Talentos paranaenses: Orquestra Sanfônica de Pato Branco é finalista no Prêmio Brasil Criativo

Prêmio tem a chancela do Ministério da Cultura como a premiação oficial da Economia Criativa no Brasil. O projeto da Orquestra Sanfônica de Pato Branco começou em julho de 2006.
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25/01/2023 - 17:50
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Um projeto muito especial é motivo de orgulho para todo o Paraná. Nesta terça-feira (24), a Orquestra Sanfônica de Pato Branco, no Sudoeste do Estado, foi anunciada como finalista do Prêmio Brasil Criativo, concorrendo com o Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga e o Bando de Teatro Olodum na categoria Comunidades Criativas. O evento oficial de premiação aconteceu no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Idealizado pela World Creativity Organization (WCO), o prêmio tem a chancela do Ministério da Cultura como a premiação oficial da Economia Criativa no Brasil. O objetivo da iniciativa é destacar quem valoriza a criatividade como matéria-prima para o desenvolvimento social, tecnológico e econômico sustentáveis.

Para o regente da Sanfônica, Diego Guerro, a notícia desse reconhecimento em nível nacional foi um grande incentivo para o grupo, que atua especialmente no Interior do Estado. "É um motor para que façamos mais coisas. Muito bom ver que estamos, por assim dizer, no caminho certo”, afirma.

Para ele, fazer música, arte e cultura no Interior tende a ser um pouco mais difícil do que nos grandes centros. Há processo de formação de plateia, dificuldade para dar visibilidade às ações e para promover propostas de forma contínua.

Luciana Casagrande Pereira, secretária estadual de Cultura do Paraná, comemora a projeção nacional do projeto. “A Orquestra Sanfônica de Pato Branco rompe fronteiras com sua sensibilidade, persistência e ousadia. São talentos do nosso Estado que projetam a cultura paranaense com merecido reconhecimento de todo o Brasil", afirma.

Projetos como esse, destaca a secretária, são de suma importância para a formação de público, difusão e descentralização da cultura. "Fortalecer iniciativas culturais em todas as regiões do Paraná é uma diretriz central da nossa gestão. Nossa meta é promover políticas públicas que reforcem a criatividade e a arte para além dos grandes centros urbanos", pontua.

PRÊMIO – Esta é a 4ª edição do Prêmio Brasil Criativo, que se divide em onze categorias regulares, uma de reconhecimento rotativo (selecionadas por júri) e três categorias de reconhecimento, indicadas por um comitê. Este ano as categorias foram Arquitetura, Arte Urbana, Artesanato, Audiovisual, Comunidades Criativas, Criadores de Conteúdo, Design, Games, Gastronomia, Lideranças Criativas, Moda, Música, Publicidade, Tecnologia e Startups.

TRAJETÓRIA O projeto da Orquestra Sanfônica de Pato Branco começou em julho de 2006 e teve como mentora Divina Scopel Martins. Ela teve a ideia de reunir os gaiteiros ou sanfoneiros da cidade, como são popularmente chamados os acordeonistas. Naquela época, a proposta era simples: promover encontros entre os músicos e os apaixonados pela sanfona para tocar em ensaios aos finais de semana. Inicialmente participavam cerca de vinte pessoas.

De lá para cá, o grupo cresceu em tamanho e história, conquistando seu espaço. 17 anos depois, mais de 100 músicos já passaram pela Orquestra Sanfônica de Pato Branco. Muitas pessoas que integraram o grupo acabaram se profissionalizando na música, outras têm a atividade como um hobby, uma paixão. Hoje são 15 integrantes fixos.

"O que é muito legal no projeto é a convivência de pessoas de várias idades e classes sociais diferentes. Temos o acordeonista mais novo com 12 anos, e o mais idoso com 76 anos. É por meio da linguagem musical que eles conversam, e é muito bonito ver isso. Temos a Orquestra Sanfônica como uma família", conta Diego Guerro. 

Ele comenta, ainda, que a relação com o público local é muito boa. "Depois desses anos todos, costumamos dizer que tocar aqui na região, especialmente em Pato Branco, é onde a gente mais gosta", completa. "Sempre tem casa cheia e uma resposta muito boa do público, que acaba considerando a Orquestra um dos símbolos culturais da cidade e da região".

Segundo ele, o acordeon é bastante popular porque muitas vezes há uma história familiar envolvendo o instrumento: um pai, um avô, uma tia que toca ou tocava. Nesse contexto, um dos papéis da Orquestra Sanfônica é o de levar essas conexões afetivas adiante e conversar com a nostalgia que o instrumento e a música trazem para cada pessoa que escuta ou assiste a uma apresentação. 

DE PATO BRANCO PARA O MUNDO – Em 2019, a Orquestra Sanfônica alcançou projeção internacional a partir de um convite para participação no Recanati Art Festival, na Itália. Na mesma viagem, os músicos tiveram passagem por outras cidades da Itália e também pela França.

"Foi uma experiência transformadora para o grupo por vermos a receptividade que a música brasileira tem fora do país e principalmente por tocarmos em uma região que é considerada o berço da produção de acordeons no mundo", afirma Guerro.

Só a cidade de Castelfidardo, onde o grupo se apresentou, tem nada mais nada menos que 60 fábricas do instrumento musical. Ainda em 2019, o grupo tocou na Argentina, país que assim como Itália, França e Brasil tem forte presença do acordeon em sua música popular.

A Orquestra Sanfônica de Pato Branco já foi declarada de Utilidade Pública Municipal e Estadual. O projeto foi contemplado em editais da Lei Aldir Blanc e conta com incentivo à cultura no âmbito federal. Participaram também do último edital do Profice nas categorias Música e Audiovisual.

REPERTÓRIO DE PESO – O repertório da Orquestra é formado por músicas autorais e releituras, e mostra a versatilidade da sanfona. Além das músicas regionais brasileiras que normalmente são associadas à sanfona, tocam bossa nova, choro, tango, milongas, chamamés. São dois discos gravados: "Releituras", de 2014, e "Outro Sul", de 2017.

Já está no radar do grupo o início das gravações de um terceiro álbum, "Orquestra Sanfônica de Pato Branco: 15 anos de história", que promete ser completamente autoral, baseado em músicas regionais do Sul com "os pés no Paraná e os olhos para o mundo", como define o regente.

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