Sinfônica do Paraná apresenta
concerto com repertório barroco

O maestro convidado Luís Otávio Santos, especialista em música barroca, é professor de violino em São Paulo e traz para a OSP neste domingo (9) programa exclusivo com Bach, Haendel e Corelli.
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06/06/2019 - 14:40
Editoria

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A Orquestra Sinfônica do Paraná apresenta neste domingo (9), às 10h30, no Teatro Guaíra (Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto), o Concerto Barroco, com regência do maestro-convidado Luís Otávio Santos, especialista em música barroca. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

O concerto terá as obras Abertura No. 3 em Ré Maior (Bach pai) e Sinfonia em Ré Maior (Bach filho). O programa se completa com Arcangelo Corelli e Georg Friedrich Haendel, ambos contemporâneos da família Bach.

O programa escolhido pelo maestro Luís Otávio Santos é uma oportunidade para conhecer os compositores mais marcantes desta parte da história musical e entender melhor como eles contribuíram para a música, orquestral e popular, como ela é hoje.

Segundo Santos, apesar de ser chamada popularmente apenas de música clássica, a música de orquestra se divide em vários outros estilos e épocas. “O barroco, período entre 1600 e 1750, foi um dos mais importantes, pois trouxe a primeira ópera, além de sonatas, cantatas e sinfonias em formatos próximos aos que conhecemos hoje em dia”, explicou.

Este período traz compositores que são até hoje conhecidos pelo público, como a família Bach. Seu membro mais famoso, Johan-Sebastian, nasceu na Alemanha em 1685 e foi um dos primeiros a unir os estilos musicais francês, alemão e italiano. Assim como seu pai, Carl-Emmanuel Bach também seguiu o ofício da família e se tornou um grande compositor barroco.

ENTREVISTA – Maestro Luís Otávio Santos falou sobre os principais pontos para quem quer aprender mais sobre a história da música e ficar atento durante o concerto. “Sem a música barroca hoje não teríamos orquestras, óperas ou sinfonias nos padrões que conhecemos”, afirmou.

Leia trecho da entrevista:

ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OSP – MAESTRO, PODERIA NOS EXPLICAR MAIS SOBRE O PERÍODO BARROCO?

LUÍS OTÁVIO SANTOS – Na história da música, nós temos diversos períodos que foram batizados para entendermos melhor esse percurso. O Barroco é a época que pode situar entre 1600 e 1750 e é uma época importantíssima com muitas novidades que a gente sente o eco até hoje. Por exemplo, a invenção da orquestra, a invenção da ópera, a invenção da música instrumental solística e virtuosística, tudo isso é um produto do Barroco. Temos também uma série de compositores que são muito importantes e que influenciaram muitos compositores posteriores, como Bach, Vivaldi, Corelli, e Haendel. É um período que merece sempre uma atenção especial porque tem um repertório vastíssimo e muito importante.

OSP – TEM ALGUMA CARACTERÍSTICA DA MÚSICA BARROCA EM ESPECIAL QUE O PÚBLICO PODERÁ PERCEBER NAS OBRAS QUE SERÃO APRESENTADAS?

MAESTRO – Tem como característica principal a eloquência e o caráter retórico. É uma música que fala muito diretamente ao público, então também por isso existe essa popularidade e esse fácil acesso à música clássica através do período Barroco. Os compositores pensavam a música como um discurso, como um teatro, não é a toa que a ópera é um produto desta época. Os instrumentos falam entre si, a construção musical é como se fosse um grande teatro, onde as pessoas estão realmente dialogando e há personagens, uma intriga, um roteiro.

Cada movimento, cada peça, se pode encarar como uma história. Isso diferencia muito o Barroco dos estilos posteriores, como o romantismo e a música moderna e contemporânea. Então, é uma música que fala diretamente ao público, mesmo que o público não entenda as regras musicais ela fala muito ao coração e a mente das pessoas.

OSP – O TAMANHO DA ORQUESTRA PARA O CONCERTO DESTE DOMINGO ESTÁ UM POUCO REDUZIDO. AS OBRAS DO PERÍODO BARROCO PEDEM ORQUESTRAÇÕES MENORES?

MAESTRO – As formações musicais do período Barroco eram menores do que se pode comparar com o que seria depois a orquestra sinfônica do período romântico. Todas as obras eram pensadas em uma instrumentação mais transparente. Quando vai se fazer uma interpretação mais estilisticamente correta, que na verdade é uma das minhas pesquisas, me aprofundar nessa informação histórica que a gente tem à disposição pra melhorar a nossa interpretação, a gente chega a conclusão que é inquestionável que as formações menores contribuem mais para essa eloquência, esse diálogo e o discurso sonoro. Não necessariamente tão pequenas, mas comparado ao padrão sinfônico é realmente muito menor.

OSP – O BARROCO EXISTIU NA MÚSICA BRASILEIRA TAMBÉM? TEMOS COMPOSITORES?

MAESTRO – Tem o que se chama de música colonial, que é o período Pré-Império. Do que seria da música do Século XVII, equivalente ao Barroco, infelizmente se perdeu muita coisa. O que temos muito bem documentada é a música do fim do Século XVIII, que corresponde ao estilo galante, ao estilo pré-clássico, até por uma defasagem do estilo musical da Europa, que demorava um certo tempo para chegar aqui no Brasil.

O que se fazia em 1780 na Europa não é o que se fazia em 1780 no Brasil, não é necessariamente uma música barroca, mas é uma música pré-Revolução Francesa. Chamamos tudo que é romantismo de pré-Revolução Francesa, seja Clássico, Barroco ou Renascentista, então temos, sim, um repertório aqui no Brasil que está dentro deste contexto.

SERVIÇO: Concerto Barroco.

Data: 09 (domingo).

Horário: 10h30.

Local: Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto – Guairão – Rua Conselheiro Laurindo S/N – Curitiba – Paraná.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

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