A Portos do Paraná, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), iniciou a parte prática de um monitoramento nas encostas da Serra do Mar para verificar os sedimentos que descem com a chuva e assoreiam as baías de Antonina e Paranaguá. A parceria da empresa pública com a instituição é inédita e tem objetivo de fornecer dados para projetos futuros de redução de processos erosivos, consequentemente reduzindo a taxa de assoreamento.
Os pesquisadores farão análise da quantidade de sedimentos gerados nas bacias hidrográficas, de acordo com o tipo de cobertura vegetal presente em cada localidade. Com isso, a expectativa é estimar se a recuperação de áreas degradadas através de sistemas agroflorestais é capaz de reduzir a necessidade da dragagem de manutenção nos portos paranaenses, preservar o meio ambiente e gerar novas fontes de renda para os proprietários de terras em áreas degradadas.
“A intenção é que os professores e pesquisadores nos ajudem a construir um material acadêmico que nos ajude a encontrar soluções para recuperação destas áreas, com ganhos no aspecto ambiental e reflexo na operação portuária”, apontou o presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
O diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná, João Paulo Santana, explica que não existem registros de ações semelhantes em nenhum outro porto do mundo. “Foi feito um levantamento e esse tipo de monitoramento é pioneiro no setor portuário. Serão monitorados os sedimentos que as águas das chuvas carregam para dentro da baía, ou seja, com este estudo vamos avaliar o quanto a gente vai evitar de terra e outros materiais sendo carreados até o mar por meio da recuperação da cobertura vegetal das bacias hidrográficas”, justificou.
INTERAÇÃO – A parte prática iniciou na sexta-feira (4), dividida em duas partes. Pela manhã, as equipes da diretoria de Meio Ambiente da Portos do Paraná, da UFPR e da Ecotec, contratada pela empresa pública para executar o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), trocaram conhecimentos.
“Objetivo foi entender o trabalho do PRAD, que há oito meses acontece na região, e entender como está o engajamento dos produtores rurais. O que nos deixou bastante surpresos é que em pouco tempo 54 famílias já aderiram. Tem realmente potencial para atingir o objetivo, que é de restaurar 40 hectares”, afirmou Eduardo Vedor de Paula, professor do Departamento de Geografia da UFPR.
No período da tarde, os profissionais foram a campo identificar possíveis pontos a serem monitorados. “A ideia é identificar cerca de 25, 30 pontos. A partir desse levantamento, escolher os oito mais representativos. Nesses, faremos o monitoramento de 20 a 25 meses, coletando solo, medindo chuva, identificando os potenciais que o sistema agroflorestal tem em proteger o solo”, explicou o professor.
Serão escolhidos oito pontos, com diferentes coberturas de solo: área de vegetação nativa, área de sistema agroflorestal já mais avançado, sistema agroflorestal em processos de implantação e áreas ainda degradadas, com solo exposto preferencialmente.
CONVÊNIO – De acordo com o gerente de Meio Ambiente da Portos do Paraná, Thales Schwanka Trevisan, o convênio com a UFPR vai avaliar o quanto de sedimento está carreando para a baía, para posteriormente analisar como o trabalho que está sendo executado, iniciado pelo PRAD, pode evitar que sedimentos sejam carregados. “A ideia, com isso, é avaliar estrategicamente a diminuição de frequência de dragagens”, explicou Trevisan.
Na prática, acrescenta, ao final do trabalho será possível avaliar até que ponto a recuperação das áreas com florestas reduz a produção de sedimentos que em um primeiro momento são carreados aos rios e, posteriormente, chegam até a área de interesse portuário.
O biólogo da Ecotec, Jair de Pontes, responsável técnico do PRAD, destaca a importância do convênio. “Entendemos o trabalho da UFPR como uma validação do nosso, de todo esforço efetuado”, arrematou.