A Sanepar está preparada para produzir hidrogênio renovável e auxiliar as pesquisas e arranjos técnicos, econômicos e comerciais nesta área, contribuindo para que o Paraná seja o Estado mais sólido no país em energia renovável. O diretor da Companhia, Claudio Stabile, participou nesta quarta-feira (3) do painel Estratégias para Produção de Hidrogênio Renovável e de Baixo Carbono no Paraná, durante o 1º Fórum de Hidrogênio Renovável (H2) do Paraná.
No evento, o governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou uma série de medidas para criar uma política integrada em relação ao insumo. Especialistas participaram de painéis que discutiram temas que foram desde a produção do H2, passando pela competitividade, inovação e demandas de longo prazo.
O presidente da Sanepar explicou que uma das fontes de produção de hidrogênio renovável é o esgoto. A Sanepar atende atualmente cerca de 8 milhões de habitantes com serviços de esgotamento sanitário, tratando 100% do esgoto coletado.
Em 261 estações de tratamento, em sua maioria dotada de reatores anaeróbios, o maior parque do mundo com plantas dessa natureza, são processados 476 bilhões de litros de esgoto por ano. Esse volume tem potencial de geração de 42 milhões de metros cúbicos de biogás, anualmente, que seriam suficientes para produzir cerca de 56 milhões de metros cúbicos de hidrogênio, volume que garantiria a circulação diária de 2.740 veículos elétricos durante um ano.
“Uma única estação de tratamento de esgoto atende a 12 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) dos 17 preconizados pela ONU. Somos uma empresa que distribui água potável, coleta e trata esgoto e leva saúde preventiva à população. E buscamos cada vez mais a inovação e a sustentabilidade, indo além da pegada econômica para uma visão de economia circular”, disse Claudio Stabile.
Segundo ele, o desafio agora é transformar os subprodutos dos processos, que hoje geram despesa, em receita acessória. Stabile citou as parcerias da Sanepar com instituições internacionais na realização de pesquisas em energia renovável. “A Companhia está atenta ao que está acontecendo no mundo e está preparada para este grande momento no Paraná, integrando o time do Estado que pode fazer muito pelo Paraná, pelo Brasil e até pela América Latina”, ressaltou.
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PESQUISA – No painel Inovação e Pesquisa para o Uso do Hidrogênio Renovável no Paraná, o gerente de Pesquisa e Inovação da Sanepar, Gustavo Possetti, falou das iniciativas inovadoras em energia renovável que estão em andamento na Companhia. Um exemplo são os estudos de secagem e transformação térmica de lodo de esgoto.
Após estudos em escala-piloto, validando conceitos e consolidando balanços de massa e de energia, atualmente está em fase de pré-operação um sistema capaz de processar até 5 toneladas por hora de lodo úmido na ETE Atuba Sul, em Curitiba, que reduz o material a cinzas e recupera a energia do biogás e do próprio lodo seco.
O gerente apresentou também o projeto da Sanepar classificado em primeiro lugar em edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que visa a produção de hidrogênio renovável a partir da reforma catalítica a seco do biogás e sua posterior conversão para ser utilizado na eletromobilidade.
A pesquisa será desenvolvida pela Sanepar e pela Copel, em parceria com a Universidade Federal do Paraná e o CIBiogás, ao longo de 36 meses. O projeto prevê, entre outras ações, a construção de uma inédita unidade de referência, com capacidade de produção de 14,5 kg de H2/dia, o equivalente ao abastecimento de três carros elétricos por dia. “Será a primeira planta do Brasil de produção de hidrogênio renovável focada na reforma catalítica a seco do biogás oriundo do esgoto”, disse.
Outro projeto de estudo de viabilidade para a introdução de tecnologias renováveis de produção de hidrogênio em estações de tratamento de esgoto no Paraná será desenvolvido pela Sanepar, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) e o Ministério Federal do Meio Ambiente, Natureza, Segurança Nuclear e Proteção (BMUV) da Alemanha.
Uma equipe de consultores alemães e brasileiros atuará em conjunto com a Sanepar avaliando aspectos mercadológicos, regulatórios e modelos de negócios. O projeto, aprovado pelo governo alemão em janeiro, será iniciado na próxima semana, assim que assinado o respectivo acordo de cooperação em Berlim.