Depois de percorrer todas as ilhas que compõem o Complexo Portuário de Paranaguá e Antonina, cadastrar os pescadores da região e verificar os que têm interesse na atividade, a empresa pública Portos do Paraná iniciou esta semana, na Ilha de São Miguel, um curso de mecânica de embarcações.
São 16 horas/aula divididas em dois dias. Segundo o diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná, João Paulo Ribeiro Santana, o curso de mecânica de embarcações acontece no âmbito do Programa de Educação Ambiental da dragagem de manutenção em andamento nos portos paranaenses.
As aulas são ministradas por Cláudio Roberto Gonçalves, coordenador de cursos de eletromecânica do Senai, contratado pela DTA Engenharia Portuária e Ambiental, empresa que presta o serviço da dragagem para a Portos do Paraná e, simultaneamente, faz os monitoramentos ambientais exigidos pelo Ibama.
“O que a gente conseguiu passar para os pescadores é que eles conseguem fazer manutenção de periféricos. São capazes de fazer vários serviços externos do motor, sem problemas”, garante o professor.
Esta é a primeira vez que ele ministra esse tipo de curso nas ilhas da região. “O pessoal é bastante dedicado e comprometido. O que me surpreendeu, nesse segundo dia, é que logo às 8 horas da manhã já tinha gente aqui já desmontando seus próprios motores. É gratificante ver o interesse deles”, disse Gonçalves.
CAPACITAÇÃO – De acordo com Pedro Pizacco Pereira Cordeiro, coordenador operacional na Diretoria de Meio Ambiente na Portos do Paraná, cerca de 20 pessoas participam do curso na Ilha de São Miguel, conhecida como Saco do Tambarutaca.
Segundo ele, a ideia dos programas de educação ambiental do porto é atender a demanda das comunidades por meio do empoderamento e da geração de renda. “Praticamente todos os membros que moram nessas comunidades ilhadas têm embarcações motorizadas. O objetivo é ensinar sobre manutenção de motores para fiquem um pouco menos dependentes de serviços de terceiros para manter seus barcos e motores funcionando”, afirma.
COMUNIDADE – Para o pescador Romildo do Rosário, um dos líderes da comunidade da Ilha de São Miguel, esse tipo de curso atende à necessidade cotidiana. “Esses motores são do dia a dia, o ano todo. Quanto mais a gente souber mexer, melhor para gente. É o nosso veículo de transporte, o que tem de mais importante para a gente se locomover”.
Segundo Romildo, são 50 embarcações na ilha, que não tem nenhum mecânico. “Quando precisa de qualquer coisa, a gente tem que chamar um mecânico ou levar até ele. Aprendendo o básico já é muito benéfico”, diz. Na comunidade, ainda de acordo com o pescador, são cerca de 400 pessoas, sendo 70 pescadores. “Oitenta por cento da economia aqui vem da pesca”, completa.
PRÓXIMOS - Outro módulo do curso de mecânica de embarcações acontece ainda neste ano na Ilha do Teixeira, entre 23 e 30 de novembro. Mais um curso, desta vez sobre a confecção de tarrafas, está previsto para a Ilha do Mel.