A Secretaria da Saúde do Paraná realiza nesta segunda e terça-feira (27 e 28), em Curitiba, capacitação para profissionais que atuam no Programa Estadual de Controle do Tabagismo e que serão multiplicadores das informações em seus municípios.
Na sexta-feira (31), a Secretaria promoverá, em parceria com a Secretaria da Saúde de Curitiba, um evento na Boca Maldita, na capital, para alertar e orientar a população sobre os problemas causados pelo uso e exposição ao tabaco. As ações, envolvendo várias áreas da saúde, marcarão o Dia Mundial sem Tabaco.
De acordo com a superintendente de Atenção à Saúde da Secretaria, Maria Goretti David Lopes, o Programa do Tabagismo está disponível em 763 estabelecimentos nas 22 Regionais de Saúde do Estado. Para ter acesso ao tratamento gratuito basta procurar a unidade de saúde mais próxima.
“Mais de 2 mil pessoas recebem anualmente o tratamento por meio do programa e cerca de 65% atingem o objetivo”, informa a superintendente. O atendimento é feito por diferentes profissionais e inclui avaliações clínica e psicológica, participação no grupo de apoio e medicamentos. “Neste momento estudamos o Planejamento Regional Integrado e entre as metas está a ampliação da rede de atendimento do Programa do Tabagismo”, explica Maria Goretti.
DADOS – Na abertura da capacitação, no auditório da Secretaria da Saúde, o médico Jonatas Reichert, da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia, lembrou que 56 doenças estão relacionadas ao vício do tabaco. “O tabagismo é considerado uma pandemia - enfermidade amplamente disseminada - e o Brasil registrou cerca de 132 mil óbitos em um ano apenas, de acordo com o último levantamento”, informou.
Entre as doenças provocadas pelo tabaco, o médico ressaltou o câncer de pulmão. Segundo ele, 90% dos casos da doença acontecem em fumantes ativos, mas os fumantes passivos, aqueles que convivem no mesmo ambiente, também são atingidos.
Além do câncer, o tabaco é conhecido há mais de 100 anos como fator de risco para a tuberculose e para inúmeras doenças crônicas respiratórias. “A fumaça do tabaco apresenta 60 compostos considerados carcinogênicos”, explicou o médico. A prevalência do tabagismo no país está em 11,5 % da população e Curitiba é a capital com maior registro, de 15,6%.
PROGRAMA – Apesar da prevalência, o Paraná se destaca na implantação de leis de combate e a Secretaria de Estado da Saúde mantém um programa de controle de tabagismo considerado modelo, informou a enfermeira Aureni Desplanches, da Divisão da Saúde da Família e Promoção em Saúde.
O programa segue critérios do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e é desenvolvido por equipes multiprofissionais de saúde. “Capacitamos 1.206 profissionais para atuação no programa. O eixo principal da abordagem é comportamental, mas a escolha por hábitos saudáveis de vida deve partir do usuário do tabaco”, explicou a enfermeira. Além disso, pode haver o indicativo de medicamentos, que estão disponíveis na rede, desde que sejam prescritos por médicos atuantes no programa.
ALERTAS – Nas palestras de capacitação, o odontologista e professor da Universidade Federal do Paraná, Cassius Torres, lembrou da grande incidência de casos de câncer bucal provocados pela inalação da fumaça. Segundo ele, 75% dos casos atendidos são pacientes que fazem uso do tabaco; inicialmente surgem processos inflamatórios, que se tornam repetitivos e que podem evoluir para o câncer.
O engenheiro agrônomo Marcos Andersen, da Vigilância em Saúde, também alertou para os problemas que afetam os trabalhadores rurais que atuam na colheita do fumo. “Eles ficam expostos à intoxicação causada pela absorção da nicotina pele em contato com a folha do tabaco e, a longo prazo, podem evoluir para câncer, doenças cardiovasculares e depressão, entre outras doenças. No Paraná, 10 municípios produzem fumo abrangendo o trabalho de mais de 17 mil agricultores”.
INCA – A representante do Ministério da Saúde e do INCA, Vera Lúcia Borges, destacou mais uma preocupação, relacionada a cigarros ilícitos e outros produtos que contém nicotina, como o narguile. Segundo ela, uma hora de consumo de narguile equivale a tragar cem cigarros. “Seguimos atentos, levando as informações e orientações e agregando cada vez mais profissionais ao programa antitabagismo”.
“Nosso propósito é prevenir sobre os riscos da iniciação pelos jovens e evitar que fumantes troquem a chance de parar pela de se manterem dependentes do tabaco”, complementou a enfermeira Aureni Desplanches, do Programa Nacional de Controle do Tabagismo.