Projeto de colégio estadual é finalista de prêmio científico

Projeto de reflorestamento com uso de foguetes é de três alunas do Colégio Agrícola de Palotina e está na final do prêmio Respostas para o Amanhã, da Samsung. É o único finalista da região Sul e competiu com 800 projetos de todo o país.
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23/10/2020 - 10:30
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O projeto de reflorestamento usando foguetes, desenvolvido por três alunas do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Agrícola Estadual Adroaldo Augusto Colombo, de Palotina, no Oeste do estado, é um dos 10 finalistas do prêmio Respostas para o Amanhã, da Samsung, que contempla inovações científicas e tecnológicas de todo o país. A iniciativa consiste no uso de protótipos que têm um compartimento para abrigar sementes. O minifoguete é lançado e, quando atinge a altura máxima, a peça com as sementes se desencaixa e desce até o solo. Dessa maneira, é possível reflorestar áreas de difícil acesso, onde não é possível chegar com plantadeiras.

O protótipo inicial era feito com PVC e tinha um custo de R$ 50 por unidade.  Agora, a equipe decidiu apostar em um modelo de papel reciclado, que custa R$ 2. “A ideia é que o produto possa atender países que não têm condições financeiras para fazer reflorestamento. Queremos o menor custo possível, para que seja viável para o mundo todo”, diz Emmanuel Zullo Godinho, professor que orientou o projeto.

Além do custo reduzido, o novo material também trouxe soluções em relação à sustentabilidade. Os protótipos de PVC, após o lançamento, precisavam ser recolhidos, para não poluir o solo. Com os minifoguetes de papel reciclado biodegradável, não há essa necessidade.

Existem diferenças em cada modelo em relação à altura atingida. Os de PVC atingem até 300 metros, o que resulta em 284 metros quadrados de área de reflorestamento. Já os de papel alcançam entre 30 e 50 metros de altura, chegando a uma área plantada de cerca de 40 metros quadrados. “Mas é melhor lançarmos 10 foguetes de papel do que um de PVC”, pondera Emmanuel.

VÍDEO - O novo modelo será apresentado em um vídeo que as alunas Estephany Cristine da Silva Alves (15), Marina Grokorriski (16) e Kawany Caroline Duarte da Rocha (14), e o professor vão gravar para a fase final da premiação. O projeto vencedor (a ser anunciado em novembro) será escolhido de acordo com o resultado de uma votação aberta para o público, que poderá assistir aos vídeos dos 10 finalistas.

Se vencer, a equipe receberá smartphones e uma viagem para São Paulo, para participar do Prêmio Respostas para o Amanhã América Latina. Por chegarem à final, as estudantes já conquistaram para sua escola uma televisão e um notebook.

MENINAS FAZENDO CIÊNCIA — A iniciativa é fruto da parceria do colégio agrícola com o projeto Meninas nas Ciências, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sob a coordenação da professora Mara Fernanda Parisoto, do Departamento de Engenharia e Exatas da instituição. O intuito da ação é valorizar e incentivar o envolvimento de alunas na área da ciência e da tecnologia.

“Admiro as pessoas que dedicam suas vidas para novas descobertas”, diz Estephany. “Participar de algo como esse projeto nunca tinha passado pela minha mente. Me surpreendi com quão longe conseguimos chegar.”

O professor também se diz surpreso com tamanha dedicação das três estudantes. “A desenvoltura delas está sendo fantástica. São meninas de 14 a 16 anos fazendo pesquisa de alto nível”, afirma Emmanuel. “Acredito que educação sem pesquisa e prática não é educação. Por isso, é tão importante ver meninas envolvidas nessa área”, comenta.

 A proposta recebeu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) um auxílio total de R$ 25 mil e bolsas nas modalidades Iniciação Científica e Iniciação Científica Júnior.

 INCÊNDIO FLORESTAL — Em setembro de 2019, o Parque Nacional de Ilha Grande, no Noroeste do Paraná, perdeu mais de 60% de sua área de preservação ambiental em um incêndio, o equivalente a cerca de 2 mil hectares atingidos pelo fogo. O acontecimento despertou o interesse dos pesquisadores em encontrar soluções para reflorestar a área.

 “Pesquisamos as plantas nativas da região do parque e decidimos pela pitangueira e pelo ipê branco”, conta Emmanuel. A equipe ainda não pôde fazer lançamentos no local devido às medidas de distanciamento em decorrência da pandemia e, também, em virtude de aspectos meteorológicos — são preferíveis os períodos de chuva, quando há maior chance de germinação e quando não há risco de incêndio causado pela faísca que ocorre durante o lançamento.

Assim, o grupo ainda aguarda para usar os minifoguetes no Parque Nacional de Ilha Grande. Até o momento, os testes acontecem em regiões de campo, com sementes de milho e soja.

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