O Banco de Alimentos Comida Boa, programa do Governo do Estado, será usado como exemplo para a criação de um projeto nacional de segurança alimentar do governo federal, segundo o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. Ele visitou a sede da Ceasa Paraná em Curitiba nesta terça-feira (1) para conhecer o programa paranaense e assinar um termo de cooperação técnica que pretende expandir e apoiar uma rede nacional de bancos de alimentos.
O acordo também foi assinado pelo governador em exercício Darci Piana, pelo secretário de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, e pelo presidente da Ceasa Paraná, Éder Bublitz, que também é presidente da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento. O termo também pretende viabilizar ações educativas entre as Ceasas dos estados e melhorar a captação e distribuição de alimentos para pessoas em vulnerabilidade social e em segurança alimentar e nutricional.
“O governo federal veio ver como a gente faz, o jeito que a gente faz e vai levar isso pro Brasil inteiro, então isso para nós é um orgulho muito grande. Assinamos hoje uma parceria para a gente poder ensinar outras centrais do Brasil o que a gente faz aqui”, afirmou Piana.
O programa Banco de Alimentos Comida Boa atua em parceria com produtores e permissionários da Ceasa, que doam alimentos que não são comercializados, mas que estão em boa condição de consumo. Parte dos alimentos é processada e vira sopas, sucos e caldos, o que alonga a validade de consumo destes produtos, que então são distribuídos para entidades assistenciais. O trabalho de processamento destes alimentos é feito por pessoas privadas de liberdade em um projeto de ressocialização.
“Foi um aprendizado o que eu vi aqui hoje. Além de reduzir o desperdício e disponibilizar alimento bom e saudável para quem precisa, eu também encontrei um programa que tem o aspecto social como prioridade, com pessoas que estão cumprindo penas, mas que trabalham, dão renda para família e reduzem penas, o que também contribui para evitar a reincidência”, disse Wellington Dias.
IMPACTO – O programa do Governo do Estado beneficia, mensalmente, cerca de 130 mil pessoas, por meio de 301 entidades cadastradas que recebem e distribuem os alimentos a instituições assistenciais, hospitais, orfanatos e escolas. Antes da criação do Banco de Alimentos, em 2020, esse alcance era um terço do atual. O programa recebe anualmente um aporte de R$ 2,5 milhões do Governo do Estado.
O Banco de Alimentos funciona nas cinco unidades do Estado – Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu. “Nós conseguimos levar a produção do agricultor paranaense, que alimenta o Estado, o Brasil e o mundo, a uma parcela mais vulnerável que precisa de apoio”, afirmou Norberto Ortigara.
A Associação Nova União de Pinhais é uma das instituições beneficiadas pelo projeto. Os alimentos recebidos por ela são distribuídos a cerca de 200 famílias em situação de vulnerabilidade social. “São pessoas abaixo da linha da pobreza que sobrevivem por meio deste projeto”, afirmou o presidente da instituição, Amarildo Amaral.
Cerca de 80 pessoas que cumprem pena e estão privadas de liberdade trabalham no processamento dos alimentos. De acordo com dados do Departamento de Polícia Penal (Deppen), 68% de pessoas do sistema prisional que trabalharam no programa conseguiram retornar para o mercado formal de trabalho.
“O nosso projeto recupera vidas. É uma iniciativa com grande repercussão social, muito amplo e completo. Ele reinsere estas pessoas na sociedade. Então nós esperamos agora que o Brasil acate isso para replicar este exemplo”, afirmou Éder Bublitz.
NOVA FASE – O programa é voltado à segurança alimentar e nutricional e quer se tornar ainda mais sustentável a partir deste segundo semestre. Ainda há uma sobra identificada de 35 toneladas/dia de alimentos nas cinco centrais. O objetivo é ter desperdício zero. Para isso, parte destes alimentos serão encaminhados aos criadouros conservacionais do Estado, que recebem animais resgatados e também fazem reprodução de espécies ameaçadas de extinção. Os produtos serão utilizados para a alimentação destes animais.
O restante será utilizado em compostagem, para criar substrato a ser utilizado no programa Paraná Mais Verde, que promove o plantio de mudas em todo o Paraná. Esse projeto foi inclusive apresentado à ONU há duas semanas.
SEGURANÇA ALIMENTAR – O Governo do Estado, por meio do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan), também conta com outras iniciativas voltadas à segurança alimentar da população paranaense.
Um dos destaques é o Compra Direta Paraná. Criado na alta da pandemia do coronavírus, o programa beneficia atualmente 983 entidades filantrópicas nos 399 municípios paranaenses. Ele atende a rede socioassistencial com produtos de agricultores familiares, totalizando aproximadamente 300 mil pessoas que recebem alimentos diversificados, inclusive orgânicos, contribuindo diretamente para imunidade e saúde dos beneficiados.
Além disso, apenas em 2021 foram formalizados com prefeituras 26 convênios de Equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional, entre eles Hortas Urbanas e Periurbanas, Restaurantes Populares, Cozinhas e Panificadoras Comunitárias, Centrais de Abastecimento, Bancos de Alimentos e Feiras Livres. Em 2022 foram contratados 45 novos equipamentos pelo Estado.
PRESENÇAS – Também participaram do evento de assinatura do termo o secretário de Desenvolvimento Social e Família, Rogério Carboni; o secretário de Justiça e Cidadania, Santin Roveda; secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Lilian Rahal; os deputados federais Elton Welter e Geraldo Mendes; os deputados estaduais Pedro Paulo Bazana e Ana Júlia; e o presidente do Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Paraná, Paulo Salesbran.