Criado em setembro de 2015, o Núcleo de Equoterapia da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) completa nove anos de atuação em 2024 como uma referência em práticas terapêuticas de reabilitação com o uso de cavalos no tratamento de pessoas com deficiências físicas, mentais, emocionais ou sociais. O espaço atende atualmente 105 pessoas no Campus Luiz Meneguel, em Bandeirantes, que praticam semanalmente técnicas de equitação para melhorar a coordenação motora, equilíbrio, força muscular, autoestima e a socialização.
O projeto foi idealizado pelo médico Raul Hidetoci Mioshi, que dá nome ao espaço, em conjunto com os professores do curso de Medicina Veterinária da UENP Francisco Souza e Thales Barreiros. A prática é conduzida por uma equipe multidisciplinar nas áreas de saúde e educação, que inclui fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e instrutores de equitação.
A infraestrutura do núcleo inclui uma área especialmente adaptada para garantir a segurança e a eficácia das sessões, com tratamentos personalizados de acordo com as condições e características de cada praticante. Além dos benefícios terapêuticos, o núcleo também desenvolve pesquisas e projetos de extensão voltados para a formação de novos profissionais e a disseminação do conhecimento sobre a equoterapia.
Segundo a professora Thaís Patelli, que coordena o projeto, o cavalo é o ponto-chave dentro de uma abordagem multidisciplinar. “Buscamos o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com alguma condição de saúde ou deficiência, seja ela física ou mental, nas áreas de educação, saúde e equitação”, afirmou.
O trabalho do Núcleo de Equoterapia da UENP é realizado em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Bandeirantes, a prefeitura, a Associação Anjo Azul e o Instituto Morro dos Anjos. “São essas parcerias que nos permitem trabalhar com uma equipe técnica treinada, para que nossos praticantes tenham o melhor atendimento”, enfatizou a coordenadora.
De acordo com a fisioterapeuta Suellen Tanaka, que integra o projeto, os principais benefícios, principalmente na área motora, são o fortalecimento muscular, o equilíbrio e o ajuste postural. “Através do movimento do cavalo, são transmitidos impulsos que passam pela medula espinhal levando até o sistema nervoso central que tem como resposta o movimento, o que ajuda muito a criança”, explicou.
VOLTA À ROTINA – O pequeno Joaquim Manzini Rocha, de seis anos, é uma das crianças assistidas pelo projeto. Ele teve uma lesão neurológica grave em decorrência de um atropelamento. Após 19 dias internado, recebeu alta e iniciou a equoterapia. De acordo com a mãe, Carolina Manzini, o menino saiu do hospital com muita dificuldade para caminhar tanto pela lesão quanto pelo tempo de internamento.
Para Carolina, a equoterapia tem sido fundamental no processo de recuperação do filho. “Além de ajudar com o equilíbrio, a força e a coordenação motora, o Joaquim voltou a ter uma rotina. Hoje ele pode correr, brincar, conversar do jeito que era antes do acidente”, acrescentou a mãe do paciente”, comentou Carolina.
Outra criança que frequenta o espaço é Lucca Barussi Carvalho, de seis anos. Segundo a mãe, Patrícia Barussi, a recomendação do tratamento veio através da escola. “Para o Lucca tem sido excelente. Ele era bem quieto, nervoso e hoje conversa mais, brinca e está mais tranquilo em sala de aula, aprende melhor. Os profissionais do projeto são muito atenciosos e cuidam tanto da criança quanto da família, tanto é que ele adora a equoterapia”, revelou Patrícia.