O tabuleiro quadrado e dividido em 64 casas, escuras e claras alternadamente, aguarda. O estudante Gabriel Redon Rosa, 14 anos, começa a organizar cada uma das 32 peças: peões, bispos, cavalos, torres, damas e reis em suas devidas casas, em lados opostos do tabuleiro. O objetivo é o xeque-mate no adversário. Mas há muito mais em jogo.
Ao longo de cinco anos movimentando as peças, Gabriel avança no desempenho escolar e pontua experiências de vida. A mais recente é ser parte da delegação que conquistou um título inédito para o xadrez do Paraná nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), realizados na Cidade Olímpica, no Rio de Janeiro, de 29 de outubro a 5 de novembro.
O Paraná foi o campeão geral desta edição dos JEBs e trouxe para casa 22 medalhas de ouro, 27 de prata e 30 de bronze. No xadrez o Estado dominou, com ouro em todas as categorias disputadas: convencional masculina, convencional feminina e blitz misto. Com isso, garantiu o título por equipes no masculino e no feminino.
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Gabriel voltou do Rio de Janeiro com duas medalhas de ouro, que tira do bolso do uniforme para contar como foi. “Ter ido para outra cidade com a delegação do Paraná foi muito divertido. Conhecer a Vila Olímpica e ter jogado com pessoal de outros estados foi muito legal”, relembra sobre os 10 dias de muito aprendizado junto à delegação estadual, que disputou 17 modalidades no megaevento, com mais de 8 mil pessoas.
XADREZ E ESTUDOS – Desde os nove anos Gabriel une o xadrez à rotina escolar. “O xadrez é uma ferramenta muito boa para os estudos, porque ajuda muito na concentração”, afirma. O que o auxiliou a avançar nos estudos. “As notas subiram também porque me ajudou bastante a me concentrar e melhorar as minhas habilidades acadêmicas”, continua.
Alexandre Zampier, técnico da equipe de xadrez de Curitiba e que, junto com a professora Amanda Lermen, comandou a equipe campeã nos JEBs, acrescenta que o xadrez funciona como ferramenta pedagógica e de formação de valores.
“Leva a ter maior concentração, paciência, raciocínio lógico não só na escola, mas na vida, como a melhor tomada de decisões. E ajuda a construir valores, como respeito às regras e ao outro, cordialidade e honestidade”, explica Zampier.
O bom desempenho escolar, conforme o técnico, é uma conquista de cada um dos quatro enxadristas da equipe paranaense. Além de Gabriel Redon, do Colégio Nossa Senhora do Rosário, de Curitiba, a delegação contou com Maicon Ramazoti, do Colégio Estadual Emílio de Menezes, de Arapongas; Mitzi Vedan, do Colégio Integração, de Ponta Grossa; e Maria Eduarda Buiar, da Escola Santa Terezinha, de Ponta Grossa.
TREINOS E TORNEIOS – Sobre os treinos, o técnico Zampier lembra que a pandemia afetou os torneios presenciais, mas os alunos continuaram ativos, jogando e treinando online. “Eu consigo jogar com pessoas de todo o mundo pelo meu computador, isso facilita bastante os treinos e a troca de experiências”, diz Gabriel.
Além do esforço individual e por equipes nos treinos e nos jogos, a sincronia entre os calendários anuais de todas as fases é peça essencial para que os estudantes se destaquem em eventos nacionais e internacionais.
“Tivemos nossas fases regionais, fomos um dos poucos estados a realizar essa fase estadual na íntegra. E os resultados estão aí, nesse retorno dos Jogos Escolares Brasileiros, o Paraná recebe esse resultado de campeão geral no quadro de medalhas”, destaca Cristiano Barros Homem d’El Rei, diretor de Esportes da Superintendência Geral de Esportes.
Alunos, escolas e governo somam forças para que mais histórias como a de Gabriel sejam vividas e contadas. “Com o foco no planejamento desde a escola até os eventos internacionais, essa tríade de sucesso tem feito do Paraná uma referência no desporto escolar”, define Clésio Prado, presidente da Federação do Desporto Escolar do Paraná.
PARANÁ NOS JEBS – Os Jogos Escolares Brasileiros são uma competição promovida pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) e pelo Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Especial do Esporte, responsável por custear todos os gastos da etapa nacional (transporte, hospedagem e alimentação).
O Paraná contou com 215 atletas classificados, de 12 a 14 anos, e outros 40 técnicos e auxiliares técnicos que acompanharam os estudantes. Ao todo, a delegação foi composta por 284 pessoas que representaram o Estado.