A comitiva da Secretaria Nacional de Segurança Pública, que está no Paraná com o projeto Senasp Itinerante, recebeu os secretários de Segurança Pública, comandantes-gerais das Polícias Militares e delegados-gerais de Polícia Civil do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (05/11). O encontro, que acontece em Curitiba, começou quarta-feira, prossegue nesta sexta e tem como objetivo debater ações e boas práticas futuras para a área. A iniciativa também vai permitir a troca de informações entre os órgãos da segurança no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A pauta das reuniões de quinta-feira envolveu gestão estratégica contra o crime organizado e investimentos em tecnologia, equipamentos e infraestrutura para os profissionais. Os três encontros foram presididos pelo secretário Nacional de Segurança Pública, coronel Carlos Renato Machado Paim. Os secretários estaduais apresentaram um panorama geral de suas gestões e modelos de atuação nos respectivos estados.
INTEGRAÇÃO - Para o secretário da Segurança Pública do Paraná, Romulo Marinho Soares, a integração é fundamental para alcançar melhores resultados. Ele citou a ações conjuntas, como a Operação Divisas Integradas, e falou também sobre projetos da secretaria focados na preservação da saúde mental dos policiais, agentes e peritos, com o anúncio de contratação de profissionais para prestar assistência aos integrantes dos órgãos de segurança pública.
“A Secretaria da Segurança Pública do Paraná percebeu a importância desta iniciativa de trazer outras secretarias e a Senasp. Falamos sobre práticas que estão dando certo em outros estados e que podem ser aplicadas no Paraná. Vemos com muito bons olhos essa troca de informações nas áreas de inteligência e tecnologia”, disse.
O vice-governador e secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, destacou operações integradas em andamento, demonstrando a gestão aplicada naquele estado, além de uma amostragem com estatísticas de criminalidade. Também falou sobre os eixos de organização administrativa e operacional de combate ao crime, políticas sociais, qualificação no atendimento ao cidadão e do sistema prisional. “Essa troca de ideias, a integração entre os estados, é fundamental e na Segurança Pública com mais razão ainda. As boas práticas aqui trazidas podem ser aproveitadas pelos outros”, afirmou.
O secretário da Segurança Pública e delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Paulo Norberto Koerich, destacou a importância da saúde mental, as ações integradas e o compartilhamento de dados entre os estados, principalmente entre as instituições de Polícia Judiciária, para alavancar investigações e prisões de autores de crimes. “Esta ação capitaneada pela Senasp e pelo Ministério da Justiça vem ao encontro do que as secretarias estaduais e as polícias civil militar, corpo de bombeiros e institutos gerais de perícia almejam, que é a melhoria da prestação dos serviços policiais, valorização das instituições e dos policiais”, afirmou.
POLÍCIAS MILITARES - Os comandos das Polícias Militares de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná explanaram ao coronel Paim sobre a importância da tecnologia aplicada a soluções de segurança pública, por meio de T.I, sistemas integrados, e também sobre o trabalho do Serviço de Inteligência das corporações militares no combate ao crime organizado.
O comandante-geral da PM de Santa Catarina, coronel Dionei Tonet, destacou a necessidade da busca por parcerias para evoluir os trabalhos ostensivos e de inteligência, e do fortalecimento da integração entre as instituições. “A reunião nos dá a possibilidade de levar as informações daquilo que precisamos, onde o calo nos aperta, para que a Senasp possa olhar os estados de maneira diferenciada. Há problemas comuns que precisam ser resolvidos, mas há também situações locais que carecem de atendimento diferenciado”, disse ele.
Já o comandante-geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, coronel Rodrigo Mohr Picon, focou na importância do serviço de inteligência. Segundo ele, no seu estado, o carro-chefe das ações de polícia são baseadas nas informações e conteúdos obtidos pelos policiais militares da Inteligência, permitindo ações com força total pelas equipes ostensivas. “A inteligência tem sido fundamental para diagnosticar problemas e agir em cima disso com força total, uma pronta resposta ao crime”, ressaltou.
Pela Polícia Militar do Paraná, o chefe do Estado-Maior, coronel Vanderley Rothenburg, destacou o apoio da Senasp pelos investimentos feitos principalmente ao Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), que atua na faixa de divisa com o Paraguai e Argentina. “A Senasp tem dado, principalmente para as operações, como a Operação Hórus, que está em andamento na região de atuação do Batalhão de Fronteira, suporte operacional e tecnológico. Tivemos ainda a instalação do sistema Enafron e a tecnologia artificial para que os nossos policiais desenvolvam e realizem um trabalho com excelência”.
POLÍCIA JUDICIÁRIA - Padronização em investigações relacionadas a crimes violentos, investimentos e ações para as polícias judiciárias do sul foram temas debatidos durante o encontro com os representantes da Polícia Civil dos três estados do Sul.
A delegada Nadine Tagliari Farias Anflor, do Rio Grande do Sul, abordou novas formas de interação entre os estados brasileiros, unificação de programas e ações, bem como investimentos na área de tecnologia. “A Delegacia online do Rio Grande do Sul teve um aumento no número de acessos e utilizações em 2020, o que mostra a importância de ações tecnológicas. Também solicitamos avanços no estudo de implementação de Registro Geral e Boletim de Ocorrência unificados, o que permitiria maior celeridade aos trabalhos de investigação”, explicou.
O delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Silvio Jacob Rockembach, enfatizou que mais projetos estruturantes poderiam colaborar para que a instituição melhore o índice de solução de crimes. “Pensar de uma forma macro, em melhorar a integração e a cooperação entre todas as polícias civis. Isso é fundamental. Implementando projetos estruturantes de forma integrada, conseguiremos avançar e quem ganha com isso é a população”, afirmou.
Outro foco do encontro foi uma padronização na forma de registros dos crimes, projetos para análises de provas criminais de uma forma integrada com outros estados, e maior atenção para a área de inteligência e tecnologia, que poderão contribuir para que a polícia judiciária dos três estados da região Sul consiga melhorar os indicadores criminais.
Para o delegado Paulo Norberto Koerich, de Santa Catarina, o encontro trará avanços significativos para as instituições. “Tivemos a oportunidade de trazer ao secretário nacional demandas que as policias civis têm no dia a dia e que muitas vez não conseguimos fazer com que se tornem realidade por falta de integração. Temos que fazer a integração de banco de dados e ter acesso as informações”, afirmou ele.
PRÓXIMOS PASSOS - Após o Paraná, o evento Senasp Itinerante irá para o Sudeste, e então todas as regiões terão recebido o programa. A próxima fase, segundo o secretário coronel Paim, será montar um plano de trabalho, que será apresentado ao Ministério da Justiça, com propostas de investimentos a curto, médio e longo prazo.
“Todas as reuniões foram muito produtivas, no sentido de que passamos a conhecer melhor a realidade do Sul do país”, disse ele. Nas três reuniões, o secretário da Senasp esteve acompanhado do diretor da Força Nacional de Segurança Pública, coronel Antônio Aginaldo de Oliveira; do diretor de Políticas de Segurança Pública, inspetor Marcelo Aparecido Moreno, e pelo diretor de Gestão e Integração de Informações, coronel Bilmar Angelis de Almeida Ferreira.