Paraná terá novas usinas para gerar energia limpa a partir de rejeitos

Com apoio do Governo do Estado, uma das usinas vai usar dejetos da suinocultura para gerar biometano, colaborando para resolver um grave passivo ambiental. A capacidade de produção é estimada em 3,3 MW/h. A outra fará o tratamento de resíduos agroindustriais.
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17/01/2020 - 15:40
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O Paraná dá um passo significativo em busca de se tornar cada vez mais sustentável. O Governo do Estado, por meio da Invest Paraná, firmou convênio com a empresa Mele Biogás, de origem alemã, e com a paranaense Compostec para a instalação de duas usinas para a produção de biometamo em Toledo. A prefeitura da cidade também apoia os projetos que vão transformar dejetos em energia limpa.

O protocolo de intenções para a criação da usina com tecnologia alemã foi assinado nesta sexta-feira (17) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e pelo CEO da empresa, Dietrich Klaus Lehmann, em cerimônia no Biopark de Toledo, na Região Oeste. O investimento inicial na unidade será de R$ 60 milhões e a produção utilizará como matéria-prima dejetos suínos.

Na mesma cerimônia, Ratinho Junior entregou o certificado de licença ambiental prévia para que a Compostec possa iniciar a construção de uma nova usina no município, com valor estimado de R$ 20 milhões. A empresa pretende transformar resíduos das agroindústrias em biogás.

O governador firmou ainda um terceiro protocolo na passagem por Toledo. O acordo entre o Estado e a prefeitura do município permitirá atividades de pesquisa e desenvolvimento na área de biogás. O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) vai atuar num laboratório a ser estruturado pelo município, dentro do Biopark.

Ratinho Junior destacou que as ações colocam o Paraná à frente de outros Estados em relação à produção de energias renováveis. “Usinas de biometano são o que há de mais moderno no mundo. Estamos chegando a um grau de eficiência que os dejetos da produção se transformam em energia para os maquinários. É a chamada economia circular. Você produz sem deixar nenhum dejeto para trás”.

O governador destacou que uma das usinas, que será erguida pela Mele, usará exclusivamente dejetos de animais da suinocultura para gerar energia limpa, resolvendo em parte um grave passivo ambiental da região.

CAPACIDADE - A capacidade de produção é estimada em 3,3 Megawatt-hora (MW/h), com a geração de 17 mil metros cúbicos de biometano por dia. Serão usadas 300 toneladas de dejetos diariamente, de 20 granjas vizinhas à futura sede da usina que será instalada próximo ao aterro sanitário da cidade.

“O Paraná tem essa preocupação social e também com o meio ambiente bastante forte. Toledo vira vanguarda racional”, ressaltou Ratinho Junior.

O diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, explicou que o modelo de atração de investimento estrangeiro em tecnologia sustentável pode ser replicado em outras regiões do Estado. “Buscamos os líderes nesse tipo de tecnologia para trazer para o Paraná. Quem quiser vir, estamos abertos para expandir essas usinas pelo Estado”, disse ele. “Estamos muito satisfeitos com essa parceria”, avaliou Lehmann, CEO da Mele.

NOVO PROJETO – A empresa alemã também projeta a construção de uma segunda usina de biogás, ainda sem data para sair do papel. A iniciativa visa o tratamento mecânico biológico de resíduos sólidos urbanos de Toledo e outras 31 cidades vizinhas. Como a produção dependerá da quantidade de lixo, a empresa não faz estimativa da energia poderá ser gerada.

A expectativa, reforçou o prefeito de Toledo, Lucio de Marchi, é que a iniciativa possa substituir o modelo tradicional para tratamento dos resíduos sólidos, baseado no descarte por meio de aterros sanitários. “É o início para resolver uma situação gravíssima, produzindo energia", explicou.

COMPOSTEC – A empresa paranaense, sediada em Toledo, também firmou convênio com o município e o Estado para a construção de usina de biometano.

O diretor da companhia, Leandro Azevedo, disse que a ideia é melhorar o tratamento dos resíduos, transformando em gás e energia elétrica. “Estamos entrando na área para inovar e crescer”, disse, estipulando a produção inicial em 1.4 MW/h. O prazo de término da obra é de um ano.

PRESENÇAS – Participaram da cerimônia o superintendente de Governança Social da Casa Civil do Governo do Estado, Phelipe Mansur; o deputado federal Schiavinato; o deputado estadual Marcel Micheletto; os prefeitos Leonaldo Paranhos (Cascavel), Germano Bonamigo (Céu Azul), Aldacir Pavan (Ouro Verde do Oeste), João Inácio Laufer (Quatro Pontes); além de lideranças políticas e empresariais da região.

BOX 1

Laboratório vai ampliar pesquisa sobre energias renováveis

O Governo do Estado, por meio do Tecpar, vai contribuir para a pesquisa e o desenvolvimento de soluções para ampliar a geração de energias renováveis. O diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, afirma que a assinatura de um protocolo para a implantação de um laboratório de tecnologia é o início de um trabalho conjunto com a Região Oeste do Paraná.

“O Tecpar poderá oferecer apoio tecnológico ao novo laboratório, fortalecendo a sua atuação na área de energias renováveis no Paraná, dentro de um contexto de bioeconomia de economia circular”, afirmou Jorge Callado.

No laboratório poderão ser feitas análises para avaliação do potencial de geração de biogás de resíduos orgânicos (potencial metanogênico) e verificações do potencial energético do biogás e dos biofertilizantes produzidos na digestão destes resíduos.

BOX 2

Primeira usina de biogás do Paraná foi erguida em Entre Rios do Oeste

A primeira usina de produção de biogás a partir do tratamento dos dejetos de suínos começou a funcionar no Paraná em julho deste ano, em Entre Rios do Oeste. O governador Carlos Massa Ratinho Junior inaugurou a unidade geradora cuja capacidade total é de 480 kilowatts (kW), transformando por dia 215 toneladas de um agente poluidor em energia limpa. O investimento da Copel, financiadora do projeto, foi de R$ 17 milhões.

Mistura de sustentabilidade, tecnologia e inovação, a usina é composta por um grupo de 18 produtores de suínos, que produzem biogás a partir do tratamento dos dejetos de aproximadamente 40 mil suínos em sistemas de biodigestão.

O biogás é conduzido por meio de uma rede coletora de 20,6 quilômetros, interligando as propriedades rurais a uma Minicentral Termelétrica, onde estão instalados dois grupos motogeradores de 240 kW de potência cada um.

A energia gerada é utilizada para compensar o consumo energético nos prédios públicos do município, num total de 72 unidades consumidoras, na modalidade de autoconsumo remoto. Os produtores envolvidos recebem um repasse mensal pelo volume de biogás injetado na rede.

BOX 3

Paraná tem o segundo maior rebanho suíno do Brasil

O Paraná tem o segundo maior rebanho suíno do País, com produção de 840 mil toneladas em 2018 (21,3% da produção nacional), e é o terceiro em comércio exterior de suínos, com 107 mil toneladas exportadas em 2018 – o equivalente a 16,8% do total brasileiro.

De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, foram abatidas 9,3 milhões de cabeças no Estado em 2018. A região de Toledo é responsável por cerca de 25% da produção estadual. São 1,1 milhão de cabeças de suínos nas granjas do município.

Para o prefeito o Lucio de Marchi, as usinas resolvem outra importante problema da cidade. O município teve de limitar a expansão de granjas devido à ausência de local adequado para destinação de dejetos e subprodutos gerados pela própria produção, diminuindo o potencial econômico da região. “Não havia mais condição para crescer por causa dos dejetos”, disse ele.

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