Residência artística de Nilson Sampaio no Alfredo Andersen explora inclusão na cultura

O espaço da residência artística do Complexo Alfredo Andersen, anexo à Academia e ao Museu Casa, recebe o professor e artista visual Nilson Sampaio para desenvolver o projeto “Ensinando a Voar”, iniciativa que auxilia crianças e jovens dentro do espectro autista a se desenvolverem usando técnicas de arte e desenho.
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23/05/2024 - 11:30
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O espaço da residência artística do Complexo Alfredo Andersen, anexo à Academia e ao Museu Casa, recebe o professor e artista visual Nilson Sampaio para desenvolver o projeto “Ensinando a Voar”, iniciativa que auxilia crianças e jovens dentro do espectro autista a se desenvolverem usando técnicas de arte e desenho. Em residência desde 14 de maio, o artista comanda o projeto no ateliê até 14 de junho.

“A arte é um potencializador de desenvolvimentos do autista, que passam pelo comportamento, desenvolvimento emocional, habilidades sociais e outras funções, e impactam até mesmo na entrada dessa pessoa no mercado de trabalho”, diz Sampaio, que durante o período de residência, traz os alunos dele para aulas no museu e para acompanhar de perto as obras de Alfredo Andersen. "Propor atividades diferentes em um espaço cultural é uma oportunidade para eles interagirem com pessoas, além de incentivar eles a saírem de casa e conhecerem lugares".

Sampaio também destaca a importância da arte como meio de comunicação e expressão, especialmente para crianças autistas. "Um desenho e uma pintura são a comunicação em sua forma mais pura. É a primeira forma de expressão de uma criança antes dela escrever", afirmou. Segundo ele, as atividades criam autoestima, autonomia e desenvolvem talentos escondidos.

Como educador especial, Sampaio reconhece a importância da assistência na troca de conhecimento entre aluno e professor ao organizar fluxos, enfrentar e respeitar rotinas e situações peculiares de cada aluno dentro do espectro, encontrando um ponto de flexibilidade para a autonomia deles. Um exemplo curioso disso é de uma das alunas de Nilson que se destaca pela escolha artística peculiar de só retratar o personagem Mickey Mouse em todos os seus desenhos.  

Além do diário de bordo preenchido com suas vivências na temporada, ao final da residência, Sampaio pretende apresentar uma exposição de obras individuais pintadas por seus alunos sobre a mesma paisagem, destacando a diversidade de interpretações e a visão dos jovens. "A chuva é a mesma. Cada um sente de um jeito só seu", explica o professor.

A abordagem da arte-educação dentro dos museus não promove apenas a inclusão e a diversidade, mas também abre caminhos de compreensão às perspectivas de pessoas com autismo. “É muito importante que os funcionários dos museus estejam preparados, informados e treinados para receber neurodivergentes, alinhados com o acolhimento, sensibilidade e cuidado, evitando situações desconfortáveis que possam", complementa.

Sampaio estará disponível no ateliê do museu nas tardes de segunda e sexta, e nas manhãs de quarta-feira, onde visitantes, educadores e entusiastas poderão interagir com ele e seus alunos, trocando experiências e aprendizados. Para acompanhar a divulgação do progresso e as novidades do projeto durante a residência, o público pode seguir as redes sociais do Museu Casa Alfredo Andersen (@museualfredoandersen) e do próprio artista (@sampaioartista).

SOBRE O ARTISTA – Especialista em inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Nilson Sampaio iniciou sua carreira artística com apenas 14 anos. É graduado em Gravura (EMBAP) e em Licenciatura em Artes Visuais (Unespar). Desde 2013, dedica-se à arte para neurodivergentes. Em 2019, especializou-se em Análise Comportamental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

RESIDÊNCIA – Desde 2019, o projeto de residência artística do Museu Casa Alfredo Andersen se propõe a receber artistas do Paraná, do Brasil e do mundo para uma temporada de produção e interação com o museu e seu acervo. Desde então, o ateliê já recebeu diferentes nomes importantes da cena local como Rettamozzo e Alfi Vivern, e também abrigou o trabalho de artistas internacionais e outros projetos, como os italianos Alberto Salvetti e Christian Balzano, o chinês Tong Yanrunan e a japonesa Mayumi Taguchi.

Serviço:

Nilson Sampaio no Ateliê Alfredo Andersen

Até 14 de junho, segundas e sextas, das 14h às 17h e quartas das 9h às 12h

Museu Casa Alfredo Andersen – Rua Mateus Leme, 336 – Curitiba

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