A Polícia Civil do Paraná (PCPR) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio de outras forças policiais, prendeu dez integrantes de uma organização criminosa responsável por distribuir drogas do Paraná para o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Um indivíduo está foragido.
Durante a ação, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão em que foram apreendidas drogas, armas, R$ 246 mil em dinheiro, 1.980 euros em espécie, R$ 344 mil em cheque, dez veículos de luxo e um caminhão que era utilizado para o transporte da droga.
Além disso, foram solicitados à Justiça 37 bloqueios de valores em contas bancárias. Os indivíduos são suspeitos de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico.
A ação acontece simultaneamente em dez municípios de cinco estados: Toledo, Cascavel, Pato Bragado, Marechal Cândido Rondon, Capitão Leônidas Marques e Capanema, no Paraná; Balneário Camboriú, em Santa Catarina; Ribeirão das Neves, em Minas Gerais; e nos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro. Participam da ação mais de 180 policiais.
Além da PCPR e do Gaeco, a operação conta com o apoio das polícias civis do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e do Gaeco de Santa Catarina.
Como um dos alvos tem naturalidade paraguaia e pode estar naquele país, também participam da operação a Polícia Federal atuante em Assunção no Paraguai e o Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF) de Foz do Iguaçu.
Na primeira fase da operação, deflagrada em agosto de 2023, foram presas 15 pessoas, apreendidas 11 armas de fogo e sequestrados aproximadamente R$ 25 milhões em bens móveis, imóveis e dinheiro.
“Com a deflagração da primeira fase, a organização criminosa alterou o modus operandi porque sabia que a polícia já tinha conhecimento do modo anterior. Em uma das apreensões posterior à primeira fase, uma carga de duas toneladas de droga foi encontrada em meio a uma carga de fogões”, explica a delegada da PCPR, Franciela Alberton.
-
Sensor de helicóptero da PM encontra mulher desaparecida em Guaíra; veja o vídeo
-
PCPR desmantela grupo criminoso de roubos de veículos e prende 21 em megaoperação
INVESTIGAÇÃO – A investigação iniciou-se em março de 2023, com a apreensão de cerca de duas toneladas de maconha em um fundo falso de caminhão frigorífico. Após a ação, foi identificado o local onde a droga seria armazenada e, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, a PCPR localizou um segundo caminhão frigorífico com fundo falso, grande quantidade de munição de fuzil e um bunker, sob um chiqueiro de porcos, onde o entorpecente era armazenado.
A investigação da PCPR apontou que a distribuição do entorpecente era feita por meio de caminhões frigoríficos, escolhidos pela dificuldade de fiscalização destes, já que o rompimento do lacre pode comprometer o produto. A PCPR apurou que os indivíduos mascaravam os valores oriundos do comércio dos entorpecentes por meio da aquisição de bens móveis, imóveis e ouro.
Entre os investigados, um policial civil do Estado de São Paulo, suspenso na primeira fase, agora teve sua prisão preventiva decretada.
Em Marechal Cândido Rondon, dois dos investigados foram alvos de diversos disparos de arma de fogo no dia 29 de maio de 2024, resultando na morte de um deles e em ferimentos graves no outro, que é o policial civil de São Paulo.
Os autores, também investigados, foram presos logo após o homicídio. O crime foi motivado por desacerto entre os membros da organização, que foi parcialmente esfacelada com a prisão de seu líder, em agosto de 2023.
Entre os alvos, um jornalista e proprietário de jornal digital no Rio de Janeiro, suspeito de ser o responsável pela contabilidade e gerência das contas bancárias.
Conforme apurado, os chefes da organização criminosa ostentavam padrão de vida elevado, com apartamentos e casas milionárias, viagens, carros luxuosos e veículos aquáticos. Em quatro anos, a organização movimentou mais de R$ 100 milhões por meio de dinheiro em espécie e transações bancárias feitas em contas de “laranjas” e testas de ferro, muitas delas empresas de fachada criadas apenas para movimentar o dinheiro advindo da atividade criminosa.
“A investigação apurou que em um período de quatro anos a situação financeira deles subiu absurdamente. O Gaeco está se concentrando na parte financeira e bancária dos alvos, então a análise será feita pelo grupo. Foi apreendido um valor bem elevado tanto em bens como em dinheiro e contas bancárias. Tudo será analisado para dar andamento na investigação”, afirma o delegado do Gaeco, Nilmar Manfrin da Silva.
O promotor Sandres Sponholz explica que, em relação à primeira fase da investigação, as medidas legais estão em processo. “Em relação à fase anterior, é importante destacar que foi ajuizada a ação penal em face daqueles investigados que foram presos e a partir da realização de buscas e análise de dados foram confirmados indicativos de autoria e materialidade de crime por associação criminosa, tráfico de drogas e outros crimes a fins”, afirma.