Reconhecido pelo atendimento humanizado que os pacientes recebem, o Hospital de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, de Curitiba, é uma referência no apoio multidisciplinar e no tratamento especializado de pessoas com deficiências físicas, sequelas, malformações congênitas, amputações ou lesões neuromusculares no Paraná.
Nesta quinta-feira (26) ele ganhou o reforço de uma parceria com a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), referência nacional em reabilitação, convênio que vai ofertar ainda mais serviços aos pacientes, e de um prédio anexo, formatando o Complexo Hospitalar Silvio Santos.
São mais de 80 mil atendimentos ao ano, incluindo mais de 50 mil sessões de fisioterapia, hidroterapia, serviço social, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, nutrição, entre outras terapias. Todas elas com uma prioridade: a relação humanizada e atenciosa com pacientes.
“A humanização é extremamente importante, porque são pacientes que chegam a nós fragilizados. Não só eles, como os parentes deles também. É fundamental, portanto, ter uma atenção especial com todos eles para que a reabilitação aconteça da melhor forma possível”, explica a gerente médica do Hospital de Reabilitação, Irina Yamamoto de Barros.
A história de Francismeire da Silva Vieira e sua filha Layane, de 3 anos, é exemplo de como este cuidado acontece na prática e das consequências positivas deste tipo de atendimento. “Passamos por muitos lugares antes de chegar aqui. Quando chegamos, parecia que estavam todos de braços abertos nos esperando”, diz a mãe.
A criança nasceu em São Paulo com microcefalia e paralisia cerebral em decorrência da toxoplasmose. Segundo Francismeire, no entanto, o diagnóstico demorou para ser feito na capital paulista, fazendo com que ela e a filha passassem por vários hospitais até encontrarem um tratamento adequado para a criança no Hospital de Reabilitação de Curitiba.
“Foram meses procurando por um diagnóstico adequado e pelas terapias certas, até que me indicaram vir para Curitiba. O que encontramos aqui é difícil de encontrar em outro lugar. Ela foi muito bem acolhida e, por esse motivo, decidi me mudar para cá, onde ela recebe um tratamento maravilhoso”, afirma a mãe de Layane.
Na unidade paranaense, a criança desenvolve há dois anos uma série de terapias com suporte multidisciplinar para a paralisia cerebral, visando a independência em algumas atividades e a melhora da mobilidade. Além disso, Layane também recebeu do hospital uma cadeira de rodas adaptada para a condição dela. “A expectativa é de que ela consiga, com o tempo, ter a melhor qualidade de vida possível”, diz Francismeire.
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RECUPERAÇÃO – Os pacientes chegam ao Hospital de Reabilitação após serem encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde ou por outros hospitais da rede estadual, como o Hospital do Trabalhador. Podem ser pacientes com patologias infantis, com condições congênitas, acidentados e pacientes neurológicos.
Eles passam por uma triagem médica que avalia a elegibilidade para iniciar tratamento na unidade e, depois, por uma avaliação global que vai determinar o tipo de reabilitação e quais as programações de atividades multidisciplinares que deverão ser realizadas no hospital. O plano de recuperação passa desde a fisioterapia, terapia ocupacional, sessões com fonoaudiólogas e psicólogas, até a nutrição, por exemplo.
Agostinho de Oliveira, de 65 anos, cumpre o programa de reabilitação há dois anos no hospital para vencer as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de um edema cerebral. Logo após o incidente, o paciente chegou a ficar sem a calota craniana por cinco meses, além de perder a fala e vários dos movimentos do corpo. Agora, após muito cuidado e um tratamento disciplinado, ele comemora vários avanços.
“Era uma situação muito grave, em que poucas pessoas se salvam. Mas a equipe médica é nota 10, me atendeu muito bem, e tem me ajudado a melhorar todos os dias”, diz o paciente.
Hoje, Agostinho se recuperou de quase todas as sequelas, vivendo com algumas restrições de mobilidade e andando com a ajuda de uma bengala. “A recuperação dele foi incrível. A condição atual dele era inimaginável lá na época do AVC. Quando a gente vê que ele tem um progresso, a família toda melhora junto com ele”, comemora a filha de Agostinho, Ana Paula Zanlorenzi.
AUTOESTIMA – O objetivo das diferentes terapias, envolvendo vários aspectos da recuperação dos pacientes, é tratar todos os aspectos da reabilitação, tanto físicos quanto psicológicos e emocionais.
“Muitas vezes são tratamentos longos e demorados, e o hospital acaba virando uma segunda casa dele ao longo deste período de reabilitação. Por isso é importante ter uma abordagem atenciosa”, afirma a coordenadora do setor de Fisioterapia do hospital, Doris De Pietro Zaneti.
Também faz parte deste trabalho a entrega e adaptação de próteses, órteses e equipamentos que ajudam na mobilidade dos pacientes. Eles passam por um ambulatório multidisciplinar, que conta com um médico, um fisioterapeuta e um técnico que atuam em conjunto, avaliando qual a melhor solução para cada situação.
No setor, os profissionais também orientam os pacientes sobre o uso dos equipamentos e providenciando as alterações necessárias para a melhor qualidade de vida e mobilidade de cada um.
“A reabilitação nada mais é do que ganho de função. Às vezes é alguém que, com uma bengala, passa a conseguir ir sozinho a uma consulta médica ou uma pessoa que estava em uma maca e ganha alguma mobilidade com uma cadeira de rodas. São coisas que mudam as vidas das pessoas”, diz uma das médicas responsáveis pelo setor de Órteses, Próteses e Materiais de Auxílio à Locomoção (OPMAL) do HR, Chiara Crema.
O hospital ainda conta com um Ambulatório de Próteses Faciais Reconstrutivas, direcionado para pessoas que perderam alguma outra parte do rosto, tiveram algum tipo de mutilação facial ou nasceram com alguma doença congênita. Além de ajudar na parte estética e funcional do rosto, como recuperar a mastigação, fonação e até a respiração dos pacientes, as próteses são importantes para a autoestima deles.
“São pessoas que tiveram algum tipo de câncer ou sofreram algum acidente e, por exemplo, perderam o nariz, o olho ou a orelha. Uma prótese ajuda essa pessoa a resgatar a identidade”, afirma a cirurgiã dentista responsável pelo setor, Roberta Zanicotti.
As próteses são feitas pela equipe do hospital, que realiza alguns exames para projetas o formato exato de cada peça. Ao longo do desenvolvimento das próteses, são feitas várias provas até que o tom de pele e o formato da prótese fiquem perfeitamente ajustados ao rosto do paciente.
“É sempre muito emocionante quando o paciente instala a prótese e se vê pela primeira vez com um rosto com o qual ele se identifica. São muitas pessoas que deixaram de fazer atividades simples do dia a dia por conta de uma mutilação, como ir à farmácia ou a um almoço de família, e que voltam a ter confiança e amor própria para realizá-las”, diz Roberta.
INVESTIMENTOS – Desde 2019, o Governo do Estado tem investido significativamente na expansão da infraestrutura do hospital. Entre as melhorias estão a criação do Ambulatório de Próteses, a instalação de 20 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a ampliação de 45 leitos de enfermaria, o aumento de três para cinco salas cirúrgicas, a criação de um laboratório de neurocirurgia e a implementação de um posto de coleta laboratorial 24 horas.
Durante a pandemia de Covid-19, o hospital desempenhou um papel crucial como retaguarda, oferecendo leitos dedicados ao tratamento da doença. Atualmente, o HR possui 20 leitos de UTI e 51 leitos de enfermaria, sendo parte integrante da Rede Hospitalar Estadual.
Entre os 82.442 atendimentos feitos pelo HR, estão 24.589 consultas e 4.504 exames. Para manter a excelência dos serviços prestados, a Sesa destina anualmente cerca de R$ 31 milhões para a manutenção da unidade.
Confira o vídeo com algumas histórias: