Depois de quatro anos aposentado, o cabo Claudinei Lourenço resolveu voltar a vestir a farda para atuar no policiamento das escolas estaduais. Ele é responsável pelo turno da manhã no Colégio Estadual Flávio Warken, em Foz do Iguaçu, na região Oeste do Estado, um dos 51 colégios estaduais contemplados pela primeira fase do programa Escola Segura, do Governo do Paraná.
O programa foi lançado no início de maio pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e, além de Foz do Iguaçu, está funcionando em colégios de Londrina e da Região Metropolitana de Curitiba. O objetivo é inibir crimes e delitos e incentivar a participação da comunidade escolar em ações contra o tráfico e uso de drogas, violência, bullying e danos ao patrimônio público.
“Os policiais são orientados pelo time pedagógico para agir no âmbito da segurança e da prevenção dentro das escolas. Com mais segurança, o ambiente de ensino fica muito melhor”, explicou o secretário da Educação e Esporte do Paraná, Renato Feder.
A estudante Rafaela Santos Soares, de 14 anos, concorda. Segundo ela, o clima na escola melhorou bastante desde que os policiais começaram a atuar no colégio. “Eu me sinto mais segura e aposto que minhas colegas também, porque agora nem casos de briga na escola tem mais”, revelou.
A sensação de segurança também é compartilhada pela estudante Marjane Dotto, de 13 anos. “Depois que aconteceu aquele atentado em Suzano eu fiquei com bastante medo de vir para a escola, eu até queria faltar. Mas depois que os policiais começaram a ficar na escola todo dia e eu fiquei mais tranquila. Agora eles são meus amigos, eu converso com eles todos os dias”, disse.
COMPORTAMENTO - Segundo a diretora Maria Aparecida da Mata, a presença dos policiais também contribuiu para melhorar o comportamento dos alunos e inibir a presença de pessoas com má índole próximo à escola. “A partir do momento que o governo lançou esse programa, nós notamos que diminuíram muito os casos de indisciplina dos alunos. A presença de pessoas que ficam na frente da escola tentando com má intenção também reduziu”, disse.
Maria Aparecida destacou também o trabalho pedagógico realizado pelos policiais. “Os policiais conversam com alunos, não é aquela abordagem de rua porque eles entendem que estão trabalhando com estudantes, então eles conversam porque o policial não está na escola para que o aluno tenha medo, mas que se sinta protegido”, contou.
TRANQUILIDADE – A aprovação à presença dos policiais no colégio não é restrita à comunidade escolar, mas geral. A profissional autônoma Suely dos Santos Magalhães de Jesus, que mora no bairro há 26 anos, contou que a presença dos policiais no colégio trouxe uma sensação maior de segurança para todos os moradores do entorno do colégio. “Foi uma iniciativa muito boa trazer a polícia para dentro da escola e também para mais perto da população. A gente se sente mais seguros e protegidos porque sabemos que tem um policial próximo servindo a escola e a comunidade”.
Para a dona de casa Marilza Dias, que leva os filhos todos os dias até o portão da escola pela manhã e à tarde, a insegurança que sentia todos os dias passou. “Antes estava perigoso aqui no bairro e no entorno da escola, mas agora com a presença dos policiais todos se sentem mais seguros, eu deixo meus filhos na escola e volto mais tranquila porque sei que meus filhos estão seguros”, disse.
EXPERIÊNCIA – Ao longo de 27 anos de profissão, o cabo Claudinei Lourenço também atuou em escolas. Ele fez parte da primeira turma do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), em 2008, no município. “Trabalhar oferecendo segurança para os alunos de toda a escola foi o que me motivou a deixar aposentadoria e voltar a trabalhar”, disse Lourenço. “Além disso, todo dia eu aprendo um pouco com eles”, comentou.
ESCOLA SEGURA - Parceria entre as Secretarias da Educação e da Segurança Pública, o projeto prevê a presença de policiais militares da reserva remunerada nas escolas estaduais em dois turnos: das 7 às 15 horas e das 15 às 23 horas. Inicialmente participam 51 colégios de Foz do Iguaçu, de Londrina e da Região Metropolitana de Curitiba.
Para atuar nas escolas os policiais passaram por vários treinamentos que totalizaram 20 horas. Eles participaram de cursos de capacitação de conhecimento gerais sobre o policiamento escolar, abordagem policial, e tiro, além de ato infracional e indisciplina, encaminhamento e medidas socioeducativas e interação com os diretores.