Com uma contagem diferente do calendário anual para registro e notificações das arboviroses, o Paraná finaliza o ano na sua 17ª semana epidemiológica, do período sazonal da dengue 2023/2024, iniciado em 30 de julho e que encerra em 27 de julho de 2024.
Atualmente são contabilizados 5.955 confirmações, um óbito e 37.367 notificações no Estado. Os dados são do informe mais recente da dengue, publicado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Desde janeiro foram divulgados quase 50 informativos do panorama no território paranaense.
“A dengue pode ser tratada como uma doença endêmica em nosso País, e no Paraná não é diferente, ou seja, temos casos durante todo o ano. Mas 2023 teve um caráter diferente, com a alteração climática do fenômeno El Niño. Tivemos casos em todo o ano e não somente nos meses habituais, de setembro até maio. Nosso trabalho teve de ser intensificado, permanente e integrado”, resumiu o secretário de Estado da Saúde Beto Preto.
A Sesa realizou em 2023 um trabalho contínuo de combate e controle à proliferação do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika, o Aedes aegypti. Durante o ano, foi exigido um esforço de todos os profissionais de saúde, gestores e população nesse enfrentamento. Foram no total 30 capacitações, concentrando os trabalhos em locais que tiveram maior registro de casos e focos do mosquito, tanto para a dengue quanto para a chikungunya.
Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, nas regiões Norte, Noroeste e Oeste, além do Litoral, foram os locais com maior número de casos e, por isso, tiveram um trabalho mais intensivo de orientação e técnicas de controle.
“O objetivo dessas reuniões foi orientar os profissionais das Regionais e dos municípios sobre a importância do diagnóstico correto, da mobilização junto à população, da remoção dos criadouros, além do uso de equipamento costal de nebulização, dentre outras ações importantes ao enfrentamento das arboviroses”, pontuou a diretora de Atenção e Vigilância da Sesa, Maria Goretti Lopes.
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AÇÕES DIRECIONADAS – A equipe responsável pela vigilância das arboviroses da Sesa percorreu vários municípios, em contato direto com os profissionais de saúde de hospitais, unidades básicas e pronto atendimentos, para orientações in loco em relação ao manejo clínico do paciente. Momentos de discussão com qualificação das informações e capacitações foram realizadas nas 22 Regionais de Saúde.
Além dessa ação junto às unidades de saúde, equipes do controle vetorial trabalharam durante todo o ano diretamente com os Agentes de Combate às Endemias, que atuam diretamente com a população nos municípios.
Uma das principais armas utilizadas nesse combate foi a informação. O Governo do Estado divulgou duas campanhas, que incluíram peças publicitárias e materiais gráficos, com os temas: “Leve a dengue a sério”, que permaneceu até julho, e a atual, “Paraná contra a dengue”, reforçando a importância de cada cidadão fazer a sua parte para acabar com o mosquito Aedes aegypti.
“O enfrentamento da dengue precisa ser intersetorial, envolvendo o poder público e a sociedade. Cerca de 70% dos criadouros são depósitos móveis e/ou passíveis de remoção ou proteção, como vasos de plantas, embalagens para descarte e pneus. O perigo está nas ruas e terrenos, mas principalmente nos quintais das casas, onde o mosquito encontra condições ideais para se proliferar.”, alertou a coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Belmonte.
SUPORTE À POPULAÇÃO – A Ouvidoria da Saúde do Estado é uma das ferramentas que também auxiliam no enfrentamento à dengue. A população tem à disposição esse canal no qual é possível solicitar informações (quais são os sintomas da dengue?), sugerir, elogiar e ainda denunciar focos da dengue.
De janeiro a novembro de 2023, a Ouvidoria recebeu 704 manifestações da população referente à dengue em todo o Paraná. Na maioria dos casos, o usuário buscou informação sobre suspeita da doença. As demandas são verificadas junto às áreas técnicas e quando existe alguma denúncia ou solicitação de verificação no local, a mesma é enviada aos municípios para a averiguação.
Desde 2019 foram 3.429 manifestações. Em 2022, o ano fechou em 822 atendimentos. Já 2021, 2020 e 2019 registraram 430, 985 e 488 atendimentos, respectivamente.
OCORRÊNCIAS – A estratégia de implantação de Unidades Sentinela (US) para arboviroses no Paraná traz bons resultados e permite identificar a entrada de um novo sorotipo de dengue no Estado, bem como detectar os primeiros casos de um novo arbovírus. Um bom exemplo do sucesso dessa ação foi quando uma das 65 US de arbovírus identificou o primeiro caso de chikungunya este ano, em Foz do Iguaçu.
Outra importante ação foi a reativação do COE (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública) para a situação de emergência de arboviroses no Paraná, com reuniões semanais envolvendo referências técnicas das Regionais de Saúde, representantes do Conselho Estadual de Saúde (CES), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), associações e organizações parceiras para o enfrentamento das arboviroses no Paraná.
VÍRUS – Existem quatro sorotipos do vírus da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, sendo possível a infecção por cada um deles. A imunidade só é gerada após a contaminação por cada sorotipo. A reinfecção de dengue pode agravar os sintomas, com o desenvolvimento da forma grave da doença. Nos dois últimos períodos epidemiológicos, o DENV-1 teve a maior circulação nos municípios, segundo as amostras tipificadas pelo Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen).
HISTÓRICO – A Sesa monitora os dados da dengue desde 1991, sendo que nesse ano apresentou 161 notificações e 16 casos confirmados de pacientes infectados fora do Paraná, sem registro de óbitos.