A atenção à saúde da população negra no Paraná foi tema de uma reunião nesta terça-feira (29) entre o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, e o coordenador da Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social do Paraná (Sudis), Denilton Laurindo. A Superintência foi criada este ano e funciona como porta de entrada dos movimentos sociais no Estado.
No encontro, Beto Preto destacou que a secretaria discute nesse momento o Plano Estadual de Saúde, que dedica um capítulo à população negra. São 3,5 milhões de pessoas, o correspondente a 31% dos paranaenses. “Uma população que produz efetivamente em nosso Estado e que merece a promoção da saúde integral, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais e a discriminação nas instituições e serviços do SUS”, disse Beto Preto.
Segundo pesquisa do IBGE, 67% da população negra utilizam os serviços do SUS no país.
O coordenador da Sudis ressaltou que a superintendência promove a ação Diálogos Itinerantes para fazer o diagnóstico de projetos sociais em desenvolvimento no Paraná. “É o primeiro censo social do Estado e para isso contamos com o apoio de todos os órgãos governamentais, e a Secretaria da Saúde é importante fonte de dados para este levantamento”, disse Laurindo.
Novembro é o mês da Consciência Negra no País e várias atividades serão programadas pela Sudis. A secretaria estadual da Saúde participará de evento alusivo à data, assim como as Regionais de Saúde.
AÇÕES - A Secretaria da Saúde desenvolve ações dirigidas à populaçao negra e territórios quilombolas, com apoio dos municípios. “Temos um incentivo estadual repassado aos municípios que têm essas comunidades. Hoje são 18 cidades recebendo os incentivos que são destinados à promoção da saúde. Em contrapartida, os municípios mantêm agentes comunitários acompanhando diretamente os moradores das comunidades”, explicou Lucimar Godoi, técnica da Divisão de Comunidades Vulneráveis da secretaria.
A estratificação de gestantes negras para acompanhamento da doença genética falciforme é outra ação dirigida da pasta. A doença é hereditária e prevalecente nos negros, com frequência de 6% a 10% nesta população, leva a uma deformação de glóbulos vermelhos e dificulta a circulação sanguínea.
“Logo que a gestante procura o serviço de saúde e se autodeclara negra, preta ou parda, recebe sinalização de risco intermediário e tem tratamento dirigido para prevenção de agravos que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê. Este cuidado ainda se estende a diabetes do tipo II e hipertensão arterial. O atendimento direcionado às gestantes negras acontece nos 399 municípios do Paraná”, destaca a técnica da divisão.
A Atenção à Saúde da População Negra também foi tema de evento no Interior do Estado, em Arapongas, no último fim de semana. O encontro marcou o Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doença Falciforme e o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra.
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Saúde trabalha novas estratégias para atendimento aos indígenas
Uma reunião ampliada sobre saúde indígena no Estado, com secretários municipais e as Regionais de Saúde, também aconteceu nesta terça-feira (29), em Curitiba. As discussões se concentraram na necessidade de uma articulação municipal com as equipes técnicas, além da implamentação de atenção diferenciada para a área materno infantil.
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, ressaltou a importância do diálogo e a abertura de novas propostas para a população indígena. “Temos hoje no Paraná mais de 16 mil indígenas que merecem uma comunicação mais franca e aberta. Precisamos de novas estratégias, tratando-se de uma população um pouco mais fechada, com toda a legalidade que cerca essas pessoas e o respeito que merecem. Vale a pena ouvi-los para entender esse contexto e trabalharmos por um grande entendimento da construção de uma proposta diferenciada em saúde”.
Atualmente, o Paraná possui 30 Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígenas (EMSI) que atuam em todas as aldeias no Estado. Elas são compostas por médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de saúde bucal, agentes indígenas de saúde e agentes indígenas de saneamento que atendem 64 aldeias em 32 municípios.
Valter Viana, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Litoral Sul, falou sobre a importância da evolução das parcerias entre os municípios e o Governo. “Nos colocamos à disposição do governador e do secretário para avançarmos na discussão de políticas públicas para que a sociedade indígena possa ser beneficiada em todos os âmbitos da saúde”.
Para o secretário de Saúde de Mangueirinha, Ivoliciano Leonarchik, representante do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná (Cosems), a reunião é um sinal efetivo de muitos avanços no atendimento à saúde das comunidades indígenas. “Temos vários gargalos quando o assunto é saúde indígena e precisamos amadurecer muito para que os municípios que atendem essa população possam trabalhar com estratégias diferenciadas, de acordo com a fragilidade de cada caso”.
PRESENÇAS – Participaram da reunião a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da secretaria estadual, Maria Goretti David Lopes, a chefe da Divisão da Saúde da Mulher da pasta, Carolina Poliquesi, diretores de Regionais de Saúde do Estado e responsáveis técnicos das equipes multidisciplinares que tratam a saúde indígena nos municípios.