O edifício do Museu de Arte de Londrina – antiga rodoviária da cidade – foi tombado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em maio. Aprovada pelos 22 membros do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, de forma unânime, a medida foi votada por meio de reunião virtual.
Com isso, a construção será inscrita no Livro do Tombo das Belas Artes, concluindo um processo iniciado em 2011, por iniciativa da Superintendência do Iphan no Paraná.
A superintendente-geral da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, ressalta a importância do tombamento para o Estado: "Este reconhecimento reforça o conjunto do patrimônio cultural do Paraná. Nossos parabéns a Londrina, que consegue elevar ainda mais o nome desses grandes arquitetos brasileiros", disse.
Reconhecida como Patrimônio Estadual do Paraná desde 1974, a antiga rodoviária é o primeiro bem localizado no Norte do Paraná a ser tombado nacionalmente. O edifício e sua área de entorno passam a contar com proteção nacional, sendo que eventuais intervenções no local devem ser previamente autorizadas pelo Iphan. A responsabilidade pela conservação, uso e gestão continua sendo do proprietário, no caso, a Prefeitura de Londrina. Isso vale para qualquer bem tombado, seja de uso público ou privado.
- Museu Paranaense prorroga exposição Educação pela Pedra até setembro
- Biblioteca lança livro sobre a história da produção curitibana de charges
MELHORIAS – Em 2020, o município realizou uma série de intervenções no Museu de Arte, tendo executado reparos no telhado e esquadrias; pintura completa; adequação dos equipamentos de segurança; revitalização do piso externo e calçada; substituição total de vidros; colocação de novos corrimãos e guarda-corpos; e impermeabilização de coberturas, muros e paredes, entre outras ações.
O investimento nesses trabalhos foi de R$ 1,2 milhão, com recursos próprios da prefeitura. As intervenções fazem parte do projeto de restauro contratado, em 2010, junto à empresa ArquiBrasil Arquitetura e Restauração.
“É uma notícia histórica. Esse local, a antiga rodoviária, foi o primeiro chão pisado por muitos que vieram para a nossa cidade. Parabéns a todos que lutaram por essa conquista, estou muito feliz por participar dela”, comemorou o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati.
O secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, afirmou que o reconhecimento do Museu de Arte como Patrimônio Cultural Nacional garantirá que as futuras gerações de londrinenses conheçam, vivenciem e se inspirem na história da cidade. “A conclusão desse processo é uma grande vitória, depois de 11 anos de trâmites. Com essa conquista, asseguramos a proteção de uma parte importante da memória da nossa cidade que, apesar de ainda não ter feito cem anos, conta com uma história arrojada e riquíssima”, pontuou.
A diretora de Patrimônio Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Solange Batigliana, destacou a importância do tombamento para a preservação da memória e reconhecimento do acervo existente em cidades brasileiras novas.
“De maneira geral, os bens tombados pelo Iphan costumam estar em cidades litorâneas do Brasil, ou em municípios fundados nos séculos XVI e XVII. O tombamento do Museu de Arte de Londrina é muito significativo por se tratar de uma obra localizada no interior novo. Além disso, essa é a primeira obra de Artigas a ser tombada nacionalmente, ajudando a preservar o legado de um grande expoente do modernismo, contemporâneo de Oscar Niemeyer" disse a diretora .
HISTÓRICO – O edifício do Museu de Arte de Londrina é um dos mais valiosos bens e símbolos culturais da cidade e representa um marco da arquitetura modernista no Paraná. Projetada em 1948 pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, a antiga rodoviária de Londrina foi inaugurada em 1952. Sua utilização como terminal interurbano e interestadual de ônibus ocorreu até 1988, quando foi substituída nessa função pela atual rodoviária. Desde 1993, o prédio sedia o Museu de Arte de Londrina.
No que tange às suas características arquitetônicas, a presença de um conjunto de sete cascas de concreto armado em forma de abóbada, onde antes funcionava o embarque e desembarque, é um dos aspectos mais marcantes da edificação. O contraste entre linhas curvas e retas e a transparência da fachada em vidro, entre outras características da obra, mostram que a intenção foi elaborar bem mais que um abrigo de ônibus: a construção pode ser considerada um símbolo do desenvolvimento e da modernidade.
Além do edifício do Museu, Londrina possui outras cinco obras projetadas por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, construídas entre 1948 e 1955: Cine Ouro Verde, Edifício Autolon, Casa da Criança, vestiários do Londrina Country Club e a casa do prefeito Milton Menezes. Assim como a antiga rodoviária, o edifício onde funcionava a Casa da Criança é de propriedade da Prefeitura, abrigando hoje a sede da Secretaria Municipal de Cultura e a Biblioteca Infantil de Londrina.