles e para a universidade. A Damaris representa justamente essa luta, de se projetar no curso de Letras, terminar a graduação e a pós-graduação”, disse o professor Wagner. 

Atualmente há 38 estudantes indígenas na UEL, em 15 cursos de graduação. Outros três estudantes atravessam a Pós-Graduação Strictu Sensu e Lato Sensu. Já quando consideradas as sete universidade estaduais do Paraná, o número de estudantes indígenas em cursos de graduação salta para 240. 

PIONEIRA – Em junho do ano passado, o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social da UEL concedeu o título à estudante Gilza Ferreira de Felipe Pereira, que se tornou a primeira indígena a obter o título de mestre pela UEL.

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