A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) desenvolve um projeto de zooterapia com crianças, idosos e pessoas com deficiências, no município de Bandeirantes, no Norte do Estado. Também chamado de Atividades Assistidas por Animais (AAA), esse tipo de cuidado terapêutico vem recebendo destaque na área da Saúde, principalmente como alternativa para tratamentos psicológicos, sem o uso de medicamentos.
A ação de extensão universitária beneficia, aproximadamente, 35 idosos e 60 crianças com idades entre seis e 15 anos, assistidos por instituições beneficentes, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), o Lar das Crianças, o Lar Bezerra de Menezes e o Lar de Idosos São Vicente de Paula. Antes da pandemia da Covid-19, os encontros ocorriam quinzenalmente nas sedes das entidades.
Segundo a orientadora do projeto, professora Mariza Fordellone Rosa Cruz, do Curso de Medicina Veterinária, no Câmpus Luiz Meneghel, em Bandeirantes, essa prática terapêutica proporciona inúmeros benefícios, com efeito positivo no desenvolvimento relacional, comportamental e social dos pacientes.
“Os pacientes demonstram entusiasmo durante os encontros e interesse pelo retorno dos bichinhos. Também percebemos uma evolução nas características individuais, como a diminuição da timidez e do estresse e o aumento da afetividade e comunicação”, destaca.
Doutora em Saúde Pública, ela esclarece que os animais contribuem para uma melhora significativa no quadro clínico dos pacientes, no que se refere à socialização e ao desenvolvimento de atividades físicas. “A criação de laços emocionais com os pets gera reação nos neurotransmissores relacionados ao bem-estar, aumentando os níveis de dopamina e serotonina no cérebro, que são responsáveis pela sensação de prazer e motivação”, explica a professora.
Recém-formada em Medicina Veterinária pela UENP, Thais Aparecida Wenceslau atuou como bolsista no projeto durante a graduação e confirma os benefícios do contato com os animais para a autoestima, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. “Depois da zooterapia, as crianças autistas, por exemplo, geralmente se sentem mais calmas e receptivas, e as pessoas com algum tipo de deficiência intelectual se tornam mais comunicativas”, salienta.
Ao todo, a ação envolve cinco professores e oito alunas de diferentes períodos do Curso de Medicina Veterinária, entre bolsistas e voluntárias. A partir do retorno das atividades presenciais da UENP, previstas para o próximo mês, a expectativa é estender o projeto de zooterapia para oito escolas públicas de Ensino Fundamental de Bandeirantes, além de cinco creches, que já vinham sendo visitadas pela equipe.
ANIMAIS – Os pets selecionados para o projeto são cachorros, gatos, coelhos, hamsters, bezerros, leitões, calopsitas, jabotis e tartarugas. Todos passam por higienização e exames clínicos antes e depois das sessões terapêuticas. São avaliadas as frequências cardíaca e respiratória e outros aspectos como hidratação e coloração de mucosas, para evitar zoonoses e prevenir doenças ortopédicas e dermatológicas nos bichos.
Durante as atividades, a equipe acadêmica também analisa o temperamento dos animais, a fim de detectar quaisquer sinais de estresse, de acordo com o comportamento de cada espécie e as condições climáticas do dia.
MANUAL – A equipe do projeto está produzindo um manual de zooterapia, contemplando vários tópicos informativos sobre essa atividade terapêutica, como espécies de animais indicadas; acompanhamento de pacientes; cuidados relativos ao bem-estar e à saúde humana e animal; habilitação de profissionais; e legislação. O conteúdo pedagógico deve ser publicado ainda no primeiro semestre de 2022 pela Editora UENP.
As pessoas interessadas no projeto podem acompanhar pelo Instagram, no perfil @zoo.terapia.uenp. A página é atualizada continuamente com informações sobre o tema, promovendo conhecimento de forma simples e didática.