A criação de um clube de troca de uniformes, roupas e calçados com moeda social própria e de uma feira de empreendedorismo pouco convencional foram alguns dos projetos colocados em prática pela professora de matemática Cristina Kozan de Brito, da rede estadual de ensino, de Maringá. Os projetos garantiram a ela a medalha de prata na Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr), instituída por ex-alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), uma das mais renomadas instituições brasileiras de ensino superior.
A Olimpíada contou com a participação de professores de todas as regiões do País, que inscreveram os trabalhos pela internet em vídeos. Ao todo, foram premiados 67 professores: 48 na categoria bronze, 10 na categoria prata e 10 na ouro. “Me senti honrada por estar entre os medalhistas de prata, saber que o meu trabalho está sendo reconhecido. A escola fez uma homenagem para mim nesta segunda-feira, o que me deixou mais feliz ainda”, afirma Cristina.
Apesar de fazer parte da elite da matemática mundial (nível 5 da International Mathematical Union – IMU), com pesquisadores e professores reconhecidos mundialmente, o Brasil ocupa atualmente a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado no fim de 2023, levando em conta os resultados da área de matemática.
A professora Cristina busca apontar um caminho de solução para essa equação reunindo estudantes do ensino médio de duas escolas: do Colégio Estadual Silvio Magalhães Barros e do Mater Dei, da rede privada, onde também lecionou em 2023. Tanto nas aulas de matemática, como nas de educação financeira, ela foi despertando o interesse dos alunos, a partir de experiências cotidianas e pelo olhar do empreendedorismo.
“Realizamos um bazar de troca e compra de uniformes, roupas e calçados, pagos com uma moeda social chamada de mater trades, onde os itens eram precificados de acordo com o estado de conservação, com valores de um, dois e cinco mater trades e, para a feira, criamos gráficos de lucros e prejuízos, envolvemos a comunidade. Ao final, fizemos com os alunos uma espécie de balanço do que foi feito. Deu tão certo que o colégio acrescentou o projeto pedagógico no calendário de eventos”, conta.
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A professora afirma que sempre incentiva os alunos a participarem das olimpíadas de matemática. Ano passado, foi convidada a fazer parte do “Time da UEM" (Universidade Estadual de Maringá). “É um projeto voltado, entre outras coisas, à preparação de alunos da rede básica de ensino para as olimpíadas. Eu sempre estou pesquisando sobre o assunto e sobre como motivar os estudantes para estudar matemática. Foi numa dessas pesquisas, inclusive, que descobri a olimpíada para professores e resolvi me inscrever”, completa.
A docente explica que, para que os jovens tomem gosto pela matéria, é necessário demonstrar a eles onde é possível aplicar os conceitos matemáticos, na vida cotidiana. E ela reforça a importância da matemática nas disciplinas de educação financeira e empreendedorismo. “Esses itinerários chamam muito a atenção dos alunos. Vivenciando e praticando os conceitos, eles enxergam mais sentido nas definições”, afirma.
“A matemática está em tudo, até onde parece não estar. Ela abre mentes, te faz raciocinar diferente”, enfatiza a professora, que tomou gosto pela disciplina devido à facilidade que teve em aprender e também em função da qualidade dos professores que teve ao longo dos anos, o que, segundo ela, fez toda a diferença no aprendizado.
A classificação entre os 20 melhores do Brasil na Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio, na opinião de Cristina, se deve ao investimento na educação continuada e ao amor que ela e todos os finalistas têm pelo ensino da disciplina. “Os professores que participaram da olimpíada são merecedores de muito prestígio. Para mim, já é uma vitória muito grande estar representando meu estado nesse seleto time”, finaliza.
Adauto Caldara, membro do Conselho Gestor da Olimpíada, ressalta que o objetivo da OPMBr foi justamente reconhecer e valorizar iniciativas bem-sucedidas no ensino da matemática, de forma a disseminá-las. “A ideia também é trabalhar para melhorar a qualidade do ensino da disciplina e, assim, contribuir para alavancar a posição do Brasil no ranking mundial, a médio e longo prazos”, destaca.