A produção de alimentos em hortas comunitárias de forma segura, do ponto de vista sanitário, é uma das preocupações dos professores e estudantes envolvidos no Projeto de Extensão Hortaliças Seguras: Do Campo à Mesa. Há dois anos, os envolvidos no projeto dialogam com horticultores que atuam em hortas comunitárias em Londrina, além de produtores de todo o Norte do Paraná, sobre segurança alimentar e controle de zoonoses que podem infectar as plantações de hortaliças.
A coordenadora do projeto e professora do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Fernanda Pinto Ferreira, explica que a ideia do projeto, que iniciou como projeto de pesquisa, surgiu devido aos altos índices de zoonoses encontrados em hortaliças de consumo cru em hortas na cidade.
O projeto conta com professores de Medicina Veterinária e Agronomia, do CCA, além de cinco alunos pós-graduandos, de programas de mestrado e doutorado. Também dois residentes e cinco graduandos.
“Observamos que havia grande percentual de parasitas, como giárdia e toxoplasma, em hortaliças. Como não se pode colocá-las em alta temperatura para eliminá-los, optamos por começar um projeto de conscientização com os horticultores”, ressaltou. Fernanda conta que a iniciativa surgiu quando ainda estava em residência, junto do professor do Departamento de Medicina Veterinária Italmar Teodorico Navarro. “Ele é o meu mentor, foi ele quem deu andamento no início”.
O projeto seguiu até 2019 como pesquisa, quando se transformou em uma atividade de extensão. Desde então, Fernanda e mais 17 envolvidos iniciaram uma série de visitas nas 15 hortas comunitárias espalhadas por Londrina. O objetivo era um só: orientar os horticultores para produzirem alimentos de forma segura e higiênica, processo que implica em uma série de alterações no modo de produzir, acondicionar e consumir as hortaliças.
Além de Fernanda, o projeto conta com mais seis professores de Medicina Veterinária e Agronomia, além de cinco pós-graduandos (um mestrando, dois doutorandos e dois residentes) e cinco graduandos, sendo um estudante bolsista.
Como parte do projeto desde 2019, o grupo estreitou relações com a Secretaria de Educação municipal de Londrina para fazer uma série de palestras em escolas de ensino básico para conscientizar as crianças e jovens da necessidade de higienizar as mãos e os alimentos na hora do consumo. Devido à pandemia do novo coronavírus, essa etapa, embora fundamental, teve de ser adiada.
CICLO – Os cuidados com a sanidade das hortaliças devem começar logo no início do processo, de acordo com a coordenadora do projeto. Primeiro, com a escolha da água, que deve ser tratada, afinal é um importante vetor de contaminação de parasitas. “Boa parte da água utilizada nas hortas comunitárias em Londrina é tratada, então não temos muito problema com isso aqui. Mas é importante reforçar”, disse.
Nesse sentido, uma orientação importante é em relação aos tanques de enxague. Para resistirem mais tempo, as hortaliças colhidas passam por um banho em um tanque de enxague. Essa água também deve ser tratada e, além disso, substituída com frequência para que novos patógenos não contaminem as hortaliças.
Para manter uma horta livre de zoonoses, Fernanda também ressalta que é necessário deixar animais, mesmo domésticos, longe da produção: “Felinos, principalmente, podem transmitir várias dessas doenças. Devem manter distância das hortas”.
ATIVIDADES – Desde o início das medidas de isolamento social, as atividades do projeto de extensão estão sendo online. Os pesquisadores reuniram os horticultores em um grupo de WhatsApp e, desde então, conversam com eles por esse canal. “Tiramos dúvidas sobre zoonoses e, também, a respeito de assuntos de agronomia”, comenta. Essas dúvidas ficam por conta da professora do Departamento de Agronomia integrante do projeto, Lígia Erpen.
Estudantes interessados em participar do Hortaliças Seguras: Do Campo à Mesa podem entrar em contato com a professora Fernanda, pelo e-mail fernandaferreira@uel.br.