Levantamento online mostrou que o Programa Compra Direta Paraná, do Governo do Estado, tem ótima aceitação entre os participantes. Realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o programa adquire, desde junho, de forma emergencial, produtos da agricultura familiar que são distribuídos para a rede socioassistencial, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos e hospitais filantrópicos.
A pesquisa foi elaborada pelo Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan) da Secretaria e contou com a participação de 89,11% das 147 organizações da agricultura familiar contratadas na Chamada Pública nº 04/2020 e de 57% das 905 entidades que receberam os produtos.
Entre os beneficiários, 90,5% avaliam que o programa é muito importante para os agricultores e 87% consideram muito importante para as entidades atendidas. A continuidade do Compra Direta é um desejo de 97,1% do grupo. A necessidade das doações para o abastecimento das entidades foi apontada por 98,8%.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior afirma que o bom desempenho do programa é motivo de orgulho e satisfação para as equipes. “O Compra Direta é uma das ferramentas que permite ao Governo cumprir a importante missão de garantir alimentos de qualidade na mesa dos que mais precisam e, ao mesmo tempo, dar suporte aos agricultores familiares, fundamentais da cadeia de produção alimentar”, diz ele.
“Além do Compra Direta, temos outras iniciativas para atender os pequenos agricultores e garantir comida à população. Somos organizados para isso, o que nos permitiu reforçar as ações durante a pandemia. Nossas equipes abraçaram a causa e devemos a isso o fato de o Paraná ser uma referência no enfrentamento ao coronavírus e à proteção das pessoas vulneráveis”.
O Governo do Estado destinou R$ 20 milhões para a primeira fase do Compra Direta, recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, atingindo 393 municípios. “Conseguimos fortalecer o desenvolvimento local e regional em meio à pandemia do novo coronavírus, garantindo renda para os pequenos produtores e saúde para a população”, destaca o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
As entidades recebem principalmente frutas, hortaliças, legumes, temperos, arroz, fubá, feijão, sucos, geleias e pães.
QUALIDADE - Destaca-se, ainda, a avaliação positiva do sistema eletrônico de prestação de contas do Compra Direta, que 96,5% dos beneficiários disseram ser de fácil acesso.
Para cerca de 96%, a qualidade dos alimentos recebidos está entre ótima (48,3%) e boa (47,8%). Quanto ao atendimento prestado pelas cooperativas, 54,2% consideraram ótima e 42,5% consideraram boa. A satisfação com a periodicidade das entregas atingiu 91,1%.
AGRICULTURA FAMILIAR – A avaliação pelas cooperativas e associações da agricultura familiar também foi positiva, tanto no que diz respeito à importância do programa para a comunidade, quanto à transparência do processo e atendimento pelos servidores.
Segundo o levantamento, 91,1% avaliam que o programa é muito importante para as entidades atendidas, e 90,1% concordam que o Compra Direta é muito importante para as organizações da agricultura familiar neste período de pandemia.
Outro resultado que se destacou na pesquisa é o interesse das organizações por alimentos orgânicos. Entre os respondentes, 88,5% produzem alimentos convencionais, 39,7% orgânicos ou agroecológicos, e 22,1% produzem alimentos em processo de transição orgânica.
Do total, 66,4% concordam totalmente com a afirmação de que haveria maior interesse na transição orgânica caso os preços praticados para esses produtos fossem diferenciados.
ATENDIMENTO – A chefe do Desan, Márcia Stolarski, avalia que o Compra Direta contribuiu para melhoria da alimentação e, consequentemente, da imunidade e das condições de saúde dos paranaenses. “Num momento de pandemia e crise econômica, é fundamental a presença do Estado na garantia dos alimentos básicos. A avaliação altamente positiva dos beneficiários demonstra que a fórmula do programa foi acertada e ele está atingindo os objetivos propostos”, diz Márcia.
O edital prevê que os contratos do Compra Direta, regidos pela Lei Federal nº 13.979, de 2020, têm prazo de duração de até seis meses.
APOIO - Para colocar o programa em prática, uma grande rede de apoio se formou, incluindo os núcleos regionais da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná). A extensionista Renata Lessa, que atua em Quitandinha, destaca que o Compra Direta Paraná funciona como mais um canal de comercialização para o agricultor familiar.
“Isso garante a valorização do pequeno produtor e estimula o cooperativismo”. No município, a cooperativa Direto da Roça, acompanhada pelo escritório regional do IDR-Paraná, fornece alimentos a duas instituições assistenciais: o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Central, que entrega kits com alimentos a famílias em vulnerabilidade, e a Casa de Acolhimento, que utiliza os produtos para preparar as refeições diárias.
“O projeto tem grande importância não só para as famílias neste momento de isolamento social, mas também para a cooperativa, que teve seu trabalho consolidado e valorizado pelas instituições locais”, completa. A produtora Otília Ziomeck, que entrega feijão para as instituições, concorda. “A vantagem é que posso realizar a venda direta dos produtos, sem intermediários”.
Em Barbosa Ferraz, no Noroeste do Estado, o Lar dos Idosos Santa Rita, a Casa Lar e o CRAS receberam em novembro o último lote de alimentos doado pela Associação dos Feirantes de Barbosa Ferraz. O extensionista do IDR-Paraná, Marcelo Agenciano, afirma que a iniciativa dinamiza as economias locais.
“Além da melhoria de renda e qualidade de vida, o programa serviu para que os agricultores entendessem a importância do associativismo e que, somando os esforços individuais, é mais fácil alcançar o objetivo comum”, disse ele.
Com a feira da cidade parada devido à pandemia, o programa ajudou a recuperar as finanças da agricultora Mirian Colombo. “O projeto também estimulou a gente a investir no próprio negócio, pois eu mesma até comprei outra máquina de fazer biscoitos para atender essa demanda e outras que virão. Para a agricultura familiar foi excelente”, diz.
CRIATIVIDADE - A diretora de Proteção Social Básica da prefeitura de Curitiba, que envolve 39 Cras, Cintia Aumann, explica que a equipe organizou uma força-tarefa, com videoconferências entre coordenadores e cooperativas para ajustar o agendamento das entregas de forma prática e segura, sem aglomeração.
O número de famílias atendidas foi até maior do que o esperado. “A pandemia trouxe uma situação bastante desafiadora no que diz respeito às formas de atender à população. Mas o programa foi uma oportunidade de dar acesso a produtos de excelente qualidade. As famílias ficaram muito agradecidas, nos enviavam fotos dos produtos arrumados na mesa de casa, e algumas pessoas diziam que era a primeira vez na vida que estavam comendo geleia, por exemplo”, conta.
Quando algum produto era entregue em grandes quantidades, as equipes encontravam uma solução criativa para garantir o consumo. “As próprias equipes dos CRAS enviavam junto com o pacote de alimentos sugestões de receitas que podiam ser feitas com aquele produto”, conta Cintia.