O Programa Prumos, criado no fim de 2020 pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Segurança Pública, atua para melhorar a qualidade de vida de policiais militares e civis, agentes penitenciários, bombeiros e peritos oficiais e seus dependentes.
A unidade de Curitiba, que atende desde janeiro, oferece ações voltadas à saúde mental dos servidores. Está instalada em espaço externo às instituições de segurança, adaptado para as atividades propostas e o acolhimento. Também funciona em espaço próprio a unidade de Londrina, na região Norte. E há outros centros de atendimento em divisões policiais de mais 17 cidades do Interior.
Segundo o gestor do Centro Atendimento Psicossocial da Segurança Pública de Curitiba e Região Metropolitana, Eduardo Rodrigues Cabrera, que é perito da Polícia Científica, o programa está se fortalecendo à medida em que os servidores passaram a ter mais confiança nos serviços prestados.
“Aqui no centro oferecemos atendimento psicológico, desde psicoterapia individual até psicoterapia de grupo”, explicou. “Também é ofertada assistência relacionada à garantia de direitos ou suporte em casos de vulnerabilidade social, por meio do nosso serviço de assistência social com trabalho terapêutico e psicoemocional”.
Segundo Cabrera, a Segurança Pública possui diversas peculiaridades e a intensa exposição dos profissionais a situações de violência e marginalização podem afetar a saúde e o relacionamento familiar. Por isso, é redobrada a preocupação da secretaria em oferecer atendimento ambulatorial para prestar os primeiros cuidados e, caso necessário, fazer o encaminhamento do profissional para atendimento especializado.
“Temos recebido avaliação e comentários de alguns servidores atendidos e de seus dependentes. Eles nos dizem como está sendo importante o Prumos na vida deles. Esse programa ainda é muito jovem e a perspectiva é de que os atendimentos aumentem porque existe bastante demanda”, disse Cabrera.
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ADEQUAÇÃO – Com a pandemia, os atendimentos foram readequados e as atividades em grupo continuadas por meio de videoconferências. Um exemplo é o trabalho que envolve as profissionais da Polícia Científica. São feitas reuniões periodicamente em grupos de até 10 pessoas para tratar de temas específicos relacionados à essência da mulher na segurança pública.
“O programa está se adequando a algumas variáveis, uma delas é a pandemia, em que priorizamos que os atendimentos sejam online para aqueles que não se sentem confortáveis para um atendimento presencial e também em função da distância em relação ao centro. Temos alguns exemplos de servidores sendo atendidos online em Paranaguá, na Ilha do Mel, na Região Metropolitana, porque fica difícil para eles se locomoverem até aqui, principalmente neste momento crítico”, informou Cabrera.
SOLUCIONAR – O psicólogo Marcos José Alves Cesar Netto, que já prestou atendimentos antes do Prumos em unidades da Polícia Militar, explica que o maior objetivo do programa é fazer com que o agente de segurança pública possa solucionar problemas consigo mesmo e com seus entes queridos, para que possa ter mais qualidade de vida e, consequentemente, melhor desempenho no trabalho.
“Estamos aqui para ajudar as pessoas em momentos de crise, ajudá-las a se encontrarem, a lidarem com parentes que estão com problemas, o objetivo é melhorar a vida deles”, explicou.
Para o psicólogo Ednomar Calisto Lauriano, que também atua no Prumos Curitiba, o desafio de trabalhar com os profissionais de segurança pública é recompensador quando se acompanha a evolução do paciente.
“Estamos fazendo esse papel de cuidar deles e tem sido um desafio. Mas também é muito gratificante nesse momento, porque estamos conseguindo alcançar alguns objetivos, ou seja, proporcionar acolhida e a possibilidade de trabalhar essas questões em saúde mental”, afirmou.
A assistente social Generci Terezinha Tosatti explica que o atendimento em um local neutro, fora das unidades policiais, proporciona mais tranquilidade para que o servidor possa conversar com mais privacidade e sigilo. “Muitas vezes, quando falamos de saúde emocional, não queremos que nosso colega de trabalho esteja sabendo. Mas, ao mesmo tempo, o servidor faz a diferença no seu espaço de trabalho quando está nesse acompanhamento. Então eles vêm buscando esse atendimento diferenciado”, afirmou.
Ela cita, ainda, que o atendimento psicossocial aos servidores chega até os familiares. “Dá uma grande diferença na qualidade de vida, principalmente ao dependente ou próprio policial que está acamado. Estamos orientando, buscando alternativas tanto de tratamento como da relação familiar para dar suporte nisso tudo”, detalhou.