Existem mais de cinco mil estudantes indígenas matriculados em 39 escolas localizadas em 26 municípios em diferentes terras indígenas espalhadas pelo Paraná. Para garantir o resgate e a preservação da cultura e história desses povos por meio do ensino regular, a Secretaria de Estado da Educação oferta o curso de Formação de Docente exclusivo para povos indígenas.
Ao concluir o curso, esses professores voltam para suas comunidades com conhecimentos específicos para lecionar na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental em sua própria língua, seja ela Guarani ou Kaingang.
“Ao mesmo tempo em que resgata a cultura do idioma daquela comunidade, essa formação voltada para a educação indígena facilita o processo de ensino e aprendizagem porque os alunos se sentem mais à vontade para aprender e tirar dúvidas por ter um professor da sua comunidade ensinando em sua língua materna”, explicou a chefe do Departamento da Diversidade e Direitos Humanos da Secretaria da Educação do Paraná, Angela Mercer de Mello.
O curso de Formação de Docentes exclusivo para povos indígenas é ofertado no Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Manoel Ribas, no município de mesmo nome (na região Central do Estado). A qualificação tem duração de dois anos e meio e o currículo incluí disciplinas voltadas para a cultura e história dos povos Guarani e Kaingang.
Como parte da formação, os cursistas estudam também a língua kaingang e guarani, antropologia cultural, história e organização dos dois povos, alfabetização bilíngue indígena, saúde na comunidade indígena, fundamentos da educação indígena e organização do trabalho pedagógico na escola indígena.
“Tudo o que praticamos e aprendemos no decorrer do curso representa possibilita um conhecimento importante de como alfabetizar, planejar e aplicar uma boa aula e isso irá refletir no ensino dos meus alunos. Também tive a oportunidade de compartilhar esses conhecimentos com outros professores e pedagogos da minha escola”, disse o aluno kaingang, Zaqueu Lima da Silva, da comunidade indígena Mococa, em Ortigueira (nos Campos Gerais).
Já a aluna guarani Cleonice Krexu Veríssimo, da comunidade indígena de Pinhal, em Espigão Alto do Iguaçu (no Centro-Sul), avalia que os conhecimentos e práticas aprendidos no curso e aplicados em sala de aula ajudam os alunos a perceberem a importância de aproveitar ao máximo o período de estudos, para buscar um futuro profissional qualificado.
Além de cuidar do quadro de professores, o Governo do Paraná também trabalha para garantir aos estudantes escolas adequadas à necessidade e cultura de cada etnia. As escolas indígenas contam com professores e funcionários indígenas e material didático produzido pela Secretaria da Educação nas línguas guarani, caingangue e português para ajudar na alfabetização dos alunos e reforçar o uso das línguas maternas e manter viva a cultura linguistas dentro dessas comunidades.
COMO FUNCIONA – A formação dos futuros professores acontece no regime de alternância. Funciona assim: quando os 35 alunos guaranis estão em sala de aula, os kaingangs estão em suas comunidades aplicando os conteúdos que aprenderam no período que passaram em sala e vice e versa. O período de alternância é de um mês.
“Poder contar com a formação exclusiva indígena é muito importante, pois além de desenvolver habilidades e conhecimentos, essa formação permite a valorização da cultura, costumes e saberes desses povos”, destacou a diretora do CEEP, Elizabeth Gheller dos Santos.
O tempo em que eles passam no colégio é integral, ou seja, eles estudam e dormem no mesmo espaço. O CEEP Manoel Ribas oferece aos cursistas uma estrutura completa com salas de aula, refeitório, dormitórios, lavandeiras, teatro, quadras poliesportivas e espaços para recreação e atividades culturais.
SEMANA DO ÍNDIO – Para marcar o Dia do Índio, celebrado nessa sexta-feira (19), os povos indígenas estão com as escolas abertas durante todo mês para estudantes e visitantes de outras comunidades e culturas para compartilhar parte da sua cultura e história. Na agenda de comemorações foram realizadas confecção de artesanato, de roupas e brinquedos, jogos, contação de história, cartazes e exposição de artesanato, danças, pintura corporal e brincadeiras típicas dos povos indígenas do Paraná.
“Essas interatividades despertam a vontade de conhecer mais sobre essas culturas tão ricas que compõem o cenário paranaense”, disse a técnica do Departamento da Diversidade e Direitos Humanos da Secretaria da Educação do Paraná, Melissa Colbert Bello.