A exploração de água mineral, seja ela envasada para consumo ou produzida pelas empresas de turismo para fins de balneabilidade e hotelaria, movimentou economicamente 28 municípios de diferentes pontos do Paraná em 2022, com destaque para Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. A produção ultrapassou os 258 milhões de litros.
De acordo com o
, elaborado pela diretoria de Gestão Territorial do Instituto Água e Terra (IAT), o setor apresentou um crescimento de 38,8% na arrecadação oriunda da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) – passou de R$ 1.342.074,62 em 2021 para R$ 1.864.041,15 em 2022 (últimos dados disponíveis). A CFEM é a contrapartida paga pelas empresas mineradoras à União, estados e municípios pela utilização econômica dos recursos minerais.Quitandinha, sozinha, respondeu por um terço do total arrecadado via CFEM em 2022: R$ 616,6 mil. Toledo (14,5%), Foz do Iguaçu (9,3%), Almirante Tamandaré (6,4%) e Iretama (5,2%) foram outras cidades que tiveram destaque.
Ainda segundo o levantamento, há também exploração de água mineral, mesmo que em menor escala, em Iguaraçu, Rolândia, Cornélio Procópio, Santo Antônio do Sudoeste, Morretes, Missal, Bocaiúva do Sul, Maringá, Ponta Grossa, Peabiru, Santa Helena, Cascavel, Londrina, Verê, Guaraniaçu, Campo Largo, Paiçandu, Ipiranga, Mallet, Cândido de Abreu, Foz do Jordão, Francisco Beltrão e Castro.
“Buscamos, dentro do IAT, acompanhar e fiscalizar essa importante atividade econômica, colaborando com o desenvolvimento sustentável do Paraná. Preservar o meio ambiente, mas também gerar emprego e renda para os paranaenses”, afirma o diretor de Gestão Territorial do IAT, Ricardo Serfas.
O segmento mais importante na extração de água mineral, destaca o boletim, se concentra na produção e venda da água envasada, nos seus diferentes modelos (garrafa, garrafão, copo, garrafa de vidro). São 22 empresas responsáveis pelo recolhimento da CFEM no Estado.
Uma outra vertente diz respeito ao setor de turismo voltado ao lazer e hospedagem, com o aproveitamento das águas termais em resorts e parques aquáticos. Esses empreendimentos estão localizados nas regiões Centro, Oeste, Norte, Sudoeste e Centro-Sul (terceiro planalto paranaense), explorando o aquífero da formação geológica Botucatu. Destaque para os municípios de Iretama, Cornélio Procópio e Foz do Jordão, entre outros.
“O grau geotérmico normal da Terra gera um aumento de 1ºC na temperatura a cada 30 metros de profundidade. E aqui no Paraná encontramos água termal justamente nos arenitos do antigo deserto da formação Botucatu, geologicamente posicionada abaixo dos derrames vulcânicos da formação Serra Geral, a grandes profundidades, que ocorrem no terceiro planalto paranaense”, explica o geólogo do IAT, Marcos Vitor Fabro Dias.
LICENÇAS – O Instituto Água e Terra tem participação essencial no desenvolvimento do segmento mineral. É o órgão responsável pela emissão de Licença, Autorização ou Licenciamento Ambiental, obrigatórios para a concessão, pela Agência Nacional de Mineração, da área a ser utilizada para extração da água mineral. Desde 1993, foram quase 200 outorgas emitidas pelo órgão ambiental paranaense para envase de água.
Por meio dessa regulação, o IAT mantém o controle do número de captações de água e as respectivas vazões, de modo a impedir a superexploração dos recursos hídricos, bem como conciliar conflitos de uso entre diferentes empreendimentos ou, ainda, em situações de escassez ou de risco.
O Instituto visa também preservar a qualidade dos mananciais paranaenses através da avaliação dos efluentes lançados nos corpos hídricos e avaliação de análises físico-química e bacteriológica da água subterrânea, que são pré-requisitos para obtenção destes tipos de outorga.
COMO FUNCIONA – A extração de água mineral ocorre nos aquíferos localizados entre as camadas das rochas geológicas do Estado, sejam eles decorrentes das características naturais da porosidade e permeabilidade das rochas ou do seu fraturamento. A composição química da água depende da interação entre ela e as rochas que a armazenam.
“Se você tem um tipo de rocha que não tem muitos minerais, essa interação resulta em uma água mais pobre justamente no aspecto dos minérios”, afirma Dias.
Ele explica, contudo, que a geologia paranaense, em função da sua diversidade, favorece a exploração de água mineral com diferentes características químicas, dependendo do aquífero a ser explorado – atualmente são dez os principais aquíferos explorados no Estado, como o Guarani, Caiuá e Karst, entre outros.
“Primeiro temos que considerar que existem diferentes tipos de aquíferos, que são, geologicamente, locais onde se concentra ou existe água mineral passível de ser explorada. Ela está dentro de uma rocha, e essa rocha, quando está fraturada, cria espaços vazios, com permeabilidade e porosidade suficiente para ser explorável”, afirma.