PCH Bela Vista está com50% das obras concluídas

A Pequena Central Hidrelétrica, que está sendo implantada no Rio Chopim, no Sudoeste, é um investimento da Copel e vai beneficiar cerca de 100 mil consumidores.
Publicação
23/06/2020 - 09:10

Confira o áudio desta notícia

A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Bela Vista, entre os municípios de Verê e São João, no Sudoeste do Estado, começa a tomar um contorno mais claro. As obras alcançaram cerca de 50% no começo de junho e a próxima fase é a construção da barragem na margem direita do Rio Chopim. Para aproveitar o fluxo das águas pela alça do rio que ficará com um trecho de oito quilômetros com vazão reduzida, está sendo instalada, também, uma casa de força complementar para manter o fluxo normal e ininterrupto das águas.

A PCH Bela Vista é um investimento da Copel e terá capacidade para produzir 29 megawatts (MW) a partir de uma queda estratégica de cerca de 15,5 metros – o limite de uma PCH é 30 MW. A obra orçada em cerca de R$ 217 milhões vai beneficiar cerca de 100 mil consumidores com energia elétrica. Só no canteiro há atualmente 380 funcionários diretos, mas o total de pessoas envolvidas no projeto ultrapassa 450.

A energia produzida por Bela Vista será encaminhada para o sistema através de uma linha de distribuição de alta-tensão de 138 mil Volts (kV) até a subestação da Copel em Dois Vizinhos, também no Sudoeste. A extensão da nova conexão é de 18 quilômetros. A autorização federal para construir e operar a PCH pertence à sociedade de propósito específico (SPE) Bela Vista Geração de Energia S.A. – subsidiária integral da Copel Geração e Transmissão.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior destaca que o investimento é parte de uma série de obras e programas que a Copel tem implementado no Paraná. “Bela Vista é uma obra com baixo impacto ambiental e reforça a geração de energia elétrica no Estado. A Copel parou de fazer investimentos em outros estados e está voltando seus recursos para ampliar as possibilidades de geração de energia, de emprego e renda no Paraná”, afirma.

“Geração representa cerca de 60% do escopo da Copel e esse é mais um ativo importante na nossa rede, como as usinas de Foz de Areia, Segredo e Salto Caxias. Há um novo panorama de geração de energia limpa com as pequenas centrais e o Paraná tem potencial imenso a ser explorado. É uma tendência porque nessas obras não há necessidade de grandes desapropriações e o potencial dos rios é preservado”, aponta Roberto Seara, diretor da SPE Bela Vista.

O projeto completo ainda prevê uma ponte de 200 metros sobre o Rio Chopim como contrapartida para a comunidade do entorno. “Estamos envolvidos há muitos anos nesse negócio. Temos a expectativa de reforçar a geração de energia no Sudoeste e de aumentar a zona de proteção ambiental em muitas áreas que antes eram formadas por lavouras e pastos com plantio de espécies nativas, além de cumprir o compromisso firmado com a comunidade local de implantar uma ponte rodoviária que soluciona um gargalo logístico de escoamento agrícola entre São João e Verê”, acrescenta Roberto Seara.

BELA VISTA – A implantação do empreendimento começou em agosto de 2019 a cerca de 12 quilômetros a jusante (rio abaixo) da foz do rio Santana e imediatamente a jusante da foz do rio Verê, onde havia uma fazenda. A operação inteira envolve três grandes contratos: engenharia para gestão e construção da usina, avaliação e desapropriação fundiárias e implantação de programas ambientais.

A obra em si prevê o desvio do fluxo do rio entre Verê e São João e a devolução do maior volume de águas, depois da geração de energia, para o mesmo rio. Esse percurso em linha reta tem aproximadamente um quilômetro. Enquanto isso, a casa de força complementar permite fluxo constante no leito até o encontro, novamente, com as águas restituídas que passaram pelo circuito de geração principal num percurso de cerca de oito quilômetros.

Os estudos iniciais indicam que o reservatório vai ocupar cerca 285 hectares, sendo que 210 já correspondem à área ocupada naturalmente pelo rio. A previsão de alagamento é de somente 75 hectares.

Na parte de construção civil estão em andamento as atividades de armação e lançamento de concreto nas estruturas permanentes no desvio do curso do rio, como o vertedouro e casa de força, localizados onde antes havia um morro de 30 metros de altura. As equipes trabalham na montagem dos condutos forçados que levarão a água até as turbinas para geração de energia e na terraplanagem de algumas estruturas secundárias.

As adufas para desvio temporário do Rio Chopim foram concluídas no começo de junho e o fluxo dele foi alterado para que a barragem na margem direita possa ser finalizada. Uma vez pronta, a estrutura inteira terá 400 metros de largura por 12,2 metros de altura.

Até o momento foram realizadas 200 detonações de rochas e cerca de 60 desapropriações. A programação envolve, ao todo, 35 mil metros cúbicos de concreto convencional e 18 mil metros cúbicos de concreto compactado com rolo. O próximo grande marco da obra é o início da montagem eletromecânica, prevista para o dia 8 de agosto.

GERAÇÃO – A PCH Bela Vista terá capacidade de engolimento de 200 metros cúbicos de água por segundo na capacidade máxima, com as três turbinas operando. A primeira fica pronta em fevereiro, a segunda em março e a terceira em abril de 2021. A expectativa é de término para implantação do empreendimento até junho de 2021.

“Temos 19 contratos no mercado regulado com distribuidoras de energia e eles vão começar a vigorar apenas em 2024 porque o leilão indicava que poderíamos usar seis anos para construir a PCH. Como antecipamos a obra vamos gerar energia para o mercado livre, provavelmente entre abril de 2021 a dezembro de 2023”, destaca o diretor da SPE Bela Vista.

“A usina de Bela Vista é um marco para a Copel porque antecipamos os prazos de instalação e vamos beneficiar diretamente o sistema elétrico brasileiro e a sociedade”, garante o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero.

CASA DE FORÇA COMPLEMENTAR – A casa de força complementar foi incorporada na barragem para manter a vazão sanitária para que o rio não perca o fluxo. Nesse caso haverá aproveitamento para gerar um adicional de energia de 0,48 MW.

PROTEÇÃO AMBIENTAL – Em maio teve início o programa de Resgate da Fauna da PCH Bela Vista. Uma equipe multidisciplinar integrada por biólogos, médicos veterinários, zootecnistas, engenheiro agrônomo e auxiliares realiza atividades em campo para afugentar ou, quando for o caso, capturar animais silvestres que estiverem na área reservatório durante os trabalhos de limpeza e retirada de vegetação.

Quando capturados, eles passam por processo de medição de tamanho, peso, identificação do sexo, idade reprodutiva, dentre outras características físicas. Se  necessário, passam por atendimento veterinário. Todos os animais silvestres resgatados são marcados com brincos, microchips, anilhas ou tinta fluorescente e soltos em áreas próximas de mata, de acordo com um plano de trabalho aprovado junto ao Instituto Água e Terra (IAT).

O Programa de Resgate de Flora também já começou e tem como objetivo coletar espécies vegetais que estão nos locais destinados à implantação do empreendimento para replantio na Área de Preservação Permanente (APP) do futuro reservatório. As plantas passam por um processo de triagem e poda antes de serem replantadas. Frutos e sementes das espécies encontradas são coletados e encaminhados para viveiros especializados em produzir mudas.

Com instalação da PCH, será recomposta uma faixa de 100 metros de vegetação nativa ao redor do reservatório, resultando em 290 hectares de mata preservada na APP - mais que o dobro da área de floresta atual.

Box

Projeto engloba ponte em comunidade rural

A Copel iniciou neste mês as obras da ponte que fará a ligação rodoviária entre os municípios de Verê e São João, no Sudoeste, atendendo a um compromisso firmado com a comunidade local durante as audiências públicas para construção da PCH Bela Vista. A previsão é de que a ponte seja liberada para o tráfego até março de 2021.

A ponte sobre o Rio Chopim terá extensão de 200 metros e estrutura de ferro e concreto. Ela será erguida no eixo onde atualmente a travessia acontece por balsa. As equipes trabalham na implantação do canteiro de obras, terraplanagem, cercamento da área e lançamento de material para as fundações.

Box 2

Paraná é um dos estados com o maior potencial energético

O governador Carlos Massa Ratinho Junior sancionou no fim de maio a lei que autoriza a construção e regularização de mais 15 empreendimentos hidrelétricos e de geração de energia no Paraná. São duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e 13 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), que somam 41,45 MW de potência instalada e serão construídas em 18 municípios. Desde o ano passado, o Governo do Estado já autorizou a instalação de 31 usinas desse porte.

O Paraná é um dos estados com o maior potencial energético do País. De acordo com a Associação Brasileira de PCHs e CGHs (AbraPCH), com estes 15 novos empreendimentos, serão 40 projetos no Paraná já aprovados e prontos para serem construídos entre 2020 e 2021.  Eles somam 180 MW de potência instalada, R$ 1,2 bilhão em investimentos e poderão gerar mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há 31 PCHs e 68 CCHs em operação no Estado, que somam 388 Megawatts (MW) de potência instalada, 6,3% do total do País.

“PCHs são obras menores, mas geram muitos empregos nas regiões de menor IDH, onde a agricultura não é mecanizada. O Paraná tem um potencial hidráulico muito grande e essas centrais energéticas ajudam a captar energia sem grandes linhas. E a questão do menor impacto ambiental, com reservatórios minúsculos e aproveitamento de quedas naturais”, explica o presidente do Conselho de Administração da AbraPCH, Pedro Dias.

Nos últimos cinco anos foram licenciados, nas categorias de Licença Ambiental Prévia (LP) e Licença de Operação de Regularização (LOR), 85 novos empreendimentos hidrelétricos, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo. Outros 300 outros empreendimentos estão em diferentes estágios de análise.

A pasta trabalha com um horizonte de 1.100 empreendimentos de geração de energia elétrica no Estado, incluindo CGHs, PCHs, Usinas Hidrelétricas (UHE), Termoelétricas (UTE), Usinas Eólicas (EU), Usinas Fotovoltaicas (UF) e Microgeração.

RETOMADA – O governador também defende que a construção de PCHs e de Centrais Geradoras Hidrelétricas CGHs é uma forma de garantir a retomada econômica após a pandemia do novo coronavírus. “Setores como o de energia e construção civil são estratégicos para a geração de mão de obra. São investimentos que não dependem do poder público, a não ser nas decisões administrativas dos órgãos que fazem a regulamentação e o licenciamento”, argumenta Ratinho Junior.

GALERIA DE IMAGENS