O fórum internacional de governos inteligentes ThinkinG, realizado pelo Governo do Paraná e a Celepar, em Foz do Iguaçu, reuniu nesta sexta-feira (28) servidores públicos estaduais de diversas áreas, prefeitos e lideranças políticas para discutir ideias que facilitem a vida dos paranaenses e que possam ser colocadas em prática, em breve. Cerca de 200 pessoas, entre especialistas da Celepar, servidores estaduais com cargos diretivos e membros do funcionalismo de carreira, como policiais militares, professores, bombeiros e engenheiros, dialogaram sobre educação, saúde, segurança pública, mobilidade e desenvolvimento social.
O ThinkinG, que começou na quinta-feira, teve como objetivo discutir governança digital, inovação e estratégias para tornar a gestão pública mais eficiente. No primeiro dia, especialistas de cinco países apresentaram experiências bem-sucedidas nestes temas. Nesta sexta-feira, os participantes se dedicaram a pensar ideias que possam ser colocadas em práticas rapidamente para o Governo do Paraná aprimorar o atendimento à população.
As ideias surgiram em 21 mesas temáticas de discussão, com a mediação de coordenadores de atendimento da Celepar. Cada mesa teve que apontar ao menos três projetos para serem replicados de maneira célere no Estado. Eles serão reunidos pela Celepar, apresentados às respectivas áreas, e podem virar soluções para melhorar a governança e facilitar a vida dos cidadãos.
Uma das ideias surgidas, por exemplo, foi a do PIÁ Social. Primeiro programa de inteligência artificial do Brasil focado na prestação de serviços à população, o PIÁ foi lançado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior na abertura do fórum internacional. A plataforma e o aplicativo reúnem mais de 380 serviços do Governo em um só lugar. A proposta do PIÁ Social, que seria uma versão 2.0 do original, é a de integrar as áreas que concentram atendimento direto ao público. Outro projeto mencionado foi um banco de dados unificado com todas as informações relevantes dos cidadãos, do histórico escolar a prontuários médicos.
SISTEMATIZAR - Segundo Allan Costa, presidente da Celepar, o ThinkinG optou por esse método de trabalho para alinhar o que foi discutido com especialistas de Israel, Canadá, Reino Unido, Estônia e Índia com a realidade do Paraná. “Na quinta-feira, primeiro dia do evento, ampliamos as referências, recebemos estímulos e ouvimos a experiência de países que já desenvolvem governos inteligentes. Nesse segundo momento aplicamos esses conceitos utilizando métodos ágeis para sistematizar e desenvolver ideias”, explicou.
Esse processo, disse Allan Costa, ajuda a transformar a mentalidade dos servidores e é parte de uma mudança de cultura, de entender os velhos problemas e buscar novas soluções. “Esse processo de tornar o Paraná um Estado mais inovador, mais moderno, não é da responsabilidade de um órgão, não é possível que se tenha um protagonista, tem que ser do Estado. Temos que colocar toda a estrutura do Estado dentro dessa mentalidade de buscar inovação com objetivo de gerar benefício para o cidadão”, completou.
MUDANÇA CULTURAL - Ao contrário do senso comum, destacou o presidente da Celepar, o Brasil é um país excelente para se empreender porque há inúmeras dificuldades em diversas áreas, o que possibilita mais espaço para implementar inovações. Ele também disse que a ideia do Estado mais inovador tem que partir da própria sociedade e que se ela se apoderar dessa ideia, o caminho é irreversível.
“O governador Ratinho Junior tem inspirado os servidores nesse sentido, com o sonho de ser o Estado mais inovador do Brasil. O que ele está falando é sobre entregar melhores serviços para a população. E como se faz isso? Primeiro mudando a mentalidade das pessoas. E como se faz inovação? Pela mudança de cultura. Esse foi o papel do ThinkinG. Nossa expectativa é construir um plano bem robusto de ideias para começar a implementar no Paraná.”
INTEGRAÇÃO - Segundo Eduardo Bekin, diretor-presidente da Agência Paraná de Desenvolvimento, o formato inovador do evento, com palestras e mesas temáticas, permitiu que a discussão extrapolasse o conceito tradicional de fórum para apresentar resultados mais concretos. “Mais de 200 pessoas discutindo oportunidades e ideias que realmente podem ser colocadas na prática, tanto no agronegócio, na segurança, na educação. Isso é inspirador”, afirmou.
Bekin também ressaltou que o ThinkinG se soma a outras iniciativas de ampliação do debate do Estado, como o Paraná Day e as três interiorizações (Cascavel, Londrina e Maringá). “O principal é que todos os envolvidos estão conversando, trocando informações. Há uma sinergia entre todas as áreas do Governo.”
Shaul Shashoua, palestrante de Israel e especialista em ecossistemas de inovação, disse que o evento reuniu apresentações pertinentes para o futuro do Paraná. “Foram discutidos modelos de govtech, inovação, eficiência do setor público e como ele deve atuar no desenvolvimento do Estado. Nesta sexta os servidores discutiram problemas reais, tratando com seriedade assuntos difíceis, e vendo o quão importante é sua participação nesse processo de inovação”, afirmou. “Tem que haver um estímulo para pensar, trazer para dentro esse sentimento de mudança”.
Henrique Domakoski, superintendente de inovação do Governo, completou que o fórum concentrou esse movimento do Paraná para se tornar o Estado mais inovador do País. “Esse evento foi crucial para começar a trazer referências mundiais para discutir a realidade local. Você não constrói nada grande se não tem pessoas boas envolvidas. Pode trazer resultados espetaculares”.
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Mesas temáticas apresentam novas ideias para o Paraná
Carlos Piasseski, coordenador de atendimento do Detran, ajudou a mediar a mesa temática de desenvolvimento sustentável e meio ambiente. Ele disse que o objetivo foi ajudar os servidores públicos a pensarem como cidadãos. “O que a gente percebeu é que quem trabalha em órgão público muitas vezes têm uma rotina muito específica que pode travar as ideias e a forma de executar. O intuito foi provocar para que todos saíssem da sua caixa para pensar como população, para renovar os serviços que já existem com uma nova visão”, afirmou.
Fábio Bettega, coordenador de atendimento da Educação, mediou a mesa de Família e Desenvolvimento Social. Segundo ele, o papel era trabalhar o processo de construção de ideias e não envolveu ninguém da área. “As ideias foram construídas a partir da gente, como se chega na população que não tem celular, que não quer ser atendida, tem rejeição ao Estado, como trazer para dentro do Governo”, afirmou. Segundo ele, o Estado até chega na ponta, mas segregado. “A escola cuida da educação, o assistente social cuida de outros quadros, e essas pessoas não se conversam. Temos o recurso material, mas falta integrar. A pessoa não precisa mais pensar em como procurar ajuda, mas saber que toda ela estará concentrada, o que é muito parecido com o PIÁ, nossa ideia seria de um PIÁ Social”.
Para Débora Ruedell, coordenadora de atendimento da Infraestrutura (Portos do Paraná, DER-PR, Secretaria de Infraestrutura e Logística, Agepar e Ferroeste), a inovação nesse setor exige questões de sistemas, backup, data-center e vigilância. No entanto, ela participou de uma mesa ligada a segurança pública. “Quando você trabalha em determinada área enxerga somente o seu lado. Mesmo com as ideias levantadas na mesa houve questionamentos como ‘isso já tentamos e não funcionou’. Você já cria empecilhos. O intuito foi de misturar as pessoas para que as ideias surgissem como cidadãos”, afirmou.
Débora também citou que a inovação não necessariamente precisa de um aplicativo ou um novo sistema. Em muitas oportunidades dá para a administração pública se aliar com a iniciativa privada. “A especialista Cordia Lewis, palestrante do evento, disse que no Reino Unido não se faz trabalho de pesquisa porque o Google faz isso. Não precisamos reinventar um modelo. Temos que achar outras formas de se aproximar dos cidadãos.”
LINHAS CONJUNTAS - O capitão da Polícia Militar Cláudio Prus participou da mesa temática sobre segurança pública e disse que o ThinkinG conseguiu reunir servidores que não costumam pensar em conjunto. “Todos queriam a integração e todos não se conversavam até então. Foi importante para traçar linhas conjuntas para melhorar cada vez mais os nossos serviços e otimizar todo o Estado do Paraná”, afirmou.
Segundo ele, uma das ideias propostas foi a criação de um banco de dados unificado das pessoas a ser disponibilizado para todas as secretarias, com intuito também de melhorar os serviços internos para dar agilidade e praticidade ao serviço público.