O Porto de Paranaguá lembra nesta sexta-feira (13) o aniversário de 116 de organização da categoria dos estivadores no Paraná. Fundado em 1903, o Sindicato dos Estivadores de Paranaguá (Sindestiva) foi um dos primeiros do país. É a classe de Trabalhador Portuário Avulso (TPA) mais antiga de Paranaguá. Atualmente, são cerca de 1.100 estivadores ativos no porto paranaense.
Estivador é o profissional que trabalha na carga e descarga dos navios, que movimenta a mercadoria entre o porão do navio e o convés. Também atua a bordo da embarcação ou, em caso das operações de veículos, leva o carro do cais até o interior do navio.
“Os trabalhadores que atuam em Paranaguá são muito qualificados e esse é um dos diferenciais do nosso porto”, afirma o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia. “A mão de obra altamente capacitada garante agilidade e segurança nos serviços, sendo reconhecido por nossos clientes em todo o mundo”, destaca ele.
“Somos considerados a melhor estiva do Brasil e isso se confirma nas operações de celulose ou automóveis, nas quais estamos em primeiro lugar por não registrarmos quase casos de avarias à carga”, afirma o presidente do Sindestiva, João Antonio Louzano Batista.
Além de qualificada, por passar por frequentes cursos de capacitação, ofertados pelo Orgão Gestor da Mão de obra Avulsa (Ogmo), a estiva de Paranaguá, segundo o presidente, trabalha com muito amor à profissão. “Como presidente fico orgulhoso de ver a nossa estiva elevando esse nome para todo o país e para o exterior. Quando o porto bate um recorde, temos que lembrar que atrás desses números existem os trabalhadores, os estivadores que atuam nos navios de carga geral, de automóveis, de fertilizantes”, pontua Lozano.
HISTÓRIA - A estiva é a classe de Trabalhador Portuário Avulso (TPA) mais antiga de Paranaguá e existia antes mesmo do Porto Dom Pedro II. Os trabalhos dos estivadores, no município, começaram no antigo atracadouro da Rua da Praia, na Praça do Guinchinho.
A atividade, que antes passava de pai para filho por afinidade e indicação, atualmente exige concurso. A última turma de estivadores a ingressar na profissão pelo Sindestiva é de 1991. Everson Fernando Leite de Farias, diretor-secretário do Sindicato, faz parte do grupo. Ele é neto e filho de estivador.
“É uma história muito bonita, construída ao longo desses 116 anos. Não é qualquer sindicato que alcança tanto tempo de atuação. Somos o primeiro sindicato da estiva do Brasil, junto com o do Rio de Janeiro. Eu sou a terceira geração dentro do sindicato. Meu avô foi um dos sócios-fundadores”, conta. A mão de obra, no início exclusivamente braçal, com o passar dos anos precisou se adequar ao processo de automação e do uso de mais tecnologia e equipamentos nas operações.
“Vieram ao longo do tempo muitos equipamentos e aparatos para a estivagem, a bordo da embarcação. Quando entramos, em 1991, a demanda era muito grande por mão de obra dos estivadores, chegamos a 2.200 cadastrados”, conta. Na época era muita sacaria e as operações das cargas dos frigoríficos estava no auge.
CAFÉ E ALGODÃO – Um dos estivadores com mais tempo de atividade é Osmar de Oliveira, de 74 anos. Há 53 anos na estiva, e ainda trabalhando, ele diz que acompanhou muito dessa evolução. “Quando comecei, na década de 1960, era só saca de café, algodão. A madeira era carregada solta no porão. Era tudo braçal. Era difícil. Depois foram chegando as máquinas”, conta, que também destaca a união da categoria. Apaixonado pela profissão, Osmar não pretende parar tão cedo. “Vou continuar trabalhando até quando me permitirem. Saúde, graças a Deus, ainda tenho”, completa.
Outro estivador da mesma época, com 50 anos de estiva, é Oscar Mendes, de 75 anos. “O nosso trabalho era bem diferente. Muita coisa mudou, mas eu continua gostando muito da minha profissão. Atuo e gosto de trabalhar com todos os tipos de cargas, não faço distinção”, conta.
FUNÇÕES – Segundo o quadro do Sindestiva, são quase 25 funções que um estivador pode ter, a bordo do navio. Também com 50 anos de profissão, o estivador Onório Carlos Nunes, 72, já passou por quase todas. “No conexo, rechego da carga a granel, como homem da dala, de capataz, mestre, contramestre, no porão operando as máquinas e equipamentos de bordo. Depende do dia e da demanda. Não tem preferência”, comenta.
Como os colegas, Onório também era acostumado a carregar no braço as sacas de café e a madeira. “Antes era mais bruto. Hoje está mais fácil, mas ainda fazemos força, por exemplo, na sacaria do açúcar e ajeitando a carga no rechego dos granéis”, conta.