A aluna do 3° ano do Colégio Estadual Júlia Wanderley, de Jaboti, no Norte Pioneiro, Paula Eduarda de Lima, 16 anos, está perto de realizar um de seus maiores sonhos: frequentar uma das principais instituições do País. Ela ganhou, no mês passado, uma bolsa integral para estudar na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-Rio), instituição referência em pesquisa não somente no Brasil, mas também internacionalmente.
A conquista, alcançada por mérito (ocasião na qual o vestibulando atinge as melhores colocações entre os concorrentes), assegura ao estudante aprovado, não apenas a formação superior, mas também moradia e auxílio financeiro mensal: tudo por conta da instituição.
Moradora da área rural do município de Jaboti, Paula foi aluna da rede estadual de ensino desde a infância. Durante a vida estudantil, a proatividade em sala e as boas notas já chamavam a atenção dos colegas e professores.
Segundo Fernanda Siqueira, diretora do Colégio Estadual Júlia Wanderley, onde a jovem estudou desde o sexto ano, Paula arrebatou méritos desafiadores ao longo dos anos na escola, o que a levou ao rol dos alunos mais brilhantes que passaram pela unidade. “Ela se destacou principalmente nas matérias de ciências exatas, não somente pelas boas notas, mas também nas competições interescolares”, afirma.
Entre as premiações, Paula foi medalha de ouro por dois anos consecutivos (2018 e 2019) na pré-seleção para as Olimpíadas Internacionais de Matemática (OBM); recebeu menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMPE) nos anos de 2017, 2018 e 2019; ganhou a medalha de prata na OBMPE em 2021; ficou em segundo lugar no Concurso Redação Paraná Nota 10 – Agrinho; e recebeu a medalha Futuro Cientista na Olimpíada Brasileira de Bioteconologia (OBBiotec).
“Para nós não foi surpresa quando soubemos que ela ganhou a bolsa. Como aluna, Paula foi sempre dedicada e sonhava alto quando o assunto era a formação acadêmica”, diz Fernanda.
PREPARAÇÃO – Já nos últimos anos do Ensino Fundamental, Paula começou a preparação para o vestibular. “Eu preferi me adiantar, então estabeleci uma rotina de estudos. Eu estudava em torno de três horas por dia em casa, além do horário regular. No Ensino Médio, aumentei o tempo de estudos para cinco horas diárias, com alguns intervalos”, conta a aluna.
Depois do ingresso no 2° ano do Ensino Médio, Paula direcionou a atenção para as ciências exatas. “Ela se matriculou no curso de iniciação científica na Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde também se destacou. Foram os coordenadores do próprio curso que a indicaram ao programa da FGV. A instituição, então, entrou em contato perguntando se ela queria fazer o vestibular”, conta Fernanda.
A indicação garantiu à aluna o cursinho preparatório, pago pela própria FGV. No dia 15 de novembro a jovem prestou o vestibular, sendo aprovada com louvor e recebendo a bolsa. “Foi indescritível. Algo que parecia tão distante da minha realidade, de repente, tornou-se possível e alcançável. Tenho a sensação de dever cumprido”, afirma Paula.
Contando com o incentivo dos pais e de toda a comunidade escolar, Paula dá os primeiros passos em direção a nova etapa. Nos próximos meses, a aluna deve dar início à preparação para a mudança de rotina, agora longe da área rural paranaense. “O frio na barriga só não é maior que a vontade de realizar este sonho”, complementa.