O Governo do Paraná lançou o edital para remoção de formações rochosas que são obstáculos para a navegação na entrada do Porto de Paranaguá. A obra, chamada de derrocagem, é aguardada há décadas pela comunidade portuária e vai permitir que os portos paranaenses recebam navios maiores, com capacidade de carga superior.
O investimento previsto é de quase R$ 32 milhões com recursos próprios dos Portos do Paraná. “Estas rochas estão localizadas na área de manobra dos navios e limitam a profundidade na entrada da baia. Com a remoção, junto com os investimentos de dragagem, teremos ganhos operacionais efetivos”, explica o diretor-presidente, Luiz Fernando Garcia.
Na obra, considerada emergencial, serão removidos seis maciços de rochas que somam 22,3 mil metros cúbicos. A menor delas tem 361 metros cúbicos e a maior 8 mil. As formações são parte de um complexo conhecido como Pedra da Palangana, com mais de 200 mil metros cúbicos, e está localizada no canal principal de acesso ao Porto de Paranaguá, um pouco à frente do Terminal de Contêineres.
De acordo com o diretor de Engenharia e Manutenção dos portos, Rogério Barzellay, o edital prevê a contratação do projeto executivo e da execução da obra. “O projeto básico já foi feito e a obra já está licenciada pelo Ibama. Nossa previsão é que o processo de contratação seja finalizado nos próximos seis meses. Depois disso, a expectativa é que a empresa vencedora do certame finalize a obra em até oito meses”.
OBRA - A licença para a execução da derrocagem está inserida na licença de instalação 1144/2016, da dragagem de aprofundamento de 2017. O procedimento ocorrerá em várias etapas. Primeiro, um grupo de mergulhadores verifica se existem peixes ou outros animais marinhos nas rochas. Em seguida, utilizam um dispositivo que emite vibrações sonoras que repelem os organismos para fora da área de impacto das explosões.
A fim de garantir o menor nível de impacto possível aos organismos presentes na área a ser derrocada, antes da primeira explosão é realizado ainda o monitoramento acústico com um dispositivo sensível às frequências sonoras emitidas por golfinhos e botos e que permite identificar se ainda há algum desses animais próximos à região de impacto.
O passo seguinte é a instalação de uma cortina de bolhas que reduz o impacto da explosão e impede a reaproximação dos animais. Antes da detonação, os mergulhadores permanecem espaçados para continuar a verificação da área.
Na sequência, uma barcaça equipada com perfuradores se posiciona em cima das rochas e, então, faz furos nas pedras que são carregados com explosivos. Após a explosão, uma draga mecânica equipada com guindaste e grab (concha) ou escavadeira recolhe os pedaços menores das rochas e os deposita em uma barcaça com cisterna. No cais, outro guindaste pega as rochas da barcaça e carrega os caminhões que levam o material para o destino determinado pelo Ibama.
Todo o procedimento será acompanhado, desde a contratação até um ano após a conclusão da obra, por um monitoramento ambiental específico.
EXIGÊNCIA - O projeto básico desenvolvido pelos Portos do Paraná determina a utilização de explosivos menores, com malha com mais furos. Além disso, o as demais operações do porto não serão interrompidas durante todo o período. Outras exigências são que o responsável técnico seja um profissional com experiência nesse tipo de trabalho e que todas as licenças exigidas pelos órgãos ambientais sejam cumpridas.
“A nossa preocupação é que a obra seja executada com eficiência e total segurança para os trabalhadores e toda fauna local”, reforçou o diretor de Engenharia e Manutenção.
APÓS OS TRABALHOS - Finalizada a derrocagem, a empresa fará uma batimetria de categoria A, que mede a profundidade da área e é usada para garantir a segurança e a eficiência do tráfego de embarcações. Os resultados desta medição serão encaminhados à Marinha para validação e determinação de um novo calado, que corresponde à altura de água necessária para o navio flutuar livremente.