Para além dos atendimentos individuais voltados a pessoas de baixa renda, o Programa Permanente de Esterilização de Cães e Gatos (CastraPetParaná) atua como catalisador de uma corrente a favor da causa animal no Estado. Reúne, em uma grande rede de apoio, diversas ONGs e milhares de protetores independentes.
Foi o que aconteceu em São José dos Pinhais. A passagem de sete dias, entre 10 e 16 de março, pela cidade mais populosa da Região Metropolitana de Curitiba, beneficiou 687 pets, que foram castrados, vacinados e microchipados. Além disso, os tutores, muitos deles vinculados ao terceiro setor, receberam conteúdos de educação ambiental, como a tutela responsável, conscientização e bem-estar animal, com orientações sobre zoonoses, vacinação e desvermifugação.
É o caso da protetora e presidente do Instituto Seres e Vidas, Delzi Moura. Ela abriu o centro de apoio a partir da perda de um animal de estimação em um momento conturbado da vida, em que se recuperava de uma depressão pós-Covid-19. Um dia, a cachorra simplesmente desapareceu e nunca mais voltou, uma busca que dura até hoje. Jornada que obrigou a tutora a entrar em contato e conhecer grupos de proteção animal de todo o País. O laço estava formado.
“O diferencial do Instituto é a percepção de que por trás de um animal vítima de maus tratos pode haver um tutor com problemas, por isso montamos uma espécie de miniprefeitura, com várias pastas, que envolvem a assistência social, doação de cestas básicas, roupas, medicamentos e tudo aquilo que é necessário, seja para o animal ou para o tutor”, conta. “É importante destacar que o CastraPet nos permite trabalhar juntos para criar um mundo melhor para os animais. Protetores, veterinários e comunidade, todos juntos em favor de uma causa comum”.
Ivana Carraro também é protetora em São José dos Pinhais, responsável pela ONG Grãos de Areia. “Uma luta de 30 anos pela causa”, diz. Durante o mutirão do CastraPet, levou oito gatos para serem atendidos pela equipe médica. Apenas parte de uma população de 26 gatos e 18 cachorros que esperam por adoção.
“Sou só um grãozinho na imensidão do abandono, mas quando consigo bons adotantes, é como se o grão de areia produzisse uma pérola”, explica ela, contando detalhes de uma dessas pérolas que ajudou a salvar. “O Buddy foi um gato que resgatei com esporotricose, 90% do corpo tomado. Ele ficou um ano e quatro meses em tratamento na ONG, foi adotado e hoje mora nos Estados Unidos”, ressalta, sem esconder o sorriso de gratidão.
Quem também sempre aproveita as ações de castração é Osana Tereza Albrecht. Ela mora em Piraquara, também nos arredores da Capital, mas percorre as cidades vizinhas em busca de apoio. Nesse caso, o suporte do CastraPet Paraná. “Os animais são bem cuidados, é feito o pós-operatório. Uma mão na roda essa parceria com o Governo do Estado, nos ajuda muito”, afirma, tutora de 115 cães à espera de um novo lar.
PROGRAMA – Implementado pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná (Sdest), em 2020, o CastraPet Paraná está no quarto ciclo. Essa etapa começou em novembro de 2024 e vai até abril deste ano, com a estimativa de esterilizar 35.282 animais, entre cães e gatos, de 175 municípios de todas as regiões do Paraná.
Inserido no Plano Paraná Mais Cidades (PPMC), estabelecido pelo Governo do Estado para promover o desenvolvimento dos municípios paranaenses, o programa terá investimento nesta etapa de R$ 9.625.000,00. Ao fim deste ciclo, o CastraPet Paraná terá atendido mais de 107 mil animais de 324 municípios (81% do Estado) desde que foi implementado.
A proposta contempla exclusivamente pets da população de baixa renda, de organizações da sociedade civil ou de protetores independentes. Além disso, o programa propõe a educação sobre a tutela responsável de cães e gatos, que contribui para a conscientização ambiental, especialmente entre crianças e adolescentes, um dos requisitos para participar do projeto.
Outra ação que permite que municípios continuem integrados ao CastraPet é a intensificação da vacinação antirrábica, que visa a promoção da saúde pública e do pet. Para isso, o Governo do Estado monitora de perto as atividades organizadas pelas cidades parceiras.
O programa ainda oferece palestras sobre zoonoses e orientações sobre a vacinação e desvermifugação de animais, coordenadas pelo Núcleo de Educação Ambiental do Instituto Água e Terra, autarquia vinculada à Sedest. A colaboração se estende a uma rede que une diversas ONGs e milhares de protetores independentes, todos compartilhando o objetivo comum de elevar a conscientização da sociedade em relação aos animais.
“A iniciativa não se limita apenas a controlar a reprodução de animais, almeja promover uma comunidade mais compassiva, desempenhando um papel crucial na sensibilização sobre a importância da esterilização e na prática da tutela responsável”, afirma a coordenadora técnica e fiscal do Castrapet na Sedest, a médica veterinária Girlene Jacob.
COMO PARTICIPAR – O agendamento de horários para castração dos pets ocorre diretamente em pontos determinados pelas prefeituras, parceiras do Estado na iniciativa. No momento da inscrição, os tutores recebem todas as orientações sobre o pré e pós-operatório. Estão incluídos no CastraPet o recebimento de medicamentos para os cuidados após a cirurgia e a aplicação de um microchip eletrônico para identificação do animal.