A primeira metade das obras da Pequena Central Hidrelétrica Bela Vista foi concluída esta semana com o desvio temporário do rio Chopim. A manobra vai permitir a continuidade da construção da barragem que foi iniciada pela margem esquerda e, agora, poderá avançar pelo leito do rio até a margem direita.
Para iniciar a construção da barragem e das adufas (vãos de concreto por onde o rio está sendo desviado), foram erguidas ensecadeiras – barragens provisórias de terra que isolaram a porção do leito onde se concentraram os trabalhos na primeira fase. Essas ensecadeiras foram retiradas ao longo dos últimos dias. Primeiro a que estava rio acima (montante) e, depois, a que estava rio abaixo (jusante), liberando a passagem da água através das adufas. Na sequência, será iniciado o processo de isolar o outro trecho do leito do rio – por onde a água estava passando – para que possa ser erguida a segunda parte do maciço de concreto, concluindo o barramento para formação do reservatório.
"O desvio do rio é um dos principais marcos da obra e, mesmo diante dos desafios e limitações impostas pela pandemia, estamos cumprindo rigorosamente o cronograma do projeto. Isso é resultado de uma gestão eficiente e do comprometimento das equipes da engenharia, meio ambiente e fundiário que estão trabalhando em ritmo intenso e de forma coordenada", destaca o diretor geral da Copel Geração e Transmissão, Moacir Carlos Bertol.
Em outras frentes de serviço, avançam os trabalhos para construção da estrutura da casa de força que vai abrigar as unidades geradoras de energia e do circuito de geração que vai levar a água do reservatório até as turbinas. Também foi iniciada a instalação de linha de distribuição em alta tensão (138 mil volts) que vai escoar a eletricidade produzida na Usina até a subestação existente da cidade de Dois Vizinhos. O próximo grande marco da obra é o início da montagem eletromecânica previsto para o dia 8 de agosto.
Próximo ao canteiro da PCH, também seguem em andamento as obras da ponte sobre o rio Chopim que fará a ligação rodoviária entre os municípios de Verê e São João. A ponte terá extensão de 200 metros e estrutura em concreto, no local onde hoje é feita a travessia por balsa.
RESERVATÓRIO E RECOMPOSIÇÃO DE APP - Recentemente foram iniciados os serviços de retirada de vegetação e demolição de construções da área que será destinada à formação do reservatório da hidrelétrica. Essas atividades são acompanhadas de um programa de salvamento de flora, que tem o objetivo de coletar espécies vegetais encontradas nos locais destinados à implantação do empreendimento para replantio na Área de Preservação Permanente (APP) do futuro reservatório.
Hoje, a área desapropriada conta com 123 hectares de cobertura florestal - o restante já foi destinado à agricultura e pecuária e boa parte da APP do rio está degradada. Com instalação da PCH, será recomposta uma faixa de 100 metros de vegetação nativa ao redor do reservatório, resultando em 290 hectares de mata preservada na APP - mais que o dobro da área de floresta atual.
"Esse programa nos dá condições de melhorar as condições ambientais encontradas antes do empreendimento. Muitas áreas onde hoje há lavoura ou pasto serão reflorestadas e permanentemente protegidas", destaca o diretor executivo da Bela Vista Geração de Energia, Roberto Werneck Seara.
O programa de salvamento de flora é realizado por uma equipe de biólogos, engenheiros florestais e auxiliares da região que resgatam mudas de espécies ameaçadas de extinção, como por exemplo, a Araucária (Araucaria angustifolia) e o Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum), bem como bromélias, orquídeas, cactos e outras plantas .que se encontram nos galhos das árvores encontradas na área a ser alagada.As plantas passam por um processo de triagem e poda antes de serem cuidadosamente replantadas. Frutos e sementes das espécies encontradas são coletados e encaminhados para viveiros especializados em produzir mudas.
Após o encerramento das atividades de resgate, será realizado o monitoramento do replantio, que vai contribuir com o enriquecimento das Áreas de Preservação Permanente e demais remanescentes florestais da região.